"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de agosto de 2017

ESCREVER SEM LER, O MODISMO EDUCACIONAL BRASILEIRO

As reflexões sobre o desapreço pela matéria escrita, persistente em nossa cultura, a começar pelas escolas, que distanciam os jovens dos livros.

Soma-se a tal situação o império das mensagens visuais nos veículos de comunicação de massa, o que tem aprofundado o distanciamento das pessoas dos meios escritos de expressão.

Na verdade, nenhum povo logrou passar a estádios avançados da civilização sem que esse processo tenha sido intermediado pelo livro. Povo sem literatura condena-se ao atraso e a tornar-se vítima dos mais avançados.

Enquanto em algumas sociedades do mundo ocidental a criança se familiariza com a presença do livro desde o berço, entre nós pode-se vislumbrar uma situação inversa: o livro ingressa nos lares através da criança em processo de escolaridade.

Desse modo, um programa intensivo de valorização da obra literária nas escolas resultará em benefício de toda a família na medida em que os pais sejam envolvidos no primeiro aprendizado da criança ou do adolescente.

Criar o hábito (ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores.

O bom professor, que estimula o gosto de ler, promove a leitura acompanhada, dialogada, comentada, leitura a dois etc., para identificar com os alunos a existência de uma obra de arte literária.

Se utilizar vocabulário inacessível ou textos em desacordo com o aluno, o resultado será tangencial, não atingirá a meta. Se utilizar vocabulário do mesmo nível dos alunos ou textos que já poderiam ter lido, estará perdendo oportunidade de disponibilizar-lhes outras possibilidades.

O equilíbrio necessário é um dos grandes desafios do professor, que têm turmas numerosas compostas por indivíduos diferenciados.

Assim, a criança se prepara para o salto civilizador: deixa de ser apenas um ser biológico e se define como ser social. A leitura abre-lhe o campo de aprimoramento do raciocínio, dando-lhe uma sequencialidade lógica de que outros veículos de comunicação não dispõem.

12 de agosto de 2017
Nelson Valente é professor universitário, jornalista e escritor.

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