Em recente conversa, em pleno Palácio do Planalto, um grande empresário desabafou, reservadamente, que a "burrice do populismo" impede o governo de tomar qualquer medida que possa atingir o pleno emprego.
Tivesse feito a análise publicamente, seu dono seria alvo de críticas ferozes do Planalto e do PT, que celebram a baixa taxa de desemprego e a renda salarial em alta.
De fato, são conquistas dignas de comemoração. Só que não foram seguidas de outras que garantissem equilíbrio econômico, permitindo ao país crescer sem gerar inflação.
Esse era o ponto de reflexão do empresário. Ele não defendia aumentar o desemprego, como petistas de forma reducionista reagem a esse tipo de análise, mas queixava-se de que o governo não havia conseguido elevar o investimento.
Na opinião do empresário, para corrigir seus erros, a presidente teria de adotar medidas amargas ou se contentar com crescimento fraco.
Ficou com a segunda opção. O resultado do PIB do segundo trimestre, divulgado na semana passada, foi uma surpresa positiva, mas não vamos crescer acima de 2,5%.
Assessores mais realistas admitem que, hoje, o Brasil não tem como crescer mais do que 2,7% por ano sem causar desequilíbrios, como pressões inflacionárias.
Pode-se dizer que não é uma tragédia e será suficiente para reeleger Dilma presidente. Mas é pouco para um país que tem de crescer ao menos 4% a fim de pagar sua enorme dívida social e superar gargalos.
Agora, diante da piora do cenário econômico, o Planalto corre contra o tempo. O dólar está pressionado, a inflação tende a subir e a Petrobras quer aumento na gasolina. Tudo a exigir reações da presidente.
Há quem defenda postergar decisões à espera de dias mais calmos, erro recorrente deste governo. Melhor fazer toda maldade já, como subir a dose de juros, deixando o ano da reeleição mais leve. A conferir.
02 de setembro de 2013
Valdo Cruz, Folha S.Paulo
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