O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta quinta-feira que 11 pessoas, incluindo os ex-ministros petistas Guido Mantega, Antonio Palocci e Edinho Silva, sejam investigados no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a compra de apoio de partidos políticos à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff. Filiada ao PT, ela foi reeleita em 2014 com o apoio de outros oito partidos: PMDB, PDT, PCdoB, PP, PR, PSD, PROS e PRB. Janot solicitou também a realização de depoimentos de nove pessoas, entre elas a própria Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão de aceitar ou não os pedidos caberá ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no STF.
O inquérito foi aberto com base na delação premiada de executivos da Odebrecht e já tinha como investigado o atual ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Em 2014, ele presidia o PRB, partido que apoiou a chapa vitoriosa, composta pela ex-presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, que assumiu o cargo após o impeachment da titular.
MARQUETEIRO – Segundo Janot, a delação do marqueteiro João Santana, que tocou a campanha de Dilma, trouxe novos elementos.
Janot pediu ainda a inclusão de outras oito pessoas como investigadas, entre elas João Santana. Completam a lista: Manoel de Araújo Sobrinho, que já foi assessor de Edinho; o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, atualmente preso; Eurípedes Júnior e Salvador Zimbaldi Filho, do PROS; Marcelo de Oliveira Panella e Carlos Lupi, do PDT; e Fábio Tokarski, do PCdoB.
Os delatores apontaram que Edinho, então tesoureiro da campanha, solicitou que a Odebrecht pagasse R$ 7 milhões diretamente aos presidentes de PROS, PRB, PCdoB, PDT e PP para que eles se coligassem. Com isso, o tempo de TV de Dilma, calculado com base no tamanho das bancadas de deputados dos partidos que a apoiassem, aumentaria. Edinho é atualmente prefeito de Araraquara, no interior de São Paulo.
MAIS DEPOIMENTOS – Além de Lula e Dilma, Janot pediu o depoimento de sete pessoas: o ex-presidente do PT Rui Falcão; Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma; o ex-ministro petista Aloizio Mercadante; a ex-secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares; a empresária Mônica Moura, mulher de João Santana; e duas ex-secretárias de Edinho Silva, identificadas pelos nomes Elenice e Juliana.
Janot também pediu o “levantamento de registros de reuniões e encontros realizados entre colaboradores e investigados nas datas e nos locais especificados em todos os Termos de Colaboração objeto da presente investigação”. Por fim, solicitou mais 60 dias para conduzir as investigações.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não se trata mais de caixa 2, mas de compra de apoio de partidos em coligações eleitorais. O depoimento mais importante será de Maria Lúcia Tavares, que trabalhava no “Departamento de Propinas” da Odebrecht, oficialmente denominado Setor de Operações Estruturadas. Ela se dedicava tanto ao serviço que sequer tirava férias. (C.N.)
23 de junho de 2017
André de Souza
O Globo
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