"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de março de 2015

"E AGORA, JOSÉ? QUE A LUZ APAGOU?"

DÍVIDA DA PETROBRAS JÁ CHEGOU A US$ 137 BILHÕES, DIZ A MOODY’S




















A exposição dos bancos públicos à Petrobrás chega a US$ 27 bilhões, ou R$ 77,5 bilhões, em dívidas. A estimativa foi feita pela Moody’s, agência de risco que rebaixou o rating da Petrobras na última terça-feira, 3. Desse valor, US$ 16,3 bilhões, ou R$ 46,7 bilhões, estariam no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mostra cruzamento de dados feito pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O Banco do Brasil (BB) teria R$ 19,5 bilhões e a Caixa, R$ 11,3 bilhões. Nos cálculos da Moody”s, a dívida total da Petrobras está em US$ 137 bilhões, dos quais US$ 110 bilhões estão nas mãos de credores privados.
Os bancos públicos, com o BNDES à frente, foram fartamente utilizados para financiar a Petrobras, sobretudo na fase aguda da crise internacional e são vistos agora como uma das poucas saídas para dar fôlego financeiro à estatal.
De dezembro de 2005 a maio do ano passado, a Petrobrás contratou um total de R$ 63,6 bilhões em empréstimos junto ao BNDES, em diversos projetos, segundo levantamento feito no site da instituição de fomento.
Para justificar o apoio, o governo insistia no argumento de que a petroleira tinha baixo risco, mas o quadro vem mudando com as investigações da Operação Lava Jato e o atraso na divulgação do balanço financeiro – até hoje, a Petrobras não divulgou os resultados auditados do terceiro trimestre de 2014, um dos motivos apontados pela Moody’s para o rebaixamento.
PERDA DA RENTABILIDADE
À medida que a Lava Jato avança, cresce a preocupação do mercado com as dívidas de construtoras e fornecedores da cadeia de petróleo e gás. “Não é risco de quebra dos bancos, mas de perda de rentabilidade”, diz João Augusto Salles, analista da consultoria carioca Lopes Filho, especializado do setor financeiro.
Sob ameaça de calotes, explica Salles, os bancos, públicos e privados, terão que elevar os montantes que separam no balanço para arcar com perdas e, portanto, registrarão menos lucro.
Para as contas públicas, o risco maior é o Tesouro Nacional ser obrigado a fazer aportes para socorrer os bancos. Segundo o economista Gabriel Leal de Barros, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aportes podem significar aumento da dívida pública, piorando os indicadores do País e ameaçando o “rating” soberano do Brasil nas agências de risco. “Novas emissões de dívida podem ser necessárias para tapar esse buraco”, diz.
EXPOSIÇÃO EXAGERADA
O montante de empréstimos do BNDES para a Petrobrás é tão grande que o banco de fomento só não está irregular perante o Banco Central (BC) porque resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) permitem, desde 2008, flexibilizar o cálculo do limite de exposição a um único cliente.
Pelas regras, nenhum banco pode ter exposição (contando crédito, títulos de dívida, garantias, avais, fianças e ações) a um único cliente superior a 25% de seu patrimônio de referência, o que equivale a R$ 26,775 bilhões no caso do BNDES. A estimativa de R$ 46,7 bilhões com base nos cálculos da Moody”s não contabiliza os R$ 40,3 bilhões que o BNDES tinha em ações da Petrobrás em setembro de 2014.
Somados os valores, a exposição do BNDES à estatal seria de 81,2% do patrimônio de referência. A exceção nas regras permite que o BNDES considere como cliente distinto cada uma das subsidiárias das estatais “atuantes no setor petrolífero” e não inclua na conta dos limites as participações acionárias.
A Moody”s não calculou um valor específico para cada instituição financeira, mas analistas do banco de investimentos UBS sugeriram, em relatório da semana passada, que a exposição do BB seria de 2,8% da carteira de crédito normal, o equivalente a R$ 19,5 bilhões. Dados do balanço financeiro da Caixa apontam para uma exposição de R$ 11,3 bilhões.

(artigo enviado por Mário Assis)

16 de março de 2015
Vinicius Neder
Estadão

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