Ministro da Fazenda admite que economia pode ter encolhido em 2014, cenário que talvez se repita em 2015; país precisa voltar a investir
Em palestra para investidores nos EUA na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu que a economia brasileira pode ter encolhido em 2014, dado que será conhecido em março.
Analistas esperam nova queda do PIB em 2015, talvez de 1%. Se isso se confirmar, será não só a maior contração desde o Plano Collor como também uma inédita sequência de dois anos de recessão.
A experiência "desenvolvimentista" perseguida pelos governos petistas desde a crise de 2008, e reforçada no primeiro mandato de Dilma Rousseff, fracassou.
"Desenvolvimentismo", a rigor, é um termo infeliz. Busca contrastar uma política econômica pretensamente progressista com o rumo conservador que teria norteado as administrações de Fernando Henrique Cardoso e a primeira de Lula.
Se havia algum fundo de verdade nessa dicotomia, a prática dos últimos anos transformou a expressão numa caricatura, sinônimo de expansão desmedida de gastos públicos, interferências setoriais desastradas, leniência com a inflação e protecionismo como ferramenta anacrônica de industrialização.
Pelo menos desde 2011 a realidade global recomendava um curso distinto, mas o governo não foi capaz de perceber as novas circunstâncias --ou simplesmente não quis dar o braço a torcer.
A insistência no malfadado caminho não levou ao desenvolvimento, mas à inflação persistente, à desorganização das finanças e à redução do investimento e das possibilidades de crescimento.
À beira do abismo, Dilma mudou o rumo. A nova política econômica procura recolocar o país nos trilhos. O conserto das contas públicas é um passo essencial para evitar um colapso da qualidade de crédito brasileiro. Outro é o controle da inflação, infelizmente com aumento de juros, dados os desequilíbrios acumulados.
A junção de orçamento apertado com contenção monetária (além de restrições de energia e de água) reforçará a recessão em 2015. É a parte mais dolorosa do ajuste. Mas, se houver persistência e às medidas emergenciais forem adicionadas ações estruturais para destravar o investimento, será possível almejar bons resultados a partir do ano que vem.
A agenda positiva de simplificação tributária, maior previsibilidade nas ações do governo, retomada das concessões de infraestrutura e abertura econômica precisa ser adotada sem demora.
Que o Brasil combine deficit externo de 4% do PIB com crescimento zero é evidência de que consome mais do que pode e investe menos do que deve.
Na atual conjuntura, não é possível que o consumo continue puxando a economia; esse papel deve ser cumprido pelo investimento.
Em palestra para investidores nos EUA na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu que a economia brasileira pode ter encolhido em 2014, dado que será conhecido em março.
Analistas esperam nova queda do PIB em 2015, talvez de 1%. Se isso se confirmar, será não só a maior contração desde o Plano Collor como também uma inédita sequência de dois anos de recessão.
A experiência "desenvolvimentista" perseguida pelos governos petistas desde a crise de 2008, e reforçada no primeiro mandato de Dilma Rousseff, fracassou.
"Desenvolvimentismo", a rigor, é um termo infeliz. Busca contrastar uma política econômica pretensamente progressista com o rumo conservador que teria norteado as administrações de Fernando Henrique Cardoso e a primeira de Lula.
Se havia algum fundo de verdade nessa dicotomia, a prática dos últimos anos transformou a expressão numa caricatura, sinônimo de expansão desmedida de gastos públicos, interferências setoriais desastradas, leniência com a inflação e protecionismo como ferramenta anacrônica de industrialização.
Pelo menos desde 2011 a realidade global recomendava um curso distinto, mas o governo não foi capaz de perceber as novas circunstâncias --ou simplesmente não quis dar o braço a torcer.
A insistência no malfadado caminho não levou ao desenvolvimento, mas à inflação persistente, à desorganização das finanças e à redução do investimento e das possibilidades de crescimento.
À beira do abismo, Dilma mudou o rumo. A nova política econômica procura recolocar o país nos trilhos. O conserto das contas públicas é um passo essencial para evitar um colapso da qualidade de crédito brasileiro. Outro é o controle da inflação, infelizmente com aumento de juros, dados os desequilíbrios acumulados.
A junção de orçamento apertado com contenção monetária (além de restrições de energia e de água) reforçará a recessão em 2015. É a parte mais dolorosa do ajuste. Mas, se houver persistência e às medidas emergenciais forem adicionadas ações estruturais para destravar o investimento, será possível almejar bons resultados a partir do ano que vem.
A agenda positiva de simplificação tributária, maior previsibilidade nas ações do governo, retomada das concessões de infraestrutura e abertura econômica precisa ser adotada sem demora.
Que o Brasil combine deficit externo de 4% do PIB com crescimento zero é evidência de que consome mais do que pode e investe menos do que deve.
Na atual conjuntura, não é possível que o consumo continue puxando a economia; esse papel deve ser cumprido pelo investimento.
26 de fevereiro de 2015
Editorial Folha de SP
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