"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

QUEBRA DE PRAXE. TENTATIVA DE FORÇAR EMBAIXADOR GOELA ABAIXO GERA REVOLTA ENTRE DIPLOMATAS

DANI DAYAN É RESPONSÁVEL POR ASSENTAMENTOS CONSIDERADOS ILEGAIS

DANI DAYAN É RESPONSÁVEL POR ASSENTAMENTOS CONSIDERADOS ILEGAIS


O anúncio da indicação do novo embaixador de Israel no Brasil, feito pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, antes de submeter o nome ao governo brasileiro, provocou manifestações contundentes de embaixadores brasileiros aposentados. Em carta aberta, dezenas de diplomatas criticam a atitude "inaceitável" de Netanyahu de quebrar a "praxe diplomática" de maneira que "parece proposital" para constranger o Brasil a aceitar a indicação de Dani Dayan, responsável pelos assentamentos na Cisjordânia, considerados ilegais pela comunidade internacional.

Como Dayan já se declarou contra a criação do Estado Palestino, apoiado pelo Brasil e cerca de 70% dos países membros da ONU, a antecipação da divulgação do nome por Netanyahu foi considerada uma afronta à diplomacia brasileira. A carta lembra também o papel desempenhado pelo Brasil durante a criação do estado de Israel na Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida à época pelo saudoso Osvaldo Aranha, e a atuação do embaixador Luís Martins de Sousa Dantas, que salvou centenas de judeus do Holocausto. Confira abaixo a íntegra da carta aberta e os signatários.

Nós, os diplomatas aposentados abaixo assinados, lembrando a memória do Embaixador Luís Martins de Sousa Dantas, que salvou centenas de judeus do Holocausto; orgulhosos do papel desempenhado pelo Brasil nas Nações Unidas quando, sendo Osvaldo Aranha Presidente da Assembleia Geral, foi sancionada a criação do estado de Israel, consideramos inaceitável que o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, haja anunciado publicamente o nome de quem pretendia indicar como novo embaixador de seu país no Brasil antes de submetê-lo, como é norma, a nosso governo.

Essa quebra da praxe diplomática parece proposital, numa tentativa de criar fato consumado, uma vez que o indicado, Dani Dayan, ocupou entre 2007 e 2013 a presidência do Conselho Yesha, responsável pelos assentamentos na Cisjordânia considerados ilegais pela comunidade internacional, e já se declarou contrário à criação do Estado Palestino, que conta com o apoio do governo brasileiro e que já foi reconhecido por mais de 70% dos países membros das Nações Unidas.

Nessas condições, apoiamos a postura do governo brasileiro na matéria e fazemos votos de que o presente episódio seja superado prontamente a fim de podermos, em conjunto, reforçar os vínculos entre os dois países num momento histórico em que o espírito de conciliação se torna imperativo.

Adhemar Bahadian
Amaury Porto de Oliveira
Armando Victor Boisson Cardoso
Brian Michael Fraser Neele
Carlos Alberto Leite Barbosa
Carlos Eduardo Alves de Souza
Christiano Whitaker
Edgar Telles Ribeiro
Fernando Guimarães Reis
Fernando Silva Alves
Geraldo Holanda Cavalcanti
Heloisa Vilhena de Araujo
Hildebrando Tadeu Valladares
Janine-Monique Bustani
Joaquim A. Whitaker Salles
Jorio Dauster
José Maurício Bustani
José Viegas Filho
Julio Cesar Gomes dos Santos
Luciano Rosa
Luiz Augusto de Castro Neves
Luiz Fachini-Gomes
Luiz Felipe Lampreia
Luiz Orlando Carone Gelio
Marcílio Marques Moreira
Marcio Dias
Maria Celina Azevedo Rodrigues
Oswaldo Portella
Roberto Abdenur
Ronaldo Mota Sardenberg
Samuel Pinheiro Guimarães
Sergio Fernando Guarischi Bath
Sergio A. Florencio Sobrinho
Sergio Henrique Nabuco de Castro
Sergio Serra
Stelio Amarante
Thereza Quintella
Vera Pedrosa
Virgílio Moretzsohn de Andrade
Washington Luis P. Sousa


08 de janeiro de 2016
diário do poder

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