Quando a compra e venda de deputados funcionou e a Câmara protegeu o presidente Michel Temer, evitando que fosse afastado por 180 dias e processado no Supremo por corrupção passiva, é claro que houve uma frenética comemoração no Palácio do Planalto. O chefe do governo então teve um delírio de grandeza, achou que estava blindado e abriu desrespeitosa ofensiva contra a honra do procurador-geral Rodrigo Janot, com apoio total do ministro Gilmar Mendes, que desde então vem atacando incessantemente o chefe do Ministério Público Federal.
Essa estratégia de partir para um confronto pessoal, como se fosse uma briga de rua, logo se mostraria totalmente equivocada, porque Janot se comportou com muita dignidade, em nenhum momento desceu o nível e conseguiu o apoio da influente Associação Nacional dos Procuradores da República.
DEU TUDO ERRADO – As ofensas de Michel Temer e Gilmar Mendes tiveram efeito contrário, uniram o Ministério Público Federal em torno de Janot e deixaram em má situação a subprocuradora Raquel Dodge, que Temer nomeou para comandar a Procuradoria-Geral a partir do dia 18 de setembro.
O pior para o Planalto é que a atuação dos procuradores para investigar Temer agora só tende a se intensificar. A nova procuradora-geral Raquel Dodge poderia até tentar a blindagem do presidente, conforme o Planalto almeja, mas não conseguiria, porque a grande maioria dos integrantes Ministério Público tem demonstrado descontentamento com as baixarias de Temer e Gilmar.
E os resultados dessa reação já começam a aparecer, com a intensificação de investigações que oficialmente visam outros indiciados, mas de forma indireta também acabam apurando a participação de Temer, por se tratar de “fatos conexos”, como se diz no linguajar judicial.
DOIS INQUÉRITOS – A blindagem de Temer só o protegia pela frente, a retaguarda continuava vulnerável e ele agora passa a ser investigado simultaneamente em dois inquéritos da força-tarefa da Lava Jato. Um deles apura as propinas e doações de caixa 2 recebidas pelo chamado “quadrilhão”, como passou a ser conhecido o bando formado pelos caciques do PMDB — Renan Calheiros, Romero Jucá, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Michel Temer, Valdir Raupp, Jader Barbalho, José Sarney, Edison Lobão etc., não necessariamente nesta ordem.
O outro inquérito é fruto do desmembramento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Temer e seu assessor Rocha Loures, que passa a ser investigado em primeira instância no caso da mala com R$ 500 mil, que supostamente seria destinada ao chefe do governo. Ao investigar o então assessor presidencial (condição em que se encontrava ao receber a mala, porque somente no dia seguinte viria a assumir a vaga de deputado), a força-tarefa automaticamente estará apurando também o envolvimento de Temer. Isso significa que o presidente continuará a ser alvo de flechadas e bordunadas dos guerreiros da Lava Jato.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nunca se viu uma campanha tão forte contra um procurador-geral da República como a que está sendo desfechada para destruir a imagem e o trabalho de Rodrigo Janot. Afinal, o que foi que ele fez (ou teria feito) de tão errado assim??? (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nunca se viu uma campanha tão forte contra um procurador-geral da República como a que está sendo desfechada para destruir a imagem e o trabalho de Rodrigo Janot. Afinal, o que foi que ele fez (ou teria feito) de tão errado assim??? (C.N.)
15 de agosto de 2017
Carlos Newton
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