"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 7 de junho de 2015

FAMÍLIAS EM APUROS, VIA DESEMPREGO E INFLAÇÃO



Enquanto o Ministério da Fazenda persegue cortes de quase R$ 70 bilhões no Orçamento deste ano e o Banco Central aumenta os juros contra a inflação, os mais pobres seguem sofrendo proporcionalmente mais nesta fase do ajuste. Via desemprego e inflação. A inflação acumulada em 12 meses para as famílias que ganham menos (2,5 salários mínimos; cerca de R$ 2.000) foi de 9%, quase um ponto acima da média geral prevista para maio.
Essas famílias representam nada menos do que dois terços do Brasil. Entre elas, a inflação é mais elevada por conta de gastos proporcionalmente maiores com energia, água, alimentos e transportes. Chegam a gastar 40% da renda com alimentação e 10% com transporte.
Qualquer diminuição do poder de compra desse pessoal significa cortar na carne, já que gastos supérfluos são muito reduzidos nesta faixa de renda.
Os gastos das famílias sustentaram durante anos a fio a economia brasileira e respondem por cerca de 60% do PIB (Produto Interno Bruto). Agora, estão em queda. Caíram 1,5% no primeiro trimestre do ano.
DESEMPREGADOS
No emprego, o trimestre encerrado em abril mostrou que o número de desempregados no país chegou a 8 milhões. Um aumento rápido, de 18,7% (ou 1,3 milhão de pessoas a mais), em relação ao trimestre encerrado em janeiro.
Isso levou a taxa de desemprego no Brasil para 8% no trimestre até abril (7,1% no mesmo período de 2014). Estatisticamente, o desemprego sobe neste momento muito mais por conta do aumento do número de pessoas procurando trabalho do que pela diminuição das vagas.
É um claro indício de que o orçamento familiar apertou. Quem só estudava, por exemplo, começa a se sentir premido a reforçar a renda doméstica, aumentando a taxa de desemprego.
Já o corte de vagas tem se concentrado bastante em setores de salários menores, como serviços e construção civil, de onde essas famílias tiravam parte da sua renda.
E VAI PIORAR…
Além da inflação mais elevada entre os de menor renda e aumento do desemprego, as famílias brasileiras sofreram uma abrupta interrupção na oferta de crédito e aumento dos juros.
Na última década, o volume de crédito na economia dobrou até atingir 55% do PIB. O que crescia a taxas de 40% ao ano agora mal passa de 10%. Os juros médios saltaram de 30% ao ano há dois anos para 42% agora.
Para onde se olha, no médio prazo as coisas ainda devem piorar antes de começarem a melhorar. E quem tem menos, como sempre, vai sofrer mais.

07 de junho de 2015
Fernando Canzian
Folha

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