"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA AUMENTA E A CÂMARA OFERECE MAIORES FACILIDADES


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Grileiros já estão destruindo o Parque do Jamanxim
Uma área do tamanho do Estado de Sergipe, de 1,1 milhão de hectares, estará desprotegida na Amazônia se os plenários na Câmara e no Senado aprovarem o resultado de duas manobras parlamentares feitas terça-feira e ontem em uma comissão mista. Áreas de floresta no Pará, que tinham status rígido de preservação, estão agora abertas à ação de especuladores de terra e poderão ser vendidas. A sinalização é péssima em uma região que está batendo recordes de desmatamento considerando-se as unidades de conservação federais e vai na contramão de se conter o desmatamento em escalada na Amazônia.
Também segue em direção oposta ao compromisso brasileiro de reduzir gases-estufa, assumido no Acordo de Paris.
RAPIDAMENTE – Em apenas sete minutos, uma comissão mista do Congresso fragilizou ontem compromissos ambientais na Amazônia repetindo o que havia acontecido no dia anterior. O Executivo editou em dezembro a Medida Provisória (MP) 758 com a intenção de desafetar 862 hectares de floresta no Parque Nacional do Jamanxim. Era um trecho pequeno na lateral da BR-163, que deixaria de ser parque para permitir curvas no trajeto da Ferrogrão, a ferrovia que deve levar soja do Mato Grosso ao porto de Miritituba, no Tapajós.
Parlamentares se apropriaram da prerrogativa do Congresso de analisar MPs e transformaram, por meio de emendas, os 862 hectares iniciais em 540 mil hectares, segundo relatório aprovado ontem na comissão. A decisão consta do relatório do deputado José Reinaldo (PSB-MA). A vítima de ontem foi o Parque Nacional do Jamanxim.
Todas as alterações propostas pelos parlamentares enfraquecem a preservação da Amazônia: 273 mil hectares do parque foram transformados em duas áreas de proteção ambiental (APAs).
ARDIL PERMISSIVO – A APA é a mais permissiva das unidades de conservação. Uma APA permite agropecuária e garimpo – Brasília está dentro de uma APA. Outros 70 mil hectares do parque passam para a Floresta Nacional do Trairão. Também foi aprovada a emenda que transforma em APA mais de 169 mil hectares da Flona de Itaituba 2.
“Em dois dias o oeste do Pará perde 1,1 milhão de hectares de florestas públicas que podem se tornar florestas privadas, se isso seguir adiante”, alerta o biólogo Ciro Campos, analista do Instituto Socioambiental (ISA). “Há duas forças principais nessas manobras. A turma da especulação de terras e a da mineração”, diz. O governo, quando propôs a “descriação” de áreas, fez acordos para ampliar outras. O setor de mineração impediu as ampliações, afirma Campos.
AVANÇO DO DESMATAMENTO – “Ao longo da discussão da MP 758, o Ministério de Minas e Energia apresentou sugestões ao relator, defendendo que o novo desenho deixasse de fora do parque áreas com potencial para mineração”, diz nota do WWF-Brasil.
“Alterar a categoria de proteção dessas áreas para aproveitamento agrícola, como justifica a emenda feita à MP original, é apostar noavanço do desmatamento na Amazônia”, diz nota técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
Os dois projetos de lei seguem para os plenários da Câmara e Senado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A excelente matéria de Daniela Chiaretti mostra que é um verdadeiro festival. Além de liberar a venda de terras a estrangeiros na Amazônia, em projeto que avança no Congresso, agora vem essa excrescência legislativa para aumentar o desmatamento, que, aliás, é uma especialista do atual ministro da Casa Civil, Eliseu Resende, que é réu em dois processos – no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso. E ainda chamam isso aí de “política”. (C.N.)

17 de abril de 2017
Daniela Chiaretti
Valor Econômico

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