"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

PORTUGAL CONFIRMA INVESTIGAÇÃO, MAS ALEGA HAVER SIGILO


A Procuradoria-Geral da República de Portugal confirmou que recebeu das autoridades brasileiras um pedido de cooperação judicial decorrente da Operação Lava Jato. O órgão também confirmou que existem investigações em curso relacionadas à atuação da Portugal Telecom, mas não especificou se a apuração tem relação com o Brasil. Alegando que as investigações estão sob segredo de Justiça, a Procuradoria não deu detalhes sobre o que está sendo investigado.
O pedido de cooperação judicial foi feito por meio de uma carta rogatória e sua execução está a cargo do DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal). “A carta rogatória encontra-se em segredo de Justiça, pelo que o seu objeto e diligências realizadas ou a realizar não podem ser divulgados”, informa a Procuradoria, em nota.
No mesmo comunicado, o órgão também afirma que “existem investigações em curso relacionadas com a PT [Portugal Telecom], as quais se encontram em segredo de Justiça”. A Procuradoria informou, ainda, que as investigações envolvendo a Portugal Telecom são autônomas em relação ao pedido de cooperação brasileiro.
TELEFONIA
O esclarecimento sobre a investigação envolvendo a Portugal Telecom ocorre após reportagem publicada nesta terça pelo jornal português “Público”. Sem citar suas fontes, o jornal afirma que o Ministério Público de Portugal está investigando o envolvimento político na venda das ações da Portugal Telecom na Vivo à Telefônica e a entrada da companhia portuguesa na Oi. Segundo a reportagem, há “suspeitas de benefícios financeiros, no valor de várias dezenas de milhões de euros, concedidos a governantes, accionistas e quadros de topo das operadoras”.
O caso ocorreu em 2010 quando, segundo o jornal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu teriam mantido contato com autoridades portuguesas, entre elas o ex-primeiro ministro José Sócrates, para contornar o impasse sobre a venda das ações da PT na Vivo. O governo português era contrário à saída de sua operadora do Brasil, e a solução apresentada por Brasília teria sido o ingresso na Oi, o que possibilitou levar a operação adiante.
COELHO NEGA
A reportagem sugere que o pedido de cooperação judicial na operação Lava Jato poderia ter relação com os contatos mantidos entre Lula e José Sócrates entre 2005 e 2011. O ex-primeiro-ministro de Portugal está em prisão preventiva desde novembro de 2014 por suspeita de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção. Na segunda-feira (20), no entanto, a imprensa portuguesa chegou a relacionar o caso com as denúncias publicadas no Brasil sobre uma suposta atuação de Lula em favor dos interesses da Odebrecht em 2013, já na gestão do atual primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Também na segunda, Passos Coelho afirmou que já se reuniu com o ex-presidente brasileiro três vezes, mas negou que Lula tenha feito qualquer lobby em favor da Odebrecht. “O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira”, disse Passos Coelho à imprensa portuguesa, usando uma expressão coloquial portuguesa que significa “recomendar” ou “interceder por”.

24 de julho de 2015
Gisele Lobato
Folha

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