Duas expressões têm sido demasiadamente pronunciadas por magistrados, políticos e até por FHC –uma é “fake news” e a outra, “outsider”. As duas palavras da língua inglesa estão relacionadas às eleições de outubro de 2018. No tocante às “fake news”, importante notar que foi recurso muito utilizado na campanha americana pelos marqueteiros de Donald Trump, afinal vencedor da eleição nos EUA, porque Hillary Clinton foi massacrada por toda sorte de artimanhas dos marqueteiros republicanos. Mesmo assim, teve mais de 1 milhão de votos na frente do vencedor, que foi sagrado vitorioso pelo estranho Colégio Eleitoral. Entenda-se: O voto dos eleitores é o que menos importa nas eleições americanas, pois quem decide são os delegados de cada Estado.
Então, as elites brasileiras, temendo o mesmo processo dos EUA, começam a lançar na mídia o medo das notícias falsas, que possam comprometer um candidato do sistema de poder.
DETENTORES DO PODER – Ora, quem tem dinheiro para contratar marqueteiros milionários são os mesmos que detém o poder político e empresarial. Esses marqueteiros, denominados vendedores de ilusão, são pagos a peso de ouro para transformar um candidato pesado em palatável para o eleitor. Então, transformam uma mentira (candidato ruim) em verdadeiros mitos em favor dos pobres, os quais, após eleitos, mostram a sua verdadeira face maligna. Nem será preciso nominá-los aqui, pois os exemplos são fartos.
No Rio de Janeiro, o regime militar não deu força à candidatura de Miro Teixeira em 1982. Quando viram Leonel Brizola crescer demasiadamente nas pesquisas, tentaram a última cartada para eleger seu fiel representante, o piauiense Moreira Franco, por meio do escândalo da Proconsult. Infiltraram nos computadores do TRE/RJ um dispositivo denominado de “Delta X”, em que muitos votos brancos e nulos eram carreados para o candidato Moreira Franco. Felizmente, a burla foi descoberta a tempo e Brizola foi sagrado vencedor para governar o Rio de Janeiro.
O CASO DARCY – Na época, ainda não havia o instituto da reeleição, instituído por Fernando Henrique Cardoso em 1994, com ajuda da bancada do PSDB/PMDB e do Centrão. Brizola então indicou para candidato a governador o antropólogo, educador, ex-ministro da Casa Civil de João Goulart e ex-senador Darcy Ribeiro.
O genial Darcy, inventor dos CIEPS estava na frente das pesquisas e Moreira Franco em segundo. Um mês antes da eleição de outubro, até as pedras das ruas sabiam que Darcy seria o novo governador. Entretanto, uma notícia falsa inundou as comunidades do Rio de Janeiro. Despejaram mais de um milhão de cópias de uma página do livro “O Mulo” de Darcy Ribeiro, de teor desfocado do real panorama do livro, o que foi suficiente para reverter o resultado da eleição em favor de Moreira Franco. Não foi aberta investigação para apurar os fatos e os responsáveis seguiram impunes.
NÃO HÁ REGRAS – No TSE, o ministro-presidente Luiz Fux fala em combater as notícias falsas, mas até agora as regras desse procedimento não vieram à tona. Será que uma singela opinião, sobre este ou aquele político pode considerar-se uma “fake news”? Será proibido comentar sobre uma investigação em curso na Lava Jato, de um político ainda pendente de sentença judicial? Qual a punição para um internauta que divulgar nas redes sociais uma crítica a candidatos de A , B ou C, que não tiverem amparo na realidade fática?
Enfim, no momento o quadro está instável e pouco seguro até para que se façam análises eleitorais, porque qualquer descuido pode ser considerado “fake news”.
PECADOS MORTAIS – No fundo, o que os políticos pretendem é que se escondam seus pecados mortais, que poderiam impedir de se elegerem indefinidamente, até que a morte os separe das cadeiras legislativas e executivas. Por essa razão, O PT, quando empalmava o poder, pressionou para o amordaçamento do Ministério Público e a censura da Internet. Só não logrou êxito, pela falta de apoio do PMDB, na ocasião.
Mas, agora, quem está no Poder é o PMDB. Isso significa, que voltarão as pressões no Congresso para a censura da Internet, o amordaçamento do MP, a anistia ao Caixa 2, a punição de juízes por suposto abuso de autoridade etc…
É preciso ficarmos de olhos bem abertos, em relação a onda conservadora que sopra no horizonte do Brasil, agora e após as eleições de outubro de 2018.
12 de março de 2018
12 de março de 2018
Roberto Nascimento
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