A tecnologia cada vez mais acessível permite maior igualdade de condições
A globalização nada mais é do que a divisão do trabalho sendo levada a uma amplitude global. A globalização é a difusão da cooperação humana ao redor do globo.
Caso não seja bloqueada por restrições governamentais — como tarifas de importação, barreiras não-alfandegárias, e cotas que especificam um número máximo de produtos que podem ser importados —, esta cooperação tende a se difundir naturalmente, sem prestar atenção às fronteiras políticas.
Por isso, o maior obstáculo à difusão da cooperação humana através das fronteiras sempre foi a política — em particular, a pressão (difícil de resistir) sobre cada governo feita pelo lobby da indústria nacional, que quer se proteger da concorrência dos produtores externos por meio da imposição de tarifas e de cotas de importação.
Ainda assim, mesmo com toda a intromissão dos governos, é notável o avanço ocorrido em nosso padrão de vida gerado por essa divisão do trabalho em escala global. No campo tecnológico, os avanços são nada menos que impressionantes.
Comecemos pelos cada vez mais onipresentes smartphones. De acordo com uma pesquisa da Pew Research Center, nos EUA, 72% da população adulta possui um. Na Coréia do Sul, o número é de impressionantes 88%. Já no Brasil, país muito mais fechado às importações, a porcentagem é de 41%. No Chile, bem mais aberto, sobe para 65%.
O fato de cada vez mais pessoas terem acesso a esta tecnologia é explicada pela sistemática queda de seus preços. Mas isso não ocorre apenas para os telefones celulares inteligentes; engloba todos os outros produtos de setor, como notebooks, serviços de internet, e softwares de computadores
No gráfico abaixo, cotado em dólares, pode-se ver esta contundente realidade: a tecnologia está cada vez mais barata e cada vez mais ao alcance de todos (quando o governo não erige barreiras). Nos últimos 20 anos, os computadores pessoais, em dólares, baratearem nada menos que 96,1%. Ou seja, comprar hoje um notebook custa apenas 3,9% do preço que custava em 1997. [N. do E.: a tabela abaixo foi elaborada pelo economista argentino Iván Carrino]
Os preços da tecnologia da informação, no geral, despencaram 88,4%, ao passo que os equipamentos de telefonia caíram 79%. Já os softwares baratearam 67,1% e os serviços de internet, 23,1%.
E a coisa fica ainda mais impressionante: tudo isso ocorreu em um contexto de inflação de preços nos EUA: de 1997 a 2017, o índice de preços ao consumidor subiu 50%. Ou seja, em termos reais, a queda nos preços da tecnologia foi muito maior.
Porém, isso ainda não é nada comparado à evolução dos últimos 40 anos.
Tornando tudo ainda mais impressionante
Na figura abaixo, há duas televisões a cores anunciadas em um catálogo da Sears para o natal de 1964. A foto foi retirada do website Wishbook Web.
Os preços originais da época estão listados: US$ 750 para o primeiro modelo e US$ 800 para o segundo. Esses valores de 1964 foram convertidos para valores de 2016 utilizando a calculadora da inflação do Bureau of Labor Statistics.
Em suma: US$ 750 dólares em 1964 equivaliam a US$ 5.800 em 2016. Isso significa que uma TV de 21 polegadas custava, em 1964, o equivalente hoje a US$ 5.800 (R$ 18.270). Já o segundo modelo, mais trabalhado, custava em 1964 o equivalente a US$ 6.200 (R$ 19.530).
Para colocar isso em perspectiva, compare os valores acima com os valores da figura abaixo, a qual mostra o que US$ 5.800 (R$ 18.270) comprariam no mercado de 2016 utilizando os preços vigentes da Sears e do Best Buy:
Ou seja: um indivíduo em posse de US$ 750 em 1964 conseguiria comprar apenas uma TV a cores de 21 polegadas.
Hoje, um indivíduo em posse desta mesma quantia ajustada pela inflação (US$ 5.800 ou R$ 18.270) seria capaz de:
1) mobiliar toda a sua cozinha com cinco eletrodomésticos de novos em folha (geladeira, fogão e forno, lava-roupas, secadora e um enorme congelador);
2) comprar sete equipamentos eletrônicos de última geração: notebook Toshiba Satellite de 15,6 polegadas; um GPS Garmin de 5 polegadas; uma câmera fotográfica Canon EOS Rebel T5i DSLR; um Home Theater Sony 1,000 Watt 5.1-Channel 3D Smart Blu-Ray; uma Smart HDTV Samsung de 55 polegadas; um iPod Player Apple Touch de 64GB (6ª geração); e um iPhone 7 Plus da Apple.
E quando mensurado em termos de "horas de trabalho" necessárias para comprar todos os itens acima levando-se em conta o salário médio, há uma enorme diferença entre 1964 e hoje. Para comprar a televisão de US$ 750 em 1964, seriam necessárias, a um americano médio, 293 horas de trabalho ao salário médio da época (US$ 2,56 por hora em novembro de 1964). Isso equivalia a 7,33 semanas ou quase dois meses inteiros de trabalho para ganhar o suficiente para comprar a televisão.
Hoje, o americano médio precisa trabalhar apenas 23 horas ao salário médio de US$ 21,73 por hora para conseguir o suficiente para comprar Smart HDTV da Samsung por US$ 500 (R$ 1.575). Um notebook de US$ 400 (R$ 1.260) custa apenas 18 horas de trabalho (2,25 dias). E um iPod Touch requer apenas 13 horas de trabalho (1,63 dias).
No geral, os preços de vários bens de consumo importante desabaram. Coisas como fogão, geladeira, televisão e todos os tipos de sistemas de entretenimento doméstico, lava-louças, churrasqueiras, microondas, forno elétrico, panelas especiais, torradeiras, esteiras de ginástica, aspiradores de pó etc. ficaram 76% mais baratos, em média.
Os preços de vários utensílios domésticos caíram 81% entre 1960 e 2013 em termos de horas de trabalho necessárias para comprar esses itens.
Mas tais benefícios podem ser sentidos majoritariamente apenas em países abertos ao livre comércio. Quem mora em países que aplicam tarifas protecionistas e possuem moedas fracas não pode usufruir igualmente dos benefícios criados por esse progresso tecnológico.
Progresso impressionante gerado pela globalização
Eis o que é realmente impressionante e que ilustra perfeitamente o progresso econômico feito nos últimos 50 anos: mesmo um bilionário em 1964 não seria capaz de comprar a maioria dos itens acima, os quais hoje um cidadão médio de países que praticam o livre comércio (que não é o caso do Brasil) consegue comprar, como notebook, iPhone, iPod e Smart TV.
Isso só se tornou possível por causa da divisão do trabalho em escala global e da especialização da mão-de-obra. Boa parte destes itens baratos — como TVs, notebooks e eletrodomésticos — são fabricados e montados em países em desenvolvimento, cujos custos trabalhistas são menores que nos países ricos. Isso é um exemplo das poderosas forças do comércio internacional e da concorrência global: o capital é direcionado para onde os custos são menores e os retornos são maiores. E, em troca, gera produtos cada vez melhores a preços cada vez menores.
Cada um dos trabalhadores espalhados pelo mundo faz parte de um mercado tão vasto e abrangente, que passa a ser vantajoso para muitos empreendedores e investidores organizarem operações de produção altamente especializadas, as quais são lucrativas somente porque o mercado para seus produtos é grande. Ao expandir os mercados para além das fronteiras políticas, as empresas podem aproveitar melhor as vantagens daquilo que os economistas chamam de "economias de escala", possibilitando assim que os consumidores usufruam preços mais baixos.
Esta especialização tanto do trabalho quanto da produção, ao longo de diferentes setores ao redor do mundo, é exatamente fenômeno da globalização.
Por isso, o comércio global é simplesmente uma maneira fantástica de se obter vantagem dos métodos de produção de mais baixo custo e de maior especialização. E não interessa se essa produção ocorre dentro ou fora daquelas linhas imaginárias que delimitam cidades, estados e países. Havendo livre comércio, o consumidor sempre será o beneficiado final.
Na prática, quando consumidores compram produtos importados, eles estão simplesmente escolhendo recorrer aos métodos de produção mais baratos disponíveis para ele: eles trabalham naquilo em que são bons em troca de um salário, e então transformam esta sua renda, por meio do livre comércio, em bens de consumo próprio. Assim, o livre comércio permite que cada trabalhador tenha a liberdade de "fabricar" seus próprios bens de consumo.
Em alguns momentos, os consumidores comercializam com pessoas dentro de suas fronteiras. Em outros, comercializam com estrangeiros. Porém, em todos os casos, essas transações representam os mais baratos métodos de produção disponíveis para os consumidores. Por que um governo deveria bloquear esta liberdade?
A tecnologia gera inclusão — mas só se o governo permitir
A globalização, portanto, aprofundou as inovações tecnológicas, as quais, estimuladas também pela concorrência global, estão baixando os preços dos bens tecnológicos e melhorando as possibilidades de consumo para um número cada vez maior de pessoas.
Neste sentido, a inovação é um fator primordial em termos de inclusão: ela aumenta a possibilidade de todos serem empreendedores. A queda nos preços da tecnologia e nos custos da comunicação — hoje, com o WhatsApp, a comunicação é gratuita — funciona como a remoção de uma barreira ao estabelecimento de novas empresas e empreendimentos.
Atualmente, os computadores e os smartphones são o principal insumo produtivo em qualquer estabelecimento comercial ou de serviços. Tendo apenas um depósito de estoques, uma mercadoria para vender, e um ou vários computadores (ou smartphones), é possível armar um importante negócio de distribuição e venda por meio da internet. [N. do E.: na atual situação brasileira, é para aí que boa parte das pessoas estão indo]
Quanto mais baratos os computadores e os serviços de internet e de comunicação, mais crescerá este setor da economia, mais micro e pequenas empresas surgirão, e mais gente entrará para o mercado de trabalho destes setores.
Pense na quantidade de empresas que podiam crescer quando um computador custava US$ 10.000 (R$ 31.500). Agora pense em quantas podem surgir e crescer quando seu preço é de US$ 400 (R$ 1.260).
Tamanha redução nos custos da comunicação e nos do processamento da informação traz um impacto notável na produtividade das empresas. Isso torna ainda mais imperativo os governos dos países em desenvolvimento saírem do caminho e liberarem o comércio internacional, exatamente para que as pessoas destes países possam usufruir da estupenda queda de preços ocorrida nos produtos tecnológicos.
Mais tecnologia acessível significa menos entraves à criatividade empreendedorial. E esta é a chave do crescimento econômico e do aumento na qualidade de vida das pessoas.
Não temamos o avanço tecnológico. Agradeçamos a ele, e ao sistema econômico que o permite, pela incrível melhoria na qualidade de vida que nos trouxe e que nos continuará trazendo.
26 de novembro de 2018
Donald Boudreaux
Caso não seja bloqueada por restrições governamentais — como tarifas de importação, barreiras não-alfandegárias, e cotas que especificam um número máximo de produtos que podem ser importados —, esta cooperação tende a se difundir naturalmente, sem prestar atenção às fronteiras políticas.
Por isso, o maior obstáculo à difusão da cooperação humana através das fronteiras sempre foi a política — em particular, a pressão (difícil de resistir) sobre cada governo feita pelo lobby da indústria nacional, que quer se proteger da concorrência dos produtores externos por meio da imposição de tarifas e de cotas de importação.
Ainda assim, mesmo com toda a intromissão dos governos, é notável o avanço ocorrido em nosso padrão de vida gerado por essa divisão do trabalho em escala global. No campo tecnológico, os avanços são nada menos que impressionantes.
Comecemos pelos cada vez mais onipresentes smartphones. De acordo com uma pesquisa da Pew Research Center, nos EUA, 72% da população adulta possui um. Na Coréia do Sul, o número é de impressionantes 88%. Já no Brasil, país muito mais fechado às importações, a porcentagem é de 41%. No Chile, bem mais aberto, sobe para 65%.
O fato de cada vez mais pessoas terem acesso a esta tecnologia é explicada pela sistemática queda de seus preços. Mas isso não ocorre apenas para os telefones celulares inteligentes; engloba todos os outros produtos de setor, como notebooks, serviços de internet, e softwares de computadores
No gráfico abaixo, cotado em dólares, pode-se ver esta contundente realidade: a tecnologia está cada vez mais barata e cada vez mais ao alcance de todos (quando o governo não erige barreiras). Nos últimos 20 anos, os computadores pessoais, em dólares, baratearem nada menos que 96,1%. Ou seja, comprar hoje um notebook custa apenas 3,9% do preço que custava em 1997. [N. do E.: a tabela abaixo foi elaborada pelo economista argentino Iván Carrino]
E a coisa fica ainda mais impressionante: tudo isso ocorreu em um contexto de inflação de preços nos EUA: de 1997 a 2017, o índice de preços ao consumidor subiu 50%. Ou seja, em termos reais, a queda nos preços da tecnologia foi muito maior.
Porém, isso ainda não é nada comparado à evolução dos últimos 40 anos.
Tornando tudo ainda mais impressionante
Na figura abaixo, há duas televisões a cores anunciadas em um catálogo da Sears para o natal de 1964. A foto foi retirada do website Wishbook Web.
Os preços originais da época estão listados: US$ 750 para o primeiro modelo e US$ 800 para o segundo. Esses valores de 1964 foram convertidos para valores de 2016 utilizando a calculadora da inflação do Bureau of Labor Statistics.
Para colocar isso em perspectiva, compare os valores acima com os valores da figura abaixo, a qual mostra o que US$ 5.800 (R$ 18.270) comprariam no mercado de 2016 utilizando os preços vigentes da Sears e do Best Buy:
Ou seja: um indivíduo em posse de US$ 750 em 1964 conseguiria comprar apenas uma TV a cores de 21 polegadas.
Hoje, um indivíduo em posse desta mesma quantia ajustada pela inflação (US$ 5.800 ou R$ 18.270) seria capaz de:
1) mobiliar toda a sua cozinha com cinco eletrodomésticos de novos em folha (geladeira, fogão e forno, lava-roupas, secadora e um enorme congelador);
2) comprar sete equipamentos eletrônicos de última geração: notebook Toshiba Satellite de 15,6 polegadas; um GPS Garmin de 5 polegadas; uma câmera fotográfica Canon EOS Rebel T5i DSLR; um Home Theater Sony 1,000 Watt 5.1-Channel 3D Smart Blu-Ray; uma Smart HDTV Samsung de 55 polegadas; um iPod Player Apple Touch de 64GB (6ª geração); e um iPhone 7 Plus da Apple.
E quando mensurado em termos de "horas de trabalho" necessárias para comprar todos os itens acima levando-se em conta o salário médio, há uma enorme diferença entre 1964 e hoje. Para comprar a televisão de US$ 750 em 1964, seriam necessárias, a um americano médio, 293 horas de trabalho ao salário médio da época (US$ 2,56 por hora em novembro de 1964). Isso equivalia a 7,33 semanas ou quase dois meses inteiros de trabalho para ganhar o suficiente para comprar a televisão.
Hoje, o americano médio precisa trabalhar apenas 23 horas ao salário médio de US$ 21,73 por hora para conseguir o suficiente para comprar Smart HDTV da Samsung por US$ 500 (R$ 1.575). Um notebook de US$ 400 (R$ 1.260) custa apenas 18 horas de trabalho (2,25 dias). E um iPod Touch requer apenas 13 horas de trabalho (1,63 dias).
No geral, os preços de vários bens de consumo importante desabaram. Coisas como fogão, geladeira, televisão e todos os tipos de sistemas de entretenimento doméstico, lava-louças, churrasqueiras, microondas, forno elétrico, panelas especiais, torradeiras, esteiras de ginástica, aspiradores de pó etc. ficaram 76% mais baratos, em média.
Os preços de vários utensílios domésticos caíram 81% entre 1960 e 2013 em termos de horas de trabalho necessárias para comprar esses itens.
Mas tais benefícios podem ser sentidos majoritariamente apenas em países abertos ao livre comércio. Quem mora em países que aplicam tarifas protecionistas e possuem moedas fracas não pode usufruir igualmente dos benefícios criados por esse progresso tecnológico.
Progresso impressionante gerado pela globalização
Eis o que é realmente impressionante e que ilustra perfeitamente o progresso econômico feito nos últimos 50 anos: mesmo um bilionário em 1964 não seria capaz de comprar a maioria dos itens acima, os quais hoje um cidadão médio de países que praticam o livre comércio (que não é o caso do Brasil) consegue comprar, como notebook, iPhone, iPod e Smart TV.
Isso só se tornou possível por causa da divisão do trabalho em escala global e da especialização da mão-de-obra. Boa parte destes itens baratos — como TVs, notebooks e eletrodomésticos — são fabricados e montados em países em desenvolvimento, cujos custos trabalhistas são menores que nos países ricos. Isso é um exemplo das poderosas forças do comércio internacional e da concorrência global: o capital é direcionado para onde os custos são menores e os retornos são maiores. E, em troca, gera produtos cada vez melhores a preços cada vez menores.
Cada um dos trabalhadores espalhados pelo mundo faz parte de um mercado tão vasto e abrangente, que passa a ser vantajoso para muitos empreendedores e investidores organizarem operações de produção altamente especializadas, as quais são lucrativas somente porque o mercado para seus produtos é grande. Ao expandir os mercados para além das fronteiras políticas, as empresas podem aproveitar melhor as vantagens daquilo que os economistas chamam de "economias de escala", possibilitando assim que os consumidores usufruam preços mais baixos.
Esta especialização tanto do trabalho quanto da produção, ao longo de diferentes setores ao redor do mundo, é exatamente fenômeno da globalização.
Por isso, o comércio global é simplesmente uma maneira fantástica de se obter vantagem dos métodos de produção de mais baixo custo e de maior especialização. E não interessa se essa produção ocorre dentro ou fora daquelas linhas imaginárias que delimitam cidades, estados e países. Havendo livre comércio, o consumidor sempre será o beneficiado final.
Na prática, quando consumidores compram produtos importados, eles estão simplesmente escolhendo recorrer aos métodos de produção mais baratos disponíveis para ele: eles trabalham naquilo em que são bons em troca de um salário, e então transformam esta sua renda, por meio do livre comércio, em bens de consumo próprio. Assim, o livre comércio permite que cada trabalhador tenha a liberdade de "fabricar" seus próprios bens de consumo.
Em alguns momentos, os consumidores comercializam com pessoas dentro de suas fronteiras. Em outros, comercializam com estrangeiros. Porém, em todos os casos, essas transações representam os mais baratos métodos de produção disponíveis para os consumidores. Por que um governo deveria bloquear esta liberdade?
A tecnologia gera inclusão — mas só se o governo permitir
A globalização, portanto, aprofundou as inovações tecnológicas, as quais, estimuladas também pela concorrência global, estão baixando os preços dos bens tecnológicos e melhorando as possibilidades de consumo para um número cada vez maior de pessoas.
Neste sentido, a inovação é um fator primordial em termos de inclusão: ela aumenta a possibilidade de todos serem empreendedores. A queda nos preços da tecnologia e nos custos da comunicação — hoje, com o WhatsApp, a comunicação é gratuita — funciona como a remoção de uma barreira ao estabelecimento de novas empresas e empreendimentos.
Atualmente, os computadores e os smartphones são o principal insumo produtivo em qualquer estabelecimento comercial ou de serviços. Tendo apenas um depósito de estoques, uma mercadoria para vender, e um ou vários computadores (ou smartphones), é possível armar um importante negócio de distribuição e venda por meio da internet. [N. do E.: na atual situação brasileira, é para aí que boa parte das pessoas estão indo]
Quanto mais baratos os computadores e os serviços de internet e de comunicação, mais crescerá este setor da economia, mais micro e pequenas empresas surgirão, e mais gente entrará para o mercado de trabalho destes setores.
Pense na quantidade de empresas que podiam crescer quando um computador custava US$ 10.000 (R$ 31.500). Agora pense em quantas podem surgir e crescer quando seu preço é de US$ 400 (R$ 1.260).
Tamanha redução nos custos da comunicação e nos do processamento da informação traz um impacto notável na produtividade das empresas. Isso torna ainda mais imperativo os governos dos países em desenvolvimento saírem do caminho e liberarem o comércio internacional, exatamente para que as pessoas destes países possam usufruir da estupenda queda de preços ocorrida nos produtos tecnológicos.
Mais tecnologia acessível significa menos entraves à criatividade empreendedorial. E esta é a chave do crescimento econômico e do aumento na qualidade de vida das pessoas.
Não temamos o avanço tecnológico. Agradeçamos a ele, e ao sistema econômico que o permite, pela incrível melhoria na qualidade de vida que nos trouxe e que nos continuará trazendo.
26 de novembro de 2018
Donald Boudreaux
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