Maioria da população reprova serviços públicos de saúde
A maioria da população brasileira de 16 anos ou mais classifica como ruins e péssimos os serviços públicos e privados de saúde, mostra pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta terça-feira pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília.
Segundo o levantamento, 60% dos entrevistados deram notas de 0 a 4 para a saúde brasileira, na escala até 10. Esse percentual de descontentamento chega a 92%, se considerada a parcela dos entrevistados que deu nota de 5 a 7, que é classificada pelo Datafolha como indicativo de avaliação regular, segundo o CFM.
Do total de entrevistados, 30% disseram estar esperando algum tipo de atendimento na rede pública, como consultas, exames ou cirurgias, no momento da pesquisa, que foi realizada em junho. O levantamento mostra que, nesse grupo de pessoas que declararam estar esperando algum tipo de atendimento, quase um terço delas estava aguardando havia mais de seis meses.
Ainda no grupo de quem disse estar na fila à espera de algum tipo de atendimento, 22% revelaram possuir plano de saúde privado. Mesmo assim, recorreram ao SUS. Isso, segundo o CFM, sugere algum tipo de problema nos planos de saúde dessas pessoas. Um deles seria a não cobertura de determinados procedimentos, levando os clientes a buscarem o SUS.
Com relação à avaliação feita pelos entrevistados, o percentual de notas ruins ou péssimas atribuídas ao SUS é menor do que as atribuídas ao sistema de saúde em geral. Segundo a pesquisa, 54% da população ouvida classificou como ruins e péssimos os serviços do SUS – notas 0 a 4 -, ante 60% do sistema em geral. Considerando as notas de 5 a 7, classificadas como regulares, o percentual de desaprovação do SUS a 87%, ante 92% do sistema em geral.
Veja Também
- Dilma se recusa a responder pergunta sobre mensaleiros e admite serviço ruim na Saúde
O presidente do CFM, Roberto Luiz D’ávila, disse que a pesquisa retrata a percepção dos brasileiros acima de 16 anos e não é novidade para a classe médica. Para ele, o governo precisa investir mais no setor e administrar melhor os recursos.
— Nós temos certeza absoluta que esse atendimento é insatisfatório e prejudicial. Pacientes estão sendo penalizados. Mas, sempre que nós falamos, é levantada a possibilidade de um viés corporativo. Meu sentimento, como brasileiro, é que isso vai mal e precisa mudar. Não na base de decisões não estruturantes, paliativas, midiáticas — disse D’ávila.
Ele criticou a atuação dos governos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que a saúde piorou no Brasil nos últimos 12 anos.
Contrário ao programa Mais Médicos, o presidente do CFM disse que a pesquisa não tratou especificamente dessa iniciativa, que ele classifica como “eleitoreira”. D’ávila afirmou que evita falar sobre o assunto:
— Cada vez que a gente fala (no Mais Médicos), o ibope do Padilha, da presidente sobe.
O levantamento foi encomendado ao Datafolha pelo CFM e pela Associação Paulista de Medicina, que definiram os temas perguntados.
A pesquisa abordou a percepção dos entrevistados sobre o atendimento em postos de saúde e outros oito tipos de serviço, como cirurgias, exames de laboratório e internações hospitalares. Em relação aos postos de saúde, que é o local de atuação dos profissionais contratados pelo Mais Médicos, os entrevistados que relataram ter procurado postos de saúde nos últimos dois anos, 50% deles classificaram o acesso como difícil ou muito difícil.
D’ávila fez referência à entrevista concedida ontem por Dilma ao Jornal Nacional, da TV Globo, quando a presidente admitiu que o sistema de saúde no Brasil não pode ser classificado como minimamente razoável.
O presidente do CFM ironizou a declaração de Dilma:
— Já que a nossa presidente falou ontem que concorda que a Saúde não é minimamente razoável, acho até que ela teve acesso a esta pesquisa do Datafolha. Se não é minimamente razoável, é abaixo de razoável, é ruim e péssimo.
19 de agosto de 2014
Globo online
Nenhum comentário:
Postar um comentário