"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

QUEM VAI NOS SALVAR DA NOVA REPÚBLICA? NÓS MESMOS!




"O imperador D. Pedro II teve na vida dois grandes amores: ao Brasil e ao estudo. Para ele, o Brasil estava acima de tudo. No exílio, esses amores, em lugar de arrefecerem, aumentaram. O imperador sentia no mais alto grau esses dois amores. E sabe-se que sem amor não se faz nada".

Quem disse isso foi a Baronesa de Loreto ao jornalista Mozart Monteiro, do extinto "O jornal", em 1925. O texto foi descoberto, em recente pesquisa, pelo historiador José Murilo de Carvalho, autor da biografia de D. Pedro II. Que reflexões podemos fazer sobre esta nota publicada na coluna do Ancelmo Góis, sábado (6), em O Globo?

Muitas... A primeira, de cara e lamentável, é que não temos estadistas no Brasil com a mesma qualidade do D. Pedro II - que nunca precisou andar de bicleta em público como jogada de marketagem. A segunda é que a queda de D. Pedro foi uma das maiores tragédias para atrasar, impedir ou inviabilizar a construção da civilização brasileira. O Brasil caminhava para se tornar uma potência mundial no final do século 19.

Desastre de mesma proporção só a posse do "imperador" do maranhão, José Sarney, na Presidência da República, no golpe militar de 1985, após a morte de Tancredo Neves, que nem chegou ser empossado, em função da doença que o mataria. Com estas duas passagens, o Brasil retrocedeu histórica e democraticamente. Os dois episódios (queda do Imperador com a "república" e posse ilegítima do que se acha "imperador" na "nova república") foram causados por intervenções militares diretas.

A lição da história recomenda: não basta intervir, se você não sabe direito o que fazer, deixando tudo como dantes, ou ainda pior, na Bruzundanga do Abrantes... Não basta intervir se você não tem o pleno conhecimento do inimigo que vai engoli-lo na primeira curva... Não basta intervir se você se alia, querendo ou não, na segunda hora, ao que tem de pior na sociedade...

O Exército proclamou a República em 15 de novembro de 1889... Teria sido bacana se os militares e civis que apoiaram o golpe tivessem, efetivamente, implantado a tal República. Efetivamente, isto não aconteceu até hoje. O Brasil sobrevive, com fatal vocação terceiromundista, em um regime claramente oligárquico, no qual a coisa pública é violentada pela ação do crime institucionalizado. A tal "nova república" é mais que um deboche. É uma ditadura dos corruptos e da bandidagem.

A republiqueta de araque, na qual o modelo federativo nunca foi efetivamente implantado e respeitado em sua essência, incorporou elementos de "autoritarismo absolutista" a partir da década de 30, quando outro ídolo nacional, Getúlio Vargas, implantou o "Estado Novo" - cuja base, até hoje, vigora, em um "regime do branquinho doido". Mistura elementos regulatórios fascistas, com pitadas legais comunistas, práticas sociais-democratas, um discurso capitalista neolibertino, mais rentista que produtivo, consolidando nosso Capimunismo - autoritário, cartorial, cartelizado, centralizador, perdulário e corrupto.

Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Vana Rousseff, seus companheiros e comparsas da Base Amestrada merecem uma "estaltade cocô em praça pública pelo que estão fazendo pelo Brasil. Graças à incompetência ou ação criminosa deles, tudo dá errado, porém as besteiras e as sujeiras vêm à tona. O cidadão comum já sabe o que e quem não presta. Os verdadeiros inimigos do Brasil estão identificados pelo grande público. A conclusão geral é que passou da hora da faxina.  

Este modelo capimunista caminha para o esgotamento (literalmente o esgoto sanitário da História). O impasse institucional em que estamos mergulhado nunca foi antes visto. A ruptura parece inevitável. É questão de tempo. As oligarquias perderam sua capacidade de resolver tudo na base do simples conchavo. As "zelites" não sabem o que fazer... Mas a maioria das pessoas exige "mudanças".

O vácuo político, com demanda concreta por transformações benéficas, abre espaço para uma objetiva ação da sociedade que tende a despertar a verdadeira Elite Moral - aquela que não só indica, mas mete a mão na massa, com ideias e muito trabalho, para fazer as coisas boas acontecerem. Nas redes sociais da internet e nas ruas esta Elite Moral real já se manifesta e exerce sua pressão democrática legítima.

Como nunca antes na História do Brasil, a massa, antes apenas idiotizada e usada pela Oligarquia, agora começa a saber das coisas e a entender o que precisa mudar de verdade. O fenômeno global da rede, com as pessoas interagindo e assumindo o protagonismo, é resultante do inevitável avanço tecnológico da comunicação. As pessoas comuns, interligadas, se juntam e multiplicam a capacidade de ação proativa.

A revolução dos smartphones, com amplo acesso das pessoas a uma internet (mesmo cara e que não funciona direito, como no primeiro mundo), viabiliza informação, formação de grupos de pessoas unidas, e mobilização em favor de causas socialmente justas. Este movimento nunca antes experimentado e vivenciado no Brasil está gerando as pré-condições culturais, psicossociais e materiais que a História demanda para que as mudanças reais aconteçam.

Os três poderes no Brasil já pressentem a pressão, e vão sentir ainda mais o tranco, brevemente. Um sistema assentado na corrupção não resiste quando as pessoas comuns começam a entender como o jogo é jogado. Executivo, Legislativo e, sobretudo, o Judiciário terão de se submeter ao processo de desinfecção para o desenho de um novo modelo democrático, com transparência, regras claras e segurança do Direito, junto com o pleno exercício da pressão legítima do cidadão.

Na hora da efetiva mudança, como nunca antes em nossa História, ocorrerá um conflito de grandes proporções. Desta vez, o jogo não deve ser decidido na base dos tradicionais conchavos dos gabinetes dos dirigentes, dos políticos ou dos magistrados. A maioria da sociedade rejeita os atuais ocupantes dos espaços de poder. Quem tem a hegemonia agora, fatalmente, terá de reagir contra os que exigem mudanças. O grau de coragem ou de covardia deve determinar o quanto vai durar o tempo de conflito mais radical.

Nesse momento, aí sim, querendo ou não, as Forças Armadas terão de ser o fiel da balança. O jogo tende a ser vencido pelo lado do qual os militares ficarem. A maioria das pessoas, nas redes sociais, clama por intervenção militar. Os militares não farão intervenção direta. Os comandantes já deixaram isto bem claro. No entanto, eles sabem muito bem o cenário que se desenha vai exigir a participação deles na hora em que a Elite Moral da sociedade partir para a legítima Intervenção Constitucional (o termo, o conceito e o fenômeno correto do mais provável a acontecer).

Quando a Intervenção Constitucional efetivamente acontecerá? Eis a pergunta ainda sem resposta tão exata em relação ao prazo. O certo é que o modelo capimunista está indo completamente para o ralo. No entanto, o ponto de mutação só será percebido e vai acontecer realmente no momento em que o impasse institucional atingir seu limite máximo. Estamos nos aproximando dele... As "autoridades" não podem sair às ruas, sem seguranças... Vaias e xingamentos viraram pronomes de tratamento...

A regra é simples, com uma metáfora bem real e objetiva. A força de uma corrente é determinada pelo seu elo mais fraco. Quando ele se rompe, a corrente perde a função básica. Os elos da oligarquia tupiniquim nunca estiveram tão apodrecidos e enfraquecidos. O rompimento deles depende apenas da vontade política e da ação corajosa e determinada das Elites Morais - que precisam comprovar não estarem deitadas eternamente em berço esplêndido, como no Hino Nacional.

Os próximos 90 dias serão eletrizantes. A crise econômica tende a se agravar. O andar de baixo da pirâmide social, que vem elegendo o atual desgoverno há vários anos, já começa a reclamar da vida, se sentindo traído por quem ajudou a botar no poder. Por isso, aumentando os juros, para gerar mais dividendos e lucros para quem já tem muita grana, o desgoverno tenta sua última cartada, para reduzir a insatisfação no andar de cima. A turma do meio perdeu a paciência e exige mudanças imediatamente. Ao mesmo tempo, a evolução do mundo demanda um Brasil que produza e funcione sem tanta incompetência corrupção.

Os três poderes vão aguentar tanta pressão interna e externa? Até quando? A bola dos poderosos está murcha... E não estamos falando do Fifagate... A Lava Jato ainda tem um papel a cumprir no começo do saneamento básico da vida pública brasileira. Quando os primeiros tubarões forem fisgados, para uma temporada na cadeia, ou com condenações exemplares, estará dada a senha para o jogo de verdade começar...

Uma coisa precisa ficar bem clara no jogo que está para começar de verdade. Nada melhor que o exemplo histórico para desenhar a realidade nua e crua. O General Leônidas Pires Gonçalves, que ontem foi cremado, salvou a Nova República. Agora, não será um militar que vai operar a salvação. Só nós mesmos, cada um fazendo a sua parte, podemos nos salvar desta degradante Nova República que apodrece.

A responsabilidade é de cada um de nós, e não de outros "heróis" ou das Forças Armadas - amadas ou não. Simples assim...     


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

08 de junho de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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