Na véspera da votação da abertura do impeachment no plenário da Câmara, a presidente Dilma Rousseff cancelou a visita que faria na manhã deste sábado ao Ginásio Nilson Nelson em Brasília, onde se encontraria com representantes dos movimentos sociais que são contra o seu afastamento. Dilma quer dedicar o dia à consolidação de seus votos e por isso vai ficar recebendo, no Palácio da Alvorada, líderes de vários partidos, um a um. “A presidente achou que, neste momento, é mais importante ela receber os líderes e manter o radar para amanhã (domingo)”, disse um interlocutor de Dilma.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia decidido não ir ao evento, no entanto, vai ao acampamento dos representantes dos movimentos sociais no lugar de Dilma para animar a militância e fazer com que ela permaneça nas ruas “gritando contra o golpe”. Depois, Lula voltará ao hotel onde está hospedado para continuar recebendo deputados e tentando reverter votos ou assegurar novas ausências.
GUERRA DE NÚMEROS
Há uma guerra de números e o governo comemora o fato de ter conseguido virar alguns votos e assegurava que tinha os 172 mínimos necessários. Mas a oposição também garante diz ter os 342. O que demonstra a preocupação de lado a lado é que Dilma e seus ministros vão ficar nos palácios do Planalto e Alvorada conversando com parlamentares. Ao mesmo tempo, o vice-presidente Michel Temer, que ia ficar em São Paulo acompanhando a votação, decidiu voltar para Brasília e já desembarcou neste sábado na capital federal, segundo a sua assessoria. Lula também tinha decidido ir para São Paulo, mas acabou preferindo ficar em Brasília negociando.
Ainda neste sábado, interlocutores da presidente Dilma Rousseff vão reforçar a investida num bloco de deputados de partidos nanicos para conseguir os 172 votos necessários para barrar o avanço do processo na Câmara. Um ministro do Palácio do Planalto disse que iria se encontrar logo cedo com a deputada Renata Abreu (SP), vice-presidente do PTN. A parlamentar permaneceu no grupo dos indecisos até esta semana, quando articulou a formação de um grupo junto com PHS, PROS, PSL e PEN e anunciou 26 votos a favor do afastamento de Dilma.
16 de abril de 2016
Tânia Monteiro e Isadora PeronEstadão
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