"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

OS CORRUPTOS SE REINVENTAM





“Corrupção é via de mão dupla: Empresário quer obra, e Político quer comprar voto”. Por esta lógica maldita, fica fácil entender por que os crimes investigados em 76 inquéritos abertos pelo supremo ministro Edson Fachin tratam de R$ 451 milhões pagos a políticos corruptos. 
Só os delatores da Odebrecht revelaram ter repassado R$ 224,6 milhões por obras e contratos nos governos federal, estaduais e municipais. 
Outros R$ 170 milhões foram “doados” ilegalmente por medidas provisórias, emendas parlamentares e resoluções legislativas que atendiam aos interesses da empreiteira.

O cidadão honesto - que assiste ao noticiário político viralizado nas redes sociais da Internet – fica com a certeza de que a corrupção sistêmica é promovida por um mafioso esquema de Crime Institucionalizado. 
O crime político-econômico é conseqüência de um modelo estatal com regramento excessivo, falsa transparência e fiscalização ineficiente ou conivente com as falcatruas. 
Sem pagar algum “pedágio”, nenhum empresário (do mais santo ao mais diabólico) consegue fazer negócios no Brasil. 
O Capimunismo rentista tupiniquim existe para roubar eu, você, toda sociedade.

Nesses tempos de correria para declarar o “Imposto de Renda”, o que causa mais revolta é como a Receita Federal – que tem o aparato de um Grande Irmão do Big Brother – não pune políticos, familiares e laranjas deles que ostentam enriquecimento ilícito. Também é imperdoável – porém compreensível – a “incompetência” de órgãos públicos com servidores profissionais bem remunerados para fiscalizar os gastos públicos, pedir investigação sobre corruptos ou julgá-los no tempo hábil para servir de exemplo à sociedade pagadora de 93 impostos, taxas, contribuições e infindáveis multas.

O mais escandaloso é o papelão dos chamados “Tribunais de contas” – que não são repartições do Judiciário, mas órgãos auxiliares do Poder Legislativo. 
Em recente artigo neste Alerta Total, o cientista político Hélio Duque botou o dedo na ferida. 
Dos 233 integrantes desses tribunais, 53 respondem a acusações na Justiça. Dos nove ministros titulares do Tribunal de Contas da União (TCU) – órgão auxiliar do Congresso que analisa e julga as contas dos administradores de recursos públicos federais – quatro são investigados em inquéritos que apuram prática de corrupção.

Embora ressalve que no Brasil existem 33 tribunais de contas com corpo técnico de profissionais e auditores qualificados e competentes, Hélio Duque também explica por que os “tribunais” acabam não cumprindo devidamente seu papel fiscalizador: 80% dos conselheiros dos Tribunais de Contas são oriundos da atividade política: 107 foram deputados estaduais; 62 secretários de Estado; 48 vereadores; 37 dirigentes de empresas públicas; 29 secretários municipais; 22 prefeitos; 16 deputados federais; 3 senadores; e, um governador – conforme dados da ONG Transparência Brasil.

Além das graves falhas (propositais?) de fiscalização do uso do dinheiro público, também é preciso questionar a eficiência no cumprimento do dever de ofício do Ministério Público, e, por conseqüência, do poder judiciário. 
Ao MP cabe investigar e denunciar. Aos magistrados cabe julgar o que for denunciado, dando amplo direito de defesa aos acusados. Até agora, habitualmente, a bomba estoura no colo dos empresários “corruptos”.

Só agora, na Era Lava Jato, surge a expectativa de que os políticos “onestos” também acabem punidos. Será que isso vai acontecer? Ou eles serão punidos na primeira instância judicial, porém acabarão salvos nos infindáveis recursos aos tribunais superiores? As famílias dos corruptos eventualmente punidos (empresários ou políticos) continuarão desfrutando das riquezas criminosamente acumuladas, enquanto nós, os otários, continuaremos pagando impostos sem a devida contrapartida prometida pelos governos?

A única saída para o Brasil é uma mudança estrutural. No atual regime capimunista, rentista e corrupto, o crime institucionalizado continuará reinando. Se o atual modelo não for mudado, os bandidos continuarão reinando. 
Eles já estudam como se reinventar. Por enquanto, gastam boa parte do dinheiro público roubado para pagar o “exército” de caríssimos advogados.

Os “deuses” do tal mercado sequer se abalam com a divulgação das listas que prometem ser “o fim do mundo para os corruptos”. O impacto da corrupção brasileira já está “precificado”. A única preocupação deles é com os bilionários novos negócios que estão prestes a ser fechados - em parceria com os governos e muitos dos políticos agora “listados”. 
A corrupção brasileira está banalizada. Só uma Intervenção Institucional pode neutralizá-la e, talvez, acabar com ela.

O modelo brasileiro de politicagem corrupta esgotou-se. O problema é que os bandidos tentarão reinventá-lo... 
Com a mais deslavada naturalidade, Marcelo Odebrecht proclamou que não existe político no Brasil que não tenha recebido dinheiro de caixa 2, sabendo ou não do crime. Temos de “fechar” a fábrica de bandidos: o Estado Brasileiro. Mudar sua estrutura é a única solução. Se o Brasil não for reinventado, continuará subdesenvolvido, porque assim é mais fácil controlar e roubar a sociedade.

Vamos aguardar para ver se a ampla difusão dos vídeos com relatos sobre corrupção conseguem mexer com os brios de quem tem a legitimidade efetiva para mudar tudo: o povo brasileiro – que é vítima e conivente com a sacanagem reinante.

Os filmes sobre máfia viraram programas infantis diante dos relatos da corrupção brasileira...

No paredão






Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

13 de abrfil de 2017
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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