"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 28 de dezembro de 2014

O LIVRO QUE PRESTES DEU AO LULA

         
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Prestes criticava Lula pelo desprezo aos livros

No magnífico “Luís Carlos Prestes – Um Revolucionário Entre Dois Mundos”, editado pela Companhia das Letras, Daniel Aarão Reis conta que em novembro de 1986, já anistiado e reintegrado em seus direitos políticos, aos 88 anos, o velho comandante concedeu por quatro horas e meia detalhada entrevista ao programa Roda Viva, da TV-Cultura de São Paulo.
Sua metralhadora giratória não livrava ninguém na política nacional, a começar pelo então presidente José Sarney, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, as Forças Armadas e o Partido Comunista Brasileiro, do qual se desligara. Poupados, apenas Leonel Brizola e o Lula, aos quais ele visitou e com quem conversou diversas vezes. Apesar disso, não evitou farpas sobre os dois, um acusado de precipitação e o outro de “não querer estudar, pois em qualquer livro, não passa da página 17”…

A gente fica pensando porque o saudoso Cavaleiro da Esperança fixou-se no número 17, nada cabalístico. Certamente foi pela capacidade de observação e profundidade de Prestes, registrado por algum motivo especial junto às câmeras, no estúdio da TV-Cultura. Afinal, está provado que eles conversavam, mesmo bissextamente.

Daniel Aarão Reis não revela a chave para decifrar o enigma, mas se dermos asas ao cavalo branco da imaginação, tantos anos depois, quem sabe encontraremos alguma explicação numa espécie de premonição feita por Prestes? Mesmo sendo materialista convicto, recusaria uma incursão no reino do misticismo fantástico?

Isso porque, revelou-se na semana que passou, haver o Lula confessado a um amigo que depois dos seus oito anos de governo, mais oito de Dilma, perfazendo dezesseis, no décimo-sétimo ele imagina retornar à presidência da República para, então, promover no Brasil o que seria a concretização de seus sonhos, o coroamento de sua vida pública.

A partir daí, surge um mistério dentro do enigma. Para quê o Lula pretenderia voltar? Para repetir a performance de seus dois primeiros mandatos não seria, tendo em vista que Dilma, nos dois dela, dá a impressão de estar desfazendo tudo que o antecessor construiu, tornando-se missão impossível começar tudo de novo.

O primeiro-companheiro estaria buscando inspiração na cartilha de Luís Carlos Prestes, disposto a partir para a socialização dos meios de produção, a eliminação do latifúndio, a expulsão das multinacionais, a extinção do capitalismo e a proibição da existência dos ricos? Também não dá porque o relógio da História não anda para trás, além de o Lula jamais ter sido marxista, muito pelo contrário.

Qual o plano do ex-presidente, então, imaginando retornar aos 74 anos de idade? Sempre haverá a possibilidade de haver fechado na página 17 uma dessas biografias de Napoleão, uma das quais lhe terá sido presenteada por Prestes. Mas não seria a crônica da vida de Lenin? Quem sabe de Stalin?

É preciso audácia para alguém intrometer-se no apartamento do Lula, descobrir onde ele guarda seus raríssimos livros não lidos depois da página 17 e pesquisar as dedicatórias. Porque uma delas, desconfia-se, tem a assinatura do Velho e poderá servir para elucidar o que realmente deseja o candidato a voltar ao palácio do Planalto…

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