"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

NOVO ANO VELHO... QUANDO A INDIGNAÇÃO VIRA HÁBITO, E O ABSURDO VIRA ROTINA...

        Há uma mesmice política que não é só repetição de nomes ou discursos — é repetição de gestos vazios. Muda o palco, trocam-se os figurinos, mas o roteiro permanece intacto. 

        Promessas recicladas, indignações seletivas, moral de ocasião. Tudo dito com a solenidade de quem não pretende cumprir nada.

        O cansaço não vem do conflito de ideias — isso seria até saudável. Vem da hipocrisia normalizada, do cinismo elevado a método, da mentira dita sem vergonha e ouvida sem espanto. Cansa fingir surpresa. Cansa fingir esperança. 

        Cansa a encenação contínua de que algo essencial está para mudar, quando o sistema inteiro trabalha para que nada mude de verdade.

         É um esgotamento mais fundo que a raiva: é desalento. Uma fadiga ética. Como se o país estivesse preso num eterno déjà-vu, onde o futuro é sempre anunciado, mas nunca chega — apenas se adia, eleição após eleição, discurso após discurso.

        Talvez o mais triste não seja a hipocrisia em si, mas o quanto ela já não escandaliza. Quando a indignação vira hábito, e o absurdo se torna rotina, o risco maior é esse: aprender a conviver com o que deveria ser inaceitável.

29 de dezembro de 2025

prof. mario moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário