"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

ANIMADOS COM DATAFOLHA, ALIADOS DE LUCIANO HUCK INSISTEM NA CANDIDATURA


Charge do Duke (dukechargista.com.br)
Aliados de Luciano Huck já preparam sua pré-campanha à Presidência. Esperam apenas a confirmação do apresentador de TV para definir os rumos a seguir. Segundo a Folha apurou, Huck comemorou, de Paris, o bom posicionamento na pesquisa Datafolha publicada nesta quarta-feira, dia 31. Ele tem 8%, empatado com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) no pelotão de segundo lugar na disputa em cenário sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Huck diz não ser candidato. Seus aliados só viam chance de ele voltar atrás na decisão se Lula estivesse inelegível, já que pesquisas mostram que o apresentador apela ao perfil associado ao do eleitor do petista -no Datafolha ele herdou 8% desse grupo, mas há ainda um terço dele sem candidato. Isso foi virtualmente garantido pela condenação do petista em segunda instância por corrupção.
PERFIL DO ELEITORADO – Após o Carnaval, receberá uma grande pesquisa nacional, qualitativa e quantitativa, buscando esmiuçar o perfil do eleitorado que está disposto a votar num “outsider” em outubro e também estabelecer seus pontos fracos. A expectativa de seus aliados é de que ele ao menos sinalize sua intenção internamente, apesar de sua intenção inicial de deixar tudo para abril – quando acaba o prazo legal para o apresentador se filiar a algum partido a tempo de concorrer.
Alguns dos seus apoiadores, notadamente dentro do movimento Agora!, gostariam de ver a situação resolvida logo para poderem associar-se a uma sigla visando a eleição ao Congresso. Hoje, o porto de destino mais provável é o PPS, que tem conversas adiantadas tanto com Huck, que faz parte do Agora!, quanto com integrantes do próprio grupo de fomento à conscientização política na sociedade.
INCENTIVO – Desde o fim do ano, mantém contato com o marqueteiro Guillaume Liegey, a quem já recebeu em casa. O francês foi responsável pela estratégia de multiplicação de contatos eleitorais vista como uma das chaves do sucesso da campanha de Emmanuel Macron à Presidência em 2017. Liegey está no Brasil para conversas com diversos partidos e estabeleceu uma parceria de trabalho no país. Desde o ano passado, incentivado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por economistas de relevo como Armínio Fraga, Huck tem se movido como um presidenciável.
Montou uma rede de conselheiros que o municia de análises e também de pesquisas de opinião. Integra um grupo de WhatsApp para discutir esses temas. Conversou com pessoas do mercado financeiro e políticos, tendo sido abordado pelo Partido Novo, pela Rede e pelo PPS – que está com o passe preferencial por não ser uma agremiação associada a escândalos políticos. Em novembro, em artigo Folha, descartou a candidatura. Mas protagonizou uma inflexão neste ano.
POLÍTICA NO FAUSTÃO – Gravou participação no “Domingão do Faustão” veiculada no começo de janeiro para falar longamente sobre política ao lado da mulher, a também apresentadora da Globo Angélica. Todo o discurso que adotou replicou demandas ouvidas nas pesquisas qualitativas que estudou em 2017: a negação de um “salvador da pátria”, a necessidade de “conhecer o povo”, entre outros. Apresentou-se pela primeira vez a seu público em modo presidenciável.
Nesta semana, ele desautorizou em rede social um vídeo que o apresentava como candidato e falava mal de Lula e Jair Bolsonaro, o presidenciável de direita que é visto como rival de Huck para herdar votos não ideológicos órfãos do petista. Apesar de apócrifa, notou um estrategista de Alckmin, a peça teve grande circulação pelo WhatsApp e pode ter cumprido um papel de divulgação não desprezível.
OBSTÁCULOS – Os óbices à candidatura não são poucos, a começar pela oposição em casa. Mas o grande obstáculo é o sistema eleitoral, que privilegia grandes estruturas estaduais e tempo de TV farto. Aos marqueteiros que passaram anos estudando como ultrapassar isso usando as redes sociais, a mudança de critérios de visualização de publicações no Facebook caiu como um raio.
Numa sigla pequena como o PPS, precisaria contar com um desempenho formidável em pesquisas para atrair atores que teoricamente estarão com Alckmin, como o DEM e o PSD -talvez até o MDB. Se isso ocorrer, contudo, Huck poderia romper a irônica barreira de ser um homem de TV sem tempo nela.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O desejo dos partidos que torcem pela candidatura de Huck à Presidência só aumenta diante da possibilidade de uma eleição sem Lula. A participação do apresentador na corrida, porém, ainda não está definida. Mas é no desgaste da classe política que entra a viabilidade do nome de Luciano. Além de contar com defensores importantes, Huck tem grande acesso à classe empresarial e poderia herdar boa parte dos eleitores de Lula em uma disputa sem o ex-presidente. A oposição dentro de casa, entretanto, é enorme. Vai ter sua vida pessoal revirada, exposta e ainda sob o risco de não se eleger. (M.C.)


03 de fevereiro de 2018
Igor Gielow
Folha

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