"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

MOVIMENTOS ESTRATÉGICOS PARA 2014



 
O ano de 2014 começa com algumas novidades que podem representar uma nova modulação nos cenários traçados, bem como a massiva confirmação de tendências delineadas.
A agenda para o Brasil continua a ser executada com facilidade, e como planejada poucas décadas atrás: fragmentação do tecido social, desarticulação e enfraquecimento das instituições nacionais, cooptação das lideranças e de grupos empresariais relevantes, inversão dos valores para dividir, implantação de uma nova educação doutrinariamente dirigida à fim de criar uma nova geração de pessoas “mais adequadas” a agenda, garantia do básico ao povo (pão e circo) para manter o apoio da massa sob controle, quebra do conceito de patriotismo, etc....
As pessoas mais informadas e esclarecidas justificadamente se revoltam, escrevem artigos, demonstram sua indignação, mas continuam sem articular de forma prática e eficaz instrumentos que as levem a concretizar seus objetivos. Os segmentos esclarecidos não conseguem se articular de forma organizada e coesa para planear uma reação. Tudo dentro do previsto.
Teremos este ano a Copa do Mundo e as eleições, em 2016 as Olimpíadas. Na série de artigos (três no total) que escrevi aqui no Alerta Total no ano passado com o título “A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR, OS GOVERNOS CIVIS E O CENÁRIO ATUAL” procurei discorrer sobre algumas fragilidades que tornavam nossa posição de segurança bastante vulnerável, inclusive para a execução da Copa do Mundo. Na ocasião comentei: “o ex-inspetor geral das Polícias e Bombeiros Militares do Brasil, general de brigada Cesar Leme Justo, atual chefe do CIE (Centro de Inteligência do Exército), pode ter uma enorme surpresa no dia que precisar invocar os laços com estas instituições”.
E foi precisamente o que aconteceu semanas depois do artigo ser escrito quando, num evento no Clube Militar de Belo Horizonte, os acessos foram bloqueados por manifestantes e os militares das três forças impedidos de entrar. As solicitações feitas pelos oficiais das FFAA aos policiais militares para que desobstruíssem a entrada foram solenemente ignoradas, como previsto no artigo.
Nos artigos citados comentei ainda sobre a presença e operação em território nacional de grupos guerrilheiros, unidades especiais de insurgência, grupos terroristas e do crime organizado. Adicionalmente expus a dificuldade de integração e cooperação entre os diversos órgãos de inteligência brasileiros, a falta de segurança adequada nos aeroportos e portos, a insuficiência de vigilância do espaço aéreo e das fronteiras terrestres, etc.....  O quadro mudou pouco, e para pior.
Alexandre Santana Sally, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf-SP), em publicação no site do Estadão de 07/02/14, afirmou que atualmente a Polícia Federal não tem condições de garantir a segurança durante a Copa do Mundo, que começará no dia 12 de junho. "Somos a favor de que a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas assumam sozinhas a segurança do evento", disse.
Segundo ele, o governo está tentando colocar atribuições à PF que não fazem parte de sua área de atuação. "Querem, por exemplo, que nós sejamos responsáveis pela escolta de delegações. É uma arbitrariedade", disse. Recentemente policiais federais em estado de greve fizeram um “algemaço” em SP. Os conflitos de interesse corporativo continuam, agravando as vulnerabilidades.
Temos ainda as manifestações populares. As conexões e extensões destes eventos começam a ficar claros hoje para o público, ainda que não seja surpresa alguma desde os idos de 2007. Ademais, a situação econômica do país se deteriora rapidamente, ocasionando, e tendo também como causa, a fuga de capitais devidamente orquestrados. Podemos ter em 2014 um quadro interessante de crise econômica, combinada com convulsão social e fragilidade das instituições de segurança.
Todavia, nem todos estão inertes. Os EUA reativaram em julho de 2008 a IV Frota da Marinha Americana responsável por patrulhar o Atlântico Sul. Na celebração para comemorar o fato o Almirante Gary Roughead (chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA) disse: “O foco da IV Frota estará nas ações humanitárias, mas que ninguém se engane: ela estará pronta para qualquer tipo de ação, em qualquer lugar e a qualquer momento”. Hoje existe ao redor do Brasil, na América Latina, cerca de 50 bases militares de forças estrangeiras, segundo levantamento do Centro de Estudos e Documentação sobre Militarização.
Em fevereiro de 2011 o coronel Edwin Passmore, oficial estadunidense, envolveu-se num episódio estranho na Argentina quando um avião militar americano pousou no país carregado de equipamentos inusitados, tais como: pacote completo de estupefacientes e narcóticos, além de softwares e material de interseptação de comunicações. Não tendo como justificar a presença deste “material” no avião o oficial, após uma refrega diplomática, viu-se obrigado a decolar de volta para os EUA. 
Em 5 de abril de 2012, foram concluídas no Chile as obras do Centro de Treinamento de Pessoal para Operações de Paz em Zonas Urbanas (grifo meu - observem bem o nome). Localizada em Forte Aguayo, em Concón, na região de Valparaíso, a base foi construída em 60 dias. Ademais, em 2013 tornou-se público que as atividades das autoridades brasileiras tem sido vigiadas de perto pela NSA (agência de inteligência estadunidense - sigint).
O que aconteceria se um evento de falsa bandeira, ou vários eventos “populares” seguidos de agitações sociais, desencadeados durante a realização da Copa do Mundo, levasse a comunidade internacional a acreditar que as forças policiais nacionais não poderiam garantir a segurança das delegações estrangeiras participantes? 
Suspenderiam a Copa? Ou pressionariam o Brasil a aceitar apoio internacional, talvez apelando a ONU para ajudar a garantir a segurança? O governo do PT faria isso? E se, por uma questão de ritmo, isto acontecer nas Olimpíadas de 2016?
Veja, não se trata aqui de fazer vaticínios, mas em estratégia os vários cenários devem ser pensados, previstos e considerados.
Alguns percebem situações de forma diferente de outros. O PT pensa que é ator, mas será que não é, inadvertidamente, meramente um coadjuvante descartável?
 
Releia os artigos:
A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR, OS GOVERNOS CIVIS E O CENÁRIO ATUAL:

 
26 de fevereiro de 2014
Luiz Antonio Peixoto Valle é Administrador de Empresas.

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