Rejeição a Sérgio Cabral é tema da 'The Economist'. Crise no governo do Rio, estado mais atingido pelas manifestações de rua, e derrocada do governador estão na edição desta semana da revista britânica
Sérgio Cabral é observado por aliados em entrevista no bairro de Campo Grande (Carlos Magno/Divulgação-Governo do Estado do Rio de Janeiro)
A queda de popularidade do governador do Rio, Sérgio Cabral, e os três meses de protestos no estado são tema de uma reportagem da revista The Economist desta semana. A publicação britânica, de circulação mundial, destaca na reportagem "De herói a vilão no Rio" a brusca escalada da rejeição a Cabral, reeleito com 66% dos votos em 2010 e com meros 12% de aprovação a seu governo, de acordo com uma pesquisa a última pesquisa Ibope – instituto não citado pela reportagem.
A Economist atribui parte do sucesso anterior do governador ao momento de euforia da economia brasileira e credita às políticas de segurança grande parte da aprovação popular mantida por Cabral até junho deste ano, quando eclodiram os protestos de rua em todo o Brasil. Apresa de citar os avanços em parte das favelas cariocas, beneficiadas com o programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), a matéria mostra como velhos problemas ligados às forças de segurança ainda assombram o estado, como a morte de nove pessoas no Complexo da Maré, em junho, dois dos quais inocentes. A ação, deflagrada após a morte de um policial do Bope, é citada como uma espécie de vingança desastrada das forças policiais do estado.
Outro episódio crítico mencionado pela revista é o desaparecimento do pedreiro Amerildo, visto pela última vez no dia 14 de julho, quando foi conduzido para a UPP da favela da Rocinha. Amarildo virou uma espécie de mártir da revolta popular, sendo citado até em protestos no estado de São Paulo.
A publicação cita ainda a dificuldade de expansão do programa de UPPs – carro-chefe da política de segurança de Cabral – como um desafio para a manutenção do poder com o grupo político atual. Segundo a reportagem, moradores de áreas fora do eixo turístico do Rio sabem que podem ter que esperar até uma década para ter acesso aos benefícios levados a favelas como o Morro Dona Marta e o Complexo do Alemão, e temem, com isso, um aumento da violência urbana alimentado pela fuga de bandidos que escapam das ocupações para criação das novas unidades da polícia.
A reportagem é concluída com uma reflexão sobre o futuro político de Cabral e do estado: a partir de agora, os moradores do Rio querem mais que segurança para entregar seu voto ao próximo governador.
Rio de Janeiro - Manifestantes acendem sinalizadores e cobrem o rosto durante um protesto
no centro
14 de setembro de 2013
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