Nesta sexta-feira, bem cedinho, afirmamos aqui na Tribuna da Internet que o deputado Jair Bolsonaro, apesar de seu grande potencial como candidato a presidente da República, continuava no roteiro de Plínio Marcos, perdido numa noite suja, à procura de um partido. No início da noite, veio a confirmação de uma notícia da excelente colunista Daniela Lima (Painel da Folha) – Bolsonaro se encontrara com o presidente do PSL (Partido Social Liberal), Luciano Bivar, para fechar acordo e se filiar à sigla.
No xadrez eleitoral, Bolsonaro fez uma péssima jogada, porque seu partido anterior, o PSC (Partido Social Cristão), possui uma bancada forte (13 deputados federais e dois senadores. E o PSL, contando com sua filiação, tem apenas quadro três deputados, o que significa uns 16 segundos no horário gratuito e mal dá para imitar Enéas Carneiro e dizer incisivamente: “Meu nome é Jair Bolsonaro!!!”.
ANTICOMUNISMO – Bolsonaro rompeu com o PSC por causa da aliança que o partido fechou com o PCdoB no Maranhão nas eleições municipais de 2016. Quando soube da coalizão, Bolsonaro foi à sede da sigla no Rio de Janeiro e, aos gritos, disse que não admitia esse tipo de coligação.
Ficou tão irredutível que acabou brigando com o dono do PSC, pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC e um dos líderes da Assembleia de Deus, ex-candidato na eleição presidencial de 2014, quando teve apenas 0,75% dos votos.
Bolsonaro se deixou levar pela emoção, que quase sempre é uma péssima conselheira. Ele considera que o programa político do PCdoB, que defende bandeiras como a descriminalização do aborto e do consumo de maconha e apoia o casamento gay, seria incompatível com seu perfil.
RADICALISMO – Apesar de ser um dos deputados mais antigos, Bolsonaro continua sem jogo de cintura e suas posturas radicais o conduzem ao isolamento. Agora, precisa desesperadamente de um partido com mais espaço no horário eleitoral, mas não está conseguindo.
Se Lula da Silva abandonasse a disputa, seria mais fácil para Bolsonaro, que assumiria a liderança das pesquisas e poderia conseguir alianças. Mas Lula não vai jogar a toalha, quer aparecer na televisão até ser impugnado pelo TSE.
O pior é que a campanha de 2018 não deverá ter Fundo Eleitoral e vai ser mais difícil “comprar” coligações, como sempre aconteceu. E somente dois candidatos estão com dinheiro sobrando para distribuir – Henrique Meirelles (PSD), que conta com recursos próprios e o apoio de grandes empresário e banqueiros, e Michel Temer (PMDB), que está de posse da chave do cofre da viúva.
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P.S. 1 – Bolsonaro tem chance concreta de ganhar a eleição, especialmente se conseguir algumas alianças que lhe aumentem o tempo na TV. Mas está muito difícil. Um dos fiéis da balança é o DEM, que oportunisticamente só vai se decidir em cima do laço e pode até apoiar o deputado/capitão.
P.S. 1 – Bolsonaro tem chance concreta de ganhar a eleição, especialmente se conseguir algumas alianças que lhe aumentem o tempo na TV. Mas está muito difícil. Um dos fiéis da balança é o DEM, que oportunisticamente só vai se decidir em cima do laço e pode até apoiar o deputado/capitão.
P.S. 2 – Bolsonaro certamente será beneficiado pela divisão de votos entre Alckmin, Meirelles e Temer, que vão se devorar entre si.
P.S. 3 – Da mesma forma, Ciro Gomes (PDT) também tem possibilidades, porque certamente será beneficiado pela saída de Lula, na reta final.
P.S. 4 – E Álvaro Dias (Podemos) é uma incógnita, que pode até surpreender, se conseguir mais tempo na TV, o que também é muito difícil, por falta de recursos.
P.S. 5 – Quanto aos demais candidatos, incluindo Marina Silva (Rede), seguramente não têm chances, exceto Joaquim Barbosa, que pode vir pela coligação PSB-PPS e mudar totalmente o quadro da sucessão. (C.N.)
06 de janeiro de 2018
Carlos Newton
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