"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de março de 2016

LULA E LECH WALESA, DOIS LÍDERES CRIADOS AO MESMO TEMPO



Em 1981, Lula e Walesa em Roma, depois de umas e outras


















Dois grandes sindicalistas marcaram o final do século XX; no Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e na Polônia, Lech Walesa, nos estaleiros de Gdansk. Surgiram quase que ao mesmo tempo e com o apoio da Igreja Católica. Dizíamos que o Papa João Paulo II era de direita e viera para derrubar o então sistema do Leste Europeu, o que afinal conseguiu (escrevo com todo respeito). Edwaldo Cafezeiro, um falecido professor da Faculdade de Letras da UFRJ, me dizia naquela época: “Rocha, PT é coisa de padre e da CIA”. Eu concordava com ele, mas gostava quando o então ator social Lula começava a falar.
No Brasil, as Comunidades Eclesiais de Base entoavam loas ao sindicalista Lula que vinha para colocar os trabalhadores no Poder. Esquerdas xavantes (mudemos um pouco os surrados tupiniquins) pareciam ter, finalmente, recebido o Profeta esperado, com ele chegaríamos à Terra Prometida. Eu inclusive embarquei nessa bobagem toda.
Mas uma coisa eu observava, antes da “aparição” do torneiro mecânico, as antigas greves eram políticas, eram greves politizadas e tinham o aval do PCB e do CGT, as greves visavam a denúncia das contradições do sistema capitalista.
SINDICALISMO DE RESULTADOS
Após o advento de Lula, falava-se até em sindicalismo de resultados e as greves tornaram-se apenas para aumento de salário, sem questionar o liberalismo/neoliberalismo. Pesquisem e encontrarão vários sindicatos e centrais colocando anúncios nas TVs explicando que tal greve não era política. Ou seja, não queriam mais acabar com o capitalismo. Era um sindicalismo de shopping, centrais coniventes com o grande capital.
Quando Lech Walesa criou o Sindicato Solidariedade, depois Partido Solidariedade e por fim chegou à presidência de seu país, também foi acusado de “menino da Cia” e em sua gestão presidencial há quem afirme que houve malfeitos. Porém, inteligente e mais humilde, só ficou um período de 5 anos.
A meu ver, por vaidade, o ex-presidente Lula obliterou sua interessante caminhada. O que me surpreende ainda hoje é o “exército” de teóricos intelectuais das antigas esquerdas brasileiras que nunca falaram nada sobre o apoio da CIA ao Lula e no primeiro governo Lula elogiavam o capitalismo.
ESQUERDA GOVERNISTA
Aliás, li recentemente no site do PCB um comunicado informando que há no Brasil uma esquerda governista e o velho PCB não faz parte desse povo, nem vai apoiar as manifestações governistas.
Entendo que tais intelectuais governistas estão trabalhando e por isso defendem tanto o Operário Patrão, que o antigo Pasquim ridicularizava, fazendo um contraponto com o “Operário Padrão”.
Encerro este meu espanto (“filosofar é espantar-se”) citando outro amigo, também professor aposentado da UFRJ, com pós-doutorado no Canadá, petista doente, fanático mesmo, ele se assume enquanto tal e diz que Lula, Dilma e o PT nunca fizeram nada de errado e tudo não passa do jogo das elites.
Vai entender…
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Quando Walesa era atração mundial, meu amigo Zevi Ghivelder foi entrevistá-lo na Polônia. Zevi perguntou-lhe que conselho daria a Lula. E ele respondeu: “Jamais entre na política e saia candidato, líder sindical não deve se meter em política”. Walesa era um farsante. Pouco depois, criava o Partido Solidariedade e em seguida saía candidato. Aqui no Brasil, Lula fez o mesmo caminho. (C.N.)

14 de março de 2016
Antonio Rocha

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