“Precisamos de uma melhor verificação dos softwares que controlam as nossas vidas e isso significa mais – e mais pública – transparência.”
A mídia de massa – como de costume – calou um importante fato ocorrido ontem. Talvez o fato mais importante do ano, da década. Talvez o mais importante fato de toda a história da computação.
A Microsoft anunciou que a plataforma de desenvolvimento .NET Core 1.0 será open source. Open source significa código aberto, transparente, disponível para análise – como o sistema operacional Linux, por exemplo. É o contrário de software proprietário, onde o código-fonte não é disponibilizado para verificação – como o sistema operacional Windows. Software proprietário é desenvolvido e mantido por uma equipe fechada; software de código aberto é desenvolvido por uma comunidade, à vista do mundo inteiro.
Como dizia a minha vó, nada como um dia após o outro.
Em 3 de fevereiro de 1976, Bill Gates, na famosa Carta Aberta aos Hobistas, reclamava do compartilhamento de software e perguntava “Is it fair?”
Mas, como escreveu Bruce Schneier comentando o Dieselgate, o escândalo dos motores diesel da Volkswagem gerado por software proprietário, “(…) transparência não significa tornar o código disponível apenas para o governo e seus representantes; transparência significa tornar o código disponível para todos.”
“Cada vez mais, software proprietário está sendo usado em aplicações críticas: urnas eletrônicas, dispositivos médicos, bafômetros, distribuição de energia elétrica, sistemas que decidem se alguém pode ou não embarcar num avião. Estamos cedendo mais controle das nossas vidas a softwares e algoritmos. Transparência é a única forma de verificar se eles não estão nos enganando.”
“Precisamos de uma melhor verificação dos softwares que controlam as nossas vidas e isso significa mais – e mais pública – transparência.”
Bill Gates finalmente entendeu o que ele mesmo escreveu 40 anos atrás: “(…) a maioria de vocês rouba software. Hardware deve ser comprado, mas software é algo para ser compartilhado.”
Palavras proféticas.
01 de julho de 2016
RICARDO HASHIMOTO
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