A força-tarefa de Curitiba recebeu nesta semana um leva considerável de documentos da Odebrecht que podem comprometer os investigados na Lava Jato. Segundo envolvidos nas investigações, o material inclui de extratos bancários de pagamentos a offshores no exterior destinados a políticos a novas planilhas com nomes de receptores de recursos ilícitos que ainda não apareceram.
O material integra o MyWebDay, sistema usado no dia a dia da área de pagamentos de propina da Odebrecht, o setor de operações estruturadas, para fazer o controle interno dos repasses ilegais.
MAIS PROVAS – Na avaliação de procuradores ouvidos pela Folha, mais do que corroborar dados da delação da empresa, o material pode abrir novos flancos de investigação que não prosperaram por causa da falta de provas.
Na segunda-feira (dia 7), a colunista Mônica Bergamo informou que o software ainda não tinha sido acessado pelo Ministério Público. A afirmação foi feita pelos procuradores à Justiça em resposta aos advogados do ex-presidente Lula, que solicitaram acesso ao material.
O programa ficava hospedado na Suíça e foi apagado quando a Lava Jato ganhou força, em 2014. Nele estavam armazenadas planilhas com requisições e programações de pagamentos ilícitos, obras, valores e codinomes a eles vinculados, além de extratos e documentos enviados por operadores comprovando que os acertos foram realizados.
RECUPERAÇÃO – O programa foi desenvolvido pela própria empresa nos anos 1990 para uso interno, mas acabou como ferramenta de uso exclusivo do departamento de propina.
Apesar de ter sido apagado, grande parte do material foi recuperada pelas autoridades suíças e entregue para a Odebrecht após a empresa conseguir esse direito na Justiça. Os dados foram um dos trunfos da empreiteira para fechar o acordo com os procuradores brasileiros.
Nas negociações foi acertado, porém, que só depois da homologação da leniência (espécie de delação premiada da empresa) pelo juiz Sergio Moro é que o material seria cedido à força tarefa.
COBRANÇA – Apesar da validação ter acontecido em maio, os dados do MyWebDay chegaram à Curitiba somente na segunda semana de agosto, após a Odebrecht ser cobrada a entregar as informações.
Além desse material, a empreiteira também entregou novos dados recuperados do Drousys, o sistema usado pelos funcionários do setor de operações estruturadas para se comunicar com os operadores que geravam dinheiro ilícito e os responsáveis por fazer as entregas em espécie.
MIGLIACCIO AJUDOU – O Drousys chegou a ser transferido para a Suécia com a eclosão da Lava Jato. No entanto, os dados desse sistema estão com a força-tarefa desde março.
Para entender melhor as operações, o Ministério Público Federal pediu de ajuda de Fernando Migliaccio, ex-funcionário da Odebrecht que era o responsável pelo controles de pagamentos. Preso na Suíça, ele se tornou delator, mas não integra o grupo de 77 executivos que tiveram as negociações encabeçadas pela empresa.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Apesar de toda a “Operação Abafa”, a Lava Jato segue em frente e vai ajudar muito a moralizar a administração pública do país. A Odebrecht tenta ocultar as provas materiais, mas acaba cedendo. Os jovens integrantes da força-tarefa estão dando uma aula de competência a uma geração fracassada e corrupta. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Apesar de toda a “Operação Abafa”, a Lava Jato segue em frente e vai ajudar muito a moralizar a administração pública do país. A Odebrecht tenta ocultar as provas materiais, mas acaba cedendo. Os jovens integrantes da força-tarefa estão dando uma aula de competência a uma geração fracassada e corrupta. (C.N.)
12 de agosto de 2017
Bela Megale
Folha
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