"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 16 de abril de 2016

PREPARANDO-NOS PARA O PIOR

Por via das dúvidas, melhor esperar amanhã. As indicações são de que a maioria dos deputados votará pelo impeachment da presidente Dilma. Certeza não há, mas as oposições contavam ontem com 349 votos, sete a mais do que o número necessário. As bancadas do governo fazem contas diferentes, esperam que apenas 308 se tenham comprometido com o afastamento de Madame.

O vento sopra no rumo dos adversários dos detetores do poder, mas o vento costuma mudar, não obstante as tendências.

A pergunta é sobre o que acontecerá neste domingo, entre o início da coleta de votos e o final da sessão, marcada para as 14 horas. Antes ou depois da meia noite, já na segunda-feira, lamentos e comemorações ocuparão Brasília e o resto do país. Vai quebrar o pau, seja de que lado for.

Não se supõe os manifestantes invadindo o palácio do Planalto, no caso, para expulsar a presidente da República. Ou sequer para carregá-la em triunfo, na outra hipótese. Ela mesmo terá tomado suas precauções, ou seja, buscado abrigo no palácio da Alvorada, residencia que ficará à sua disposição como moradia, enquanto durar o entrevero. Mesmo afastada da chefia do Executivo pelo máximo de 180 dias, ela aguardará o pronunciamento do Senado, a palavra final. Caraterizada a defenestração, sairá da História. Confirmada a permanência, precisará encontrar nova imagem para enfrentar a mais áspera de suas funções, de mudar o país de alto a baixo sob violenta rejeição.

O fenômeno que agora se desenvolve à vista de todos revela múltiplas faces. A primeiro, de que Madame não deu certo. Seus planos e programas de governo deram em nada na medida em que o desemprego multiplicou-se, as oportunidades minguaram, as fábricas fecharam, a atividade econômica escafedeu-se e os serviços públicos foram para o brejo. Há quem julgue exagerada essa visão e até faça parte de uma trama engendrada pelos economicamente poderosos para recuperarem seus privilégios. Afinal, certas iniciativas no campo social, estabelecidas pelo governo Lula, prejudicaram a vida das elites. Elas aproveitaram a oportunidade do fracasso na economia para tirar a forra. Claro que impulsionadas pela incompetência. Junte-se a isso a avalancha da corrupção, estimulada pelos que se imaginaram donos do poder, leia-se PT, Lula e penduricalhos.

Aí está o resultado: quase todos envolvidos nas facilidades de um sistema podre, de um lado, e outros em cobrar o tempo perdido. No meio, o cidadão comum. Será esse o que vai para as ruas, exigindo compensações? Pode ser que não, preparando-nos ainda para o pior...



16 de abril de 2016
Carlos Chagas

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