"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

FAZ FALTA A ESTE PAÍS A OBSESÃO DE BRIZOLA PELA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS

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CIEP era o modelo ideal de educação que o Brasil abandonou
O povo brasileiro vem sofrendo de todos os lados, por isso mencionei aqui na “Tribuna da Internet” que as ideias de Marx e Engels são imortais, em face de mover as pessoas em busca de diminuir a desigualdade social e de serem menos exploradas, como ainda acontece com a maioria dos habitantes deste planeta. Uma em cada dez pessoas, ou 767 milhões no mundo todo, sobrevivem com menos de US$ 1,90 por dia, segundo a mais recente estimativa do Banco Mundial (2017). Ou seja, 10% das pessoas não conseguem alimentação adequada e enfrentam dificuldades terríveis.
Aqui no Brasil, o antigo PTB – de Vargas, Jango, Brizola e outras figuras proeminentes – evidentemente que não seguiu as diretrizes marxistas, mas havia a busca do socialismo moreno, um sistema unicamente brasileiro, na concepção de Darcy Ribeiro sobre o Trabalhismo.
DEU EXEMPLO – Brizola cedeu parte de suas terras para uma reforma agrária no Rio Grande do Sul, gesto típico de quem se preocupava em diminuir a pobreza do povo. Outra medida de Brizola foi a encampação da empresa norte-americana Bond and Share.
Faltava energia para as indústrias e para a cidade de Porto Alegre. Brizola tinha definido como meta dotar o Rio Grande do Sul de energia necessário ao desenvolvimento e de um moderno sistema de comunicações.
A Companhia Elétrica Riograndense, filial da Bond and Share, estava com a concessão vencida e não se dispunha a realizar novos investimentos, a menos que o governo aceitasse suas exigências de liberação das tarifas e concessão de mais 35 anos. Por isso Brizola decidiu encampá-la.
EDUCAÇÃO – Brizola multiplicou a quantidade de escolas no Estado, criando uma rede de ensino primário e médio que atingiu os municípios mais distantes, inclusive nas zonas do pampa, de baixa densidade populacional, criando 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios, colégios e escolas normais, totalizando 6.302 novos estabelecimentos de ensino. Abriu 688.209 novas matrículas e admitiu 42.153 novos professores!
Ora, em nenhum país do mundo onde o comunismo foi implantado, houve tamanha preocupação com a melhoria do sistema educacional, na intensidade do programa implantado por Brizola e pelo PTB, em apenas quatro anos.
Conforme minhas experiências de uma vida às vésperas de 70 anos, eu diria que, sendo ou não intenção do Trabalhismo, as medidas levadas a efeito para benefício da população gaúcha foram uma espécie de aperfeiçoamento das ideias de Marx, que nunca tinham sido colocadas em prática em sistema democrático com a amplitude do programa de Brizola.
NO RIO, O CIEP – Brizola, apesar daqueles que o criticam por criticar, sem fundamentos quaisquer, sempre esteve adiante do seu tempo, como demonstra sua preocupação até certo ponto obsessiva com o Ensino de qualidade, de promover o aprendizado às crianças e aos jovens, pois seriam a esperança de um mundo melhor, de um país não tão desigual.
Brizola tentou dar sequência ao seu plano educacional ainda mais aperfeiçoado que no RS, ao ser eleito governador duas vezes do estado do Rio.
Junto com Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, criou os CIEPS, de ensino integral, uma nova prática de acolher as crianças durante o dia, fornecendo-lhes estudo, lazer, alimentos e cuidados médicos e odontológicos. Na cobertura, uma residência para soldado da PM ou bombeiro, para viver com sua família e abrigar crianças de rua.
ALGO DE NOVO – Era uma espécie de socialismo moderno e democrático, diferente de regimes ditatoriais que tinham como realidade o aprisionamento do povo, suas liberdades cerceadas, seus bens confiscados.
A revolução feita naquela época pelo então PDT, trazia consigo a verdadeira mola-mestra para impulsionar o povo dentro de duas décadas: a educação às crianças, que atingiriam a fase adulta muito mais bem preparadas que seus pais!
Evidente que os conservadores, os defensores do sistema em que o povo existe para obedecer e outorgar poderes, e jamais ser estimulado a se desenvolver, bombardearam os planos de Brizola neste sentido. Minaram os CIEPS, a ponto que o povo renegou Brizola nas eleições presidenciais, mesmo sendo ele o único governante no Brasil que trouxe avanços na educação, uma nova visão de ensino, cujo objetivo era o futuro!
ALIADO AO PT – Em face desta derrota para as crianças, desta traição de nossos governantes aos nossos filhos, tenho criticado enfaticamente o PDT quando se alinhou com o PT, participando diretamente no governo petista.
Por que digo isso? Porque o PDT deveria exigir do PT, em troca do seu apoio político, a retomada da construção dos CIEPS, o grande plano nacional de educação, que havia sido eliminado por interesses alheios ao progresso do cidadão.
O PDT se encolheu, murchou, e não se impôs sequer em nome da sua tradição na área educacional, hoje o maior problema brasileiro com a quantidade estagnada de analfabetos absolutos e funcionais, que impede mão de obra de qualidade e uma população que não fosse tão ignorante quanto à nossa!
SOCIALIZAÇÃO – Brizola sabia disso, antevia esta crise que nos esmagaria diante de uma realidade que o gaúcho tinha certeza que seríamos vítimas!
Definitivamente o Trabalhismo não era marxista, não o modo como foi implantado, mas tinha como objetivo socializar o povo no que diz respeito às suas necessidades, tais como educação, saúde e paz, que seria obtida naturalmente por essas duas condições vitais: educação de qualidade e uma saúde que atendesse a demanda. Era o básico para criar um Brasil melhor, muito melhor.

05 de abril de 2019
Francisco Bendl

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