Enquanto Eike Batista e a ex-mulher Luma de Oliveira, mãe de Thor e Olin, têm bens apreendidos pela Polícia Federal, os ex-escudeiros do empresário não encontram motivos para reclamar.
Cada um dos executivos, como Marcelo Cheniaux, Adriano Vaz, Ricardo Antunes, Rodolfo Landim, Joaquim Martino, Paulo Gouvêa, Flávio Godinho, Dalton Nosé e Marcelo Faber Torres saíram do grupo X levando entre R$ 70 milhões e R$ 200 milhões.
Para especialistas, o que está em curso não surpreende. Conhecido por ser extremamente centralizador, Eike brilhou sozinho no apogeu, ainda que artificial, do grupo X. Agora, está pagando, também sozinho, pelos erros cometidos.
Antes da derrocada, Eike era o acionista controlador de todos os negócios do grupo. Fazia questão de dominar as situações, e nada podia avançar sem a bênção dele, conhecido por ser pouco democrático no trato diário com sócios e funcionários.
“É óbvio que Eike é o grande responsável por tudo o que aconteceu e deixou de acontecer”, sustenta o presidente da Strategos Soluções Empresariais, Telmo Schoeler.
Os amigos do peito, por ora, não tiveram a vida nem os bens devastados. A cúpula do grupo se rebelou a tempo de não afundar no mesmo barco do ex-chefe. Até aqui, o “salve-se quem puder” deu certo. “Não há dúvida de que o principal alvo de qualquer ação será o próprio Eike, que tem o maior patrimônio. Com certeza, com raras exceções, todas as transações e todos os contratos do grupo foram avalizados por Eike”, comenta Schoeler.
FAZ DE CONTA
Como o conglomerado X era apenas uma fantasia, o ex-bilionário seduziu executivos de empresas do porte da Vale e da Petrobras com pacotes de ações.
Quem aceitou a proposta e vendeu os papéis antes do colapso das companhias ganhou rios de dinheiro. Marcelo Faber Torres, diretor financeiro e de relações com investidores da OGX Óleo e Gás por cinco anos, acumulou fortuna de R$ 110 milhões.
Foi demitido um ano e meio antes da empresa afundar, após uma briga com Eike.
Flávio Godinho e Paulo Gouvêa, amigos de Eike por mais de uma década, têm hoje R$ 200 milhões e R$ 150 milhões, respectivamente.
Rodolfo Landim, antigo funcionário de carreira da Petrobras, entrou no sonho X com patrimônio de R$ 500 mil e o multiplicou por 240 em quatro anos, saindo com R$ 57 milhões.
Ricardo Antunes, Joaquim Martino e Dalton Nosé deixaram a Vale para se tornarem diretores da MMX – os dois primeiros ganharam R$ 57 milhões; Nosé acumulou R$ 115 milhões em dois anos e meio de trabalho.
Marcelo Cheniaux, Ricardo Antunes e Adriano Vaz pediram demissão quando o grupo começava a desandar, mas com a venda de ações ganharam pelo menos R$ 80 milhões.
ADEUS ÀS ILUSÕES
O desmanche dos bens de Eike e de seus herdeiros não atingiu a riqueza daqueles considerados braços-direitos dele porque, internamente, foi possível perceber, com antecedência, o fim da ilusão. “A turma próxima a Eike notou a tempo que o cenário não era bom, que algo estava estranho. Quem pôde pulou logo fora, já pensando em escapar de futuros problemas”, avalia o consultor Marcos Assi, especialista em auditoria interna com 30 anos de experiência.
Alguns dos contratados para o alto escalão do grupo, acrescenta Assi, passaram a se recusar, inclusive, a assinar documentos, temendo consequências drásticas. Ao menos para os mais bem-sucedidos parceiros de Eike, as fortunas do “X” se concretizaram.
Não à toa, a maior parte deles goza de um luxo conquistado às custas do mundo criado pelo ex-bilionário. “Eles se deram bem porque conseguiram se descolar da imagem de Eike, sempre muito controlador”, emenda Assi.
(texto enviado por Mário Assis)
26 de fevereiro de 2015
Simone Kafruni e Diego Amorim
Correio Braziliense
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