"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de junho de 2015

"CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS"

Dilma dá calote de U$ 300 milhões em universidades americanas. É a "pátria educadora" do PT.


Mais uma picaretagem do governo Dilma: calote sem fronteiras.

(Folha) A principal bandeira de política externa da presidente Dilma Rousseff, o programa Ciência sem Fronteiras, causou uma saia justa com os EUA às vésperas da visita da líder brasileira à Casa Branca. O Brasil tem atrasado sistematicamente os pagamentos de mensalidades e taxas para as universidades americanas que participam do programa, segundo a Folha apurou com autoridades do governo brasileiro e americano. 

A Casa Branca entrou em contato com o governo brasileiro e advertiu que o país precisa saldar as dívidas, porque isso poderia acabar vindo a público e prejudicar a visita. Iniciado em 2011, o programa prevê concessão de até 101 mil bolsas em quatro anos --75 mil financiadas com recursos do governo e 26 mil pela iniciativa privada. Foram implementadas pouco mais de 78 mil, e hoje há 22.064 bolsistas brasileiros nos EUA. 

A dívida relativa ao primeiro semestre deste ano superava US$ 300 milhões, além de cerca de US$ 40 milhões do segundo semestre de 2014. Em maio, foi feito um pagamento das dívidas mais urgentes e pequena parte dos atrasados do ano passado. E a promessa era fazer mais um pagamento nesta segunda-feira (29), antes da reunião de Dilma com Obama no Salão Oval, que ocorre na terça (30). 

Folha apurou que a maior vítima de atrasos de pagamento do governo brasileiro era a Universidade da Califórnia. O governo americano quer resolvê-los da forma mais discreta possível --o programa interessa muito às universidades do país, por ser uma nova fonte de receita. "Os atrasos eram grande preocupação, mas, depois que foram reiniciados os pagamentos, ficamos um pouco mais tranquilos. Vamos ver como evolui", disse à Folha uma autoridade dos EUA. 

Já haviam sido relatados atrasos dos pagamentos de ajuda de custo do Brasil aos bolsistas do programa. Os pagamentos são feitos pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ligada ao Ministério da Educação) para a Fulbright-Institute of International Education, que repassa às universidades. 

A Capes nega atraso. Em resposta por e-mail à Folha, em 9 de junho, o ministério afirmou: "A Capes informa que tem dado andamento ao pagamento das faturas dos parceiros internacionais. Na semana passada, o MEC liberou R$ 322 milhões, cujo repasse pela Capes aos referidos parceiros encontra-se em fase de tramitação bancária". Indagada novamente se não há atrasos, a Capes negou e disse que o calendário de pagamento tem sido seguido.

30 de junho de 2015
in coroneLeaks

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

O Samba do Brasil Doidão





Se o sapientíssimo Sérgio Porto pudesse ressuscitar, Stanislaw Ponte Preta seria obrigado a reescrever o Samba do Crioulo Doido. A obra prima repaginada se chamaria "O samba do Brasil doidão". A situação anda tão louca que nem precisa de impeachment da Mulher Sapiens que virou fã da mandioca. Do financiamento ilegal da campanha (denunciado por empreiteiros na Lava Jato) até a pedalada fiscal criminosa, Dilma Rousseff já se autoimpediu. E tome mandioca!

Plagiando Stanislaw, Dilma é, literalmente, uma "Erradinha do Lalau". O desgoverno dela supera qualquer "Festival de Besteiras que assola o País". A Presidenta Porcina, que já era sem nunca ter sido Presidente, é uma Febeapá ambulante. Pior que ela só o $talinácio. Agora, o mais grave de tudo. O satírico Stanislaw seria forçado a rebatizar seu livro. A máquina de fazer doido teria de se chamar "A máquina de fazer doidão".

O motivo é elementar. Que o governo brasileiro é uma droga a maioria sempre soube e constata facilmente na presente conjuntura. A estrutura capimunista do Brasil é uma droga maior ainda. O problema é que tem algo cheirando pior ou fedendo muito por aqui. O mais recente estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), avaliando o período de 2001 a 2012, constatou que foi daqui do Brasil que saiu a maior quantidade de cocaína apreendida no mundo. Há dez anos somos o corredor preferido para escoar para o resto do mundo a droga que se supunha originária nos países andinos.

Um dos estudiosos do assunto derruba um mito de que a cocaína vem de fora. O ex-secretário nacional de política sobre drogas, o juiz Wálter Maierovitch, adverte que a folha de coca vem dos países andinos, mas o processamento ocorre aqui no Brasil. Ou seja, no País da impunidade ampla, geral e irrestrita, o comércio ilegal de drogas se consolidou. O motivo? A governança oficial do crime institucionalizado viabilizou o crescimento de todos os negócios fora da lei. Assim, o tráfico de drogas faz parte integrante do sistema de corrupção política e lavagem de dinheiro.

O esquema é manjado. Só não enxerga quem está se locupletando com tanta doideira. É fácil constatar que grana lavada com o comércio ilegal de drogas retroalimenta a violência urbana. Não é tão simples enxergar que o mesmo dinheiro sujo pode ser facilmente lavado no financiamento de campanhas políticas e em grandes empreendimentos. A mesma grana também pode "gerar riquezas" e se transformar em negócios nos países para onde a droga é preferencialmente exportada, como Portugal, Espanha e países lusófonos do continente africano.

Precisa desenhar? De onde vem a grana que banca e dá lucro a tantas empreiteiras transnacionais em países miseráveis? Basta "seguir o dinheiro" - como sempre recomenda, cuidadosamente, o juiz Sérgio Moro, na metodologia para pegar bandidos. O problema é que fazer isto na investigação do narcotráfico se torna, rapidamente, uma ação não-recomendável. A própria Lava Jato, em sua origem, começou a detectar as relações entre corrupção, política, lavagem de grana e tráfico de drogas. "Ordens superiores" ou "forças ocultas" fizeram o assunto morrer no nascedouro.

Ninguém deve se esquecer que a relação entre ação política-ideológica e o negócio das drogas é umbilical na América Latina, Caribe e África. Quem se aprofundar nas biografias do famoso Pablo Emílio Escobar Gavíria vai encontrar elementos que comprovam tal ligação. O modelo pensado por Escobar, inclusive, foi usado, claramente, na gestação, em 1990, do Foro de São Paulo. A inteligência das Forças Armadas cansou de alertar que a entidade fundada por Fidel Castro e pelo companheiro Luiz Inácio Lula da Silva também agrupou grupos narcoguerrilheiros em suas fileiras.

O negócio é explosivo e merece estudo e investigações muito sérias. Novamente, o obstáculo prático. Quem tem condições de cumprir tal missão. Nem o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) pode ir tão longe. Até porque não se pode supor que a lavagem transnacional do dinheiro de drogas não passe por grandes instituições financeiras. Na hora que a apuração da sacanagem chega aos grandes bancos e seus tentáculos em paraísos fiscais, a ordem para o abafamento vem automaticamente.

O modelo ficou tão manjado que precisa ser alterado. Para piorar, o negócio do crime perdeu o controle sobre a maluquice radical dos grupos terroristas - que também operam os lucrativos tráficos de pessoas, órgãos e armas, além das drogas. Quem criou os monstros agora não dá conta de neutralizá-los. E tem outro aspecto cinicamente pragmático no processo de guerra ao crime transnacional. As famosas "guerras ao terror e aos tráficos" movimentam bilhões de dólares em um modelo comercial que não tem o menor interesse em solucionar definitivamente o problema, mas sim manter o tal "combate permanente" ao custo de bilhões.

Enquanto isso, quem dança é o ser humano. A prevalência do uso de drogas no mundo permanece estável. Cerca de 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2012. Usuários de drogas problemáticos, por outro lado, somaram por volta de 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas. Os números estão no recém divulgado Relatório Mundial sobre Drogas 2014 da ONU.

Por tudo isto, é literalmente uma droga ter um desgoverno doidão e corrupto no Brasil. Só não somos uma potência mundial por falta de poderio bélico atômico das forças armadas e porque não temos um povo bem atendido por Educação e Saúde. Já em capacidade de produzir alimentos, minérios e água somos imbatíveis. Agora, não interessa para a estabilidade da economia e da utópica paz mundial que o Brasil "contribua" como o maior centro distribuidor de drogas do Planeta.

Eis o motivo essencial para que muitas drogas sejam banidas da política brasileira no curtíssimo prazo. Formalmente, a perdida Dilma não cairá porque o governo dela é uma droga. Ela será "trocada" porque o sistema precisa substituir suas marionetes. Neste cenário é que deveria demonstrar capacidade de intervenção a Elite Moral do Brasil - se é que ela existe de verdade - não só na ficção do discurso dos grupos no maravilhoso mundo virtual.

O desgaste total da Dilma (ou de qualquer Zé Mandioca que ocupar a Presidência do Brasil) não tem mais volta. Por isso, os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira (tomara que eles demonstrem força para atingir a hegemonia) têm uma chance única de botar ordem para o progresso do País. Só não pode incorrer no erro de sempre. Nada resolve - e ainda pode piorar o problema - implantar uma ditadura (por mais esclarecida que seja) para substituir a atual.

A hora da decisão nunca esteve tão próxima. O impasse institucional se agrava como nunca antes na história deste País. Os três poderes, altamente desgastados, batem cabeça. A maioria da sociedade, alarmada com a violência e afetada pela crise (que combina carestia, inflação e desemprego), aumenta a tensão e dá sinais de que pode perder a paciência a qualquer momento. A tendência é de conflito. A barbárie e o caos estão apenas começando. O desfecho no day after é imprevisível.        
Enfiando


Entendimentos


Piração geral


Mestre Cartola, explique o motivo...



30 de junho de 2015
 Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. 

O ALOPRADO MERCADANTE REASSUME PAPEL DE "MALA SEM ALÇA" DO PT



(Estadão) A presidente Dilma Rousseff iniciou neste domingo, 29, sua viagem oficial aos Estados Unidos com a preocupação de não deixar que a principal aposta de sua agenda internacional este ano seja contaminada pela citação dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC. Dilma se encontra hoje com investidores americanos e o presidente Barack Obama.

A decisão de manter Mercadante em Brasília foi tomada na reunião emergencial convocada na sexta-feira à noite, no Palácio da Alvorada, justamente para evitar que a crise embarcasse junto com a comitiva presidencial. A medida, acreditam auxiliares da presidente, serviu para proteger o governo do escândalo e deixá-lo circunscrito ao território nacional e minimizar o desconforto com o episódio. 

Em um momento considerado crucial para a agenda positiva do governo, o Planalto quis evitar que um dos ministros mais próximos de Dilma fosse obrigado a dar novas explicações à imprensa nos Estados Unidos, enquanto as atenções estão voltadas à atração de novos investidores e no resgate da credibilidade da economia perante a comunidade internacional. 

“A viagem vai servir para dizer que o governo não está afogado em uma série de notícias negativas circunstanciais”, comentou um integrante da comitiva presidencial à reportagem. Com a revelação do teor da delação, uma ala do governo passou a defender internamente o afastamento de Mercadante e de Edinho, mas por ora Dilma mantém o voto de confiança nos ministros e não cogita mudanças. Para essa ala, a nomeação de Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social (Secom) arrastou a crise para as proximidades do gabinete da presidente. 

Ricardo Pessoa entregou à Procuradoria-Geral da República planilha intitulada “Pagamentos de caixa dois ao PT” na qual lista repasse de R$ 250 mil à campanha de Mercadante ao governo de São Paulo, em 2010. O empresário acusa Edinho de tê-lo pressionado para doar R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma em 2014, sob o risco de perder contratos na Petrobrás, segundo a revista Veja. Os dois ministros negam as acusações e dizem que as doações foram legais.

“O Edinho, ao invés de estar defendendo o governo, está tendo de se defender das denúncias”, comentou outro auxiliar da presidente Dilma. “Cada vez que ele tem de sair do papel de ministro da Secom para defender o governo e encarnar o papel de tesoureiro e responder denúncia, fica muito ruim pra Dilma, porque respinga nela pela proximidade.”

30 de junho de 2015
in coroneLeaks

FLAGRANTE: PROPAGANDA PARTIDÁRIA EM ESCOLA DO PR



É um tremendo absurdo e acontece sempre, mas ao mesmo tempo é algo que raramente se divulga, tanto menos aparecem flagrantes tão expressos. Segue trecho da reportagem do UOL Educação, por Lucas Gabriel Martins, voltamos em seguida:
“Dois professores do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) Ayrton Senna da Silva, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, aplicaram uma atividade polêmica aos alunos. A avaliação, que está circulando pelas redes sociais, tem perguntas do tipo “‘Por que Beto Richa é contra a sociedade?”‘, “Por que aconteceu o massacre dos (as) educadores (as)”, “A greve dos educadores foi justa?” e “‘Você concorda com o impeachment de Beto Richa”?” (grifo nosso)
Pois é. Questiona-se, com razão, a doutrina ideológica invariavelmente esquerdista das escolas no Brasil todo, especialmente públicas. Falam, por exemplo, que o assassino Che Guevara seria um herói e atribuem ao socialismo todo tipo de utopia maluca, ao mesmo tempo escondendo os genocídios. Vai daí para baixo.
Mas este caso do Paraná é ainda mais complicado, pois a doutrinação é também partidária, com ataques baixos ao adversário do sindicato dos professores (sendo também esse sindicato atrelado a partidos políticos). Os professores estão usando a posição privilegiada para fazer propaganda político-eleitoral. E em prova!
Isso faz parte da autonomia garantida as docentes? Evidentemente, não. Que se tomem as providências e, mais ainda, avancem também sobre a pregação ideológica que há tempos vem tomando lugar do conteúdo escolar de fato.
Nesse sentido, apresentamos a todos o bom trabalho da Escola sem Partido.

30 de junho de 2015
implicante

CONFUSÃO PROPOSITAL




É patética a tentativa do PT e de seus aliados na rede midiática financiada pelo governo de confundir alhos com bugalhos, colocando na mesma cesta os políticos financiados pelo dinheiro corrupto desviado da Petrobras e outros, também financiados pela empreiteira UTC de Ricardo Pessoa.

Como as doações foram feitas para políticos de vários partidos, querem fingir que todos deveriam ser criminalizados ou absolvidos, o que é uma besteira. Os políticos de qualquer partido que tiverem recebido dinheiro do caixa 2 para suas campanhas eleitorais merecem punições da legislação eleitoral.

Pode ser o caso do senador do PSDB Aloysio Nunes Ferreira, que nega ter recebido R$ 200 mil em dinheiro, mas declarou R$ 300 mil de doações da Constran, uma subsidiária da UTC. Como Aloysio na ocasião das doações tinha nas pesquisas 2% de intenções de votos e estava em sétimo lugar nas pesquisas para Senador em São Paulo, candidato por um partido de oposição, as doações certamente só poderiam ser feitas por amizade, e não por interesse em sua atuação. Em nota, ele atribuiu as doações à amizade com um executivo da Constran.

Outro caso é o do deputado Júlio Delgado, do PSB, que teria recebido R$ 150 mil da UTC para ajudar a melar a CPI da Petrobras. Além de se sentir um otário, pois, segundo delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa o ex-presidente do PSDB já falecido, Sérgio Guerra, teria recebido R$ 10 milhões para o mesmo fim, Delgado, se ficar provado que agiu de má-fé nesse sentido, merece punição grave da Câmara, até mesmo ser cassado por falta de decoro.

O fato de os dois pertencerem a partidos de oposição que aparecem na lista não anula as acusações contra os petistas e os aliados do governo. O que é preciso buscar é a razão por que candidatos receberam dinheiro da empreiteira, legal ou ilegalmente. O caminho mais simples é identificar quais políticos teriam condições de ajudar a UTC a ter vantagens no governo petista ou, mais especificamente, na Petrobras.

Certamente políticos de oposição não podem entrar nesta lista, o que faz com que a seleção natural dos culpados por desvios de dinheiro dos contratos da Petrobras e suas subsidiárias leve aos candidatos do PT e dos aliados do governo.

Por isso, não tem a menor importância que a UTC tenha dado milhões de reais para a campanha de Aécio Neves a presidente. É claro que o interesse nesse caso era o de garantir simpatia, caso a oposição vencesse as eleições. Aliás, essa distribuição de dinheiro sem critérios programáticos é uma das correções que devem ser feitas na regulamentação do financiamento privado das campanhas eleitorais. Não é possível permitir que a mesma empresa doe para diversos partidos e candidatos na mesma eleição.

A mesma lógica torta aparece para tentar desqualificar o processo do Tribunal de Contas da União (TCU) contra a presidente Dilma. Na delação premiada de Ricardo Pessoa, ele revelou que deu uma mesada de R$ 50 mil ao filho do presidente daquele órgão Aroldo Cedraz para receber informações privilegiadas sobre os processos que interessassem à empreiteira.

Ora, mesmo que se prove verdadeira a acusação, ela não invalida o trabalho dos técnicos do TCU sobre as contas do governo Dilma, nem tem o condão de desfazer as “pedaladas” fiscais e os crimes contra o Orçamento realmente praticados.

Esse raciocínio de má-fé leva a que, no extremo, chegue-se à inviabilização de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma por que há políticos notoriamente corruptos no Congresso. Talvez seja mesmo esse o objetivo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Todos os corruptos, seja de que partido forem, merecem punições de acordo com o que praticaram.

Na corrupção da Petrobras, não há como retirar do PT a culpa original, e dos partidos aliados do governo uma co-autoria com direito a altas somas. Basta lembrar que Ricardo Pessoa declarou em sua delação premiada que o grupo do senador Fernando Collor recebeu nada menos que R$ 20 milhões de comissão por uma obra na BR Distribuidora.

30 de junho de 2015
Merval Pereira é Jornalista e membro das Academias de Letras e de Filosofia.

AS PEDALADAS OU PAULADAS ATUAIS



A entrevista de Dilma a Jô reafirmou três coisas: a completa alienação da realidade, o despreparo intelectual da presidente, e a vergonhosa submissão e domesticação do Jô, que, reconheçamos, é uma pessoa inteligente e culta, e deve ter se sentido envergonhado com as idiotices de Dilma, mas fez cara de que estava inebriado. Quanta hipocrisia!!!

Dilma, ao falar da bíblia, disse que (sic) ela trabalha com metáforas...., que a metáfora é uma imagem,... nada mais do que transformar imagem (sic). A metáfora não é isso, é uma figura de linguagem, que não muda imagem nenhuma, pelo contrário, mantém a imagem, só que a descreve com outros termos, palavras e expressões menos comuns, geralmente com inteligência e poesia, mantendo, porém, semelhança com a descrição anterior. Quando se diz que Está chovendo, a metáfora diz que O céu está chorando. Quando se diz que Maria canta bem, a metáfora diz que Maria é um rouxinol!

Quando se diz Cansei de tentar resolver esses problemas!, a metáfora diz Cansei de dar murros em ponta de faca! Ou seja, mantém a analogia, não transforma a imagem nenhuma!!!

Dilma quer porque quer ser chamada de presidenta, quando a gramática estabelece que as palavras terminadas em nte são comuns de dois gêneros, ou seja, servem aos dois sexos, só alterando o artigo, como o(a) amante, o(a) cliente, o(a) pedinte, o(a) contribuinte, o(a) descontente, o(a) valente, o(a) carente.... A única exceção é parente, que tem feminino, parenta. Promulgou lei (que trata de diplomas e não de cargos)  e conseguiu que alguns dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da ABL, admitissem outra exceção, presidenta, que é rejeitada pela imprensa e pelo povo, só sendo obedecida no Executivo, por imposição da arrogância e vontade presidencial. Será porque ela é uma mulher sapiens?

A recente entrevista, e muitos escorregões e besteiras anteriores, acabou permitindo outra metáfora: em vez de se dizer que Dilma só fala estultices, diz-se que Dilma é uma presidAnta....

Com a profusão de meios e programas de comunicação, é difícil, atualmente, deixarmos de saber o que está ocorrendo no País e no mundo. Parece, pois, incrível, mas eu nunca havia visto ou ouvido falar nesse cantor e compositor Cristiano Araújo, morto recentemente em acidente de carro. Talvez porque música sertaneja me seja absolutamente dispensável.

Mas, a comoção com a sua morte e cobertura na televisão nos remete a esse fenômeno da histeria popular com celebridades, que só mesmo os que trabalham com o comportamento e relacionamento humano podem explicar. Por que essa idolatria a artistas, esportistas e figuras públicas em geral, muitas tatuadas em quase todo o corpo, com brincos e  cabelos, quando não desgrenhados, cortados  ridiculamente, só para ostentar ou chamar a atenção, de vestimentas apertadas, andrajosas e desbotadas, nada combinando com nada, sempre o mesmo estereótipo, geralmente importado do que há de pior e mais chulo no mundo ... Sem falar em episódicos envolvimento com drogas ou comportamentos indevidos, como podem certas figuras servir de espelho e modelo para a nossa juventude? Quem sabe isso é que explique a atual desorientação e desrespeito aos costumes?

Voltando ao tragicamente falecido Cristiano, noticia de ontem, disse que, dois funcionários da clinica de tanatopraxia (é metáfora?), que prepara corpos para o funeral, para onde foram encaminhados o cantor e namorada, gravaram vídeos dos corpos e publicaram nas redes sociais. Segundo a notícia, a clínica os despediu por justa causa, a Polícia abriu inquérito e a  família vai processá-los...

Como? Não foi recentemente decidido pelo STF que a liberdade de expressão é mais importante do que a privacidade das pessoas????? 

                                                                                       *******
Nosso maravilhoso papa Francisco, é uma pessoa atuante com respeito, especialmente, às misérias do mundo. Ao assinar, ontem, no Vaticano, acordo entre a Santa Sé e o Estado da Palestina, negociado por 15 anos, que estabelece os direitos da Igreja Católica nos territórios palestinos, reconhece, de fato, a existência do Estado da Palestina, já considerado como Estado  observador da ONU desde novembro de 2012. Segundo a OLP, o Vaticano é o 136º país que reconhece o Estado da Palestina.

Enquanto isso, as reações oficiais de Israel, sempre agressivas e fundamentalistas, especialmente do primeiro-ministro de nome complicado, foram sintetizadas no repetido chavão de que (sic) vai dificultar a paz (sic)! É muita desfaçatez! O mundo quer a paz na região, e um gesto do Papa e da Igreja Católica vão dificultar a paz????

Este mundo está se afogando em hipocrisia. Já não bastam os políticos, os advogados, a Odebrecht e suas argumentações pagas em jornal, os petistas, a Dilma, o Lula, o Maluf, Jô,....,!!!! E o diretor da Petrobras, pego com uma fortuna em quadros de pintores apreciados, escondidos em compartimento secreto em seu apartamento, dizendo Que país é esse??????

E a advogada afirmar que o sentido da palavra "destruir", usada no bilhete enviado por Marcelo Odebrecht a seus advogados, na expressão "destruir e-mail sondas", não era de destruição de provas, mas de rebater a prova, e que, para ela, a PF "tenta tumultuar o processo para justificar a prisão ilegal" de seu cliente?????
Ora, para esses hipócritas, dá até vontade de repetir o que o Boechat disse ao Pastor Malafaia....


                                                               *********
Lembram-se, em agosto de 2014, quando o banco Santander demitiu quatro funcionários após a divulgação de uma análise prevendo cenário ruim para investimentos, caso a presidente Dilma fosse reeleita? Na ocasião, petistas, reagiram irados. Rui Falcão, presidente do PT disse que se tratava de uma situação inadmissível e terrorismo eleitoral. Lula, em discurso a sindicalistas, afirmou que o analista que escreveu o textonão entende p... (sic) nenhuma sobre o Brasil'. Dilma, furibunda (o termo é bom e diz tudo...), disse que o pedido de desculpas não era suficiente, e que queria falar com o presidente do banco.

Além de cercear o Santander, o partido também protocolou uma representação impedindo que a consultoria de investimentos publicasse as suas análises, que previssem as dificuldades  da economia, caso a presidente Dilma fosse eleita. Coincidentemente, dois dias após o episódio, a prefeitura de Osasco cancelou um contrato de 2 bilhões de reais com o banco espanhol.

Quando a análise do banco foi divulgada na imprensa, o presidente do Conselho do banco, um lambe-botas, ou com rabo de fora em outros assuntos governamentais, em vez de defender seus funcionários, arriou as calças (olha a metáfora aí!!!) enviando comunicado afirmando que o texto não transmitia a opinião do banco, que não era papel da instituição induzir clientes ao voto, e que o banco havia tomado providências em relação aos responsáveis, o que redundou na demissão de quatro funcionários, um dos quais saiu dizendo, com absoluta correção, que(sic)era pago para dizer o que pensava (sic).

Naquela ocasião, a desmedida reação petista, usando outra metáfora, saiu pela culatra, pois dobrou o número de clientes da consultoria....Hoje, com esses alarmantes índices fiscais, financeiros e sociais do governo, nunca antes na história deste país, constata-se que os quatro funcionários estavam – outra metáfora - cobertos de razões.

Não sei que fim levaram, mas devem estar muito bem empregados e remunerados. Lamentavelmente, embora acuados, enxovalhados e no volume morto (olha a metáfora, de novo!!!), o mesmo se pode dizer de Falcão, Lula e Dilma, Jô.....

É hora de, quem pode, aplicar uns caraminguás na atual consultoria daqueles funcionários.

Só não apostem no PT....

30 de junho de 2015
Luiz Sérgio Silveira Costa é Almirante, reformado.

HINO A LULA

Luiz Inácio Lula da Silva, nosso querido Lula, é uma das raras e fantásticas lideranças que conseguem transcender os limites de sua origem social, de sua cultura e de seu tempo histórico. Obrigado, Stálin. Obrigado, pois estou jubilante.

O culto a Stálin, deflagrado em meados dos anos 1930, acompanhou a ascensão do líder à condição de ditador inquestionável da URSS. O culto a Lula, expresso pela nota da bancada de senadores do PT, acompanha o declínio do ex-presidente, exposto como lobista do alto empresariado associado ao Estado.

Lula se fez contra os terríveis limites históricos, sociais e políticos que lhe foram impostos. É aquela criança pobre do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos cinco anos, mas que sobreviveu. É aquele miserável retirante que veio para São Paulo buscar, contra todas as probabilidades, emprego e melhores condições de vida, e conseguiu. Lula é, sobretudo, esse fantástico novo Brasil que ele próprio ajudou a construir. Obrigado, Stálin, pois estou bem. Séculos transcorrerão e as gerações futuras nos venerarão como os mais afortunados dos mortais porque tivemos o privilégio de ver Stálin.

O culto a Stálin tinha a finalidade de legitimar a eliminação física de toda a liderança bolchevique dos tempos da revolução de 1917, que se faria por meio dos Processos de Moscou. O culto a Lula tem, apenas, as finalidades de conservar o status quo no PT, evitando a crítica e a mudança, de impulsionar uma candidatura presidencial fragilizada e de tentar esterilizar as investigações da Lava Jato.

No cenário mundial, ninguém põe em dúvida a liderança de Lula no combate à pobreza, à fome e às desigualdades. Lula é o grande inspirador internacional das atuais políticas de inclusão social, reconhecido por inúmeros governos de diferentes matizes políticos e ideológicos. Lula é o rosto do Brasil no mundo. Os homens de todas as épocas chamarão teu nome, que é forte, formoso, sábio e maravilhoso.

O culto a Stálin atravessou duas fases. Na primeira, quando os ecos da revolução ainda reverberavam, o líder foi descrito como a imagem viva do proletariado internacional. Na segunda, marcada pela guerra mundial e associada à propaganda patriótica, Stálin tornou-se a personificação do povo soviético. O culto a Lula assemelha-se, nesse particular, à fase derradeira do culto a Stálin: o PT almeja ser igual ao Brasil.

Lula está muito acima da mesquinhez eleitoreira. Todas as vezes que me vi em sua presença, fui subjugado por sua força, seu charme, sua grandeza – e experimentei um desejo irreprimível de cantar, de gritar de alegria e felicidade. Lula é tão grande quanto o Brasil. Lula carrega em si a solidariedade, a generosidade e a beleza do povo brasileiro. Para esse povo e por esse povo, Lula fez, faz e fará história.

O culto a Stálin, uma engrenagem da propaganda de massas do totalitarismo, era a face midiática de um Estado-Partido que abolira a política, extinguindo por completo o fogo da divergência. O culto a Lula, ensaiado por políticos de terceira numa democracia representativa, é uma farsa patética: o sinal distintivo da degradação da linguagem petista. Atrás do culto ao líder soviético, desenrolava-se uma tragédia histórica. Atrás do culto ao chefão petista, descortina-se somente o vazio de ideias de um partido desnorteado, precocemente envelhecido.

Lula é uma afronta às elites que sempre apostaram num Brasil para poucos, num Brasil de exclusão e de desigualdades. Ó grande Lula, ó líder do povo/Tu que trazes os homens à vida/Tu que frutificas a terra/Tu que fazes a primavera florescer/Tu que vibras as cordas da música/Todas as coisas pertencem a ti, chefe do nosso grande país. E, quando a mulher que amo me presentear com um filho, a primeira palavra que ele deve proferir é: Lula.

Stálin matava de verdade; Lula mata de tédio.


30 de junho de 2015
Demétrio Magnoli, Folha de SP

SIGA O DINHEIRO

Chapa de Dilma pode vir a ser impugnada.

A famosa frase "Follow the money" ("Sigam o dinheiro") nunca foi dita por Mark Felt, o vice-diretor do FBI que ficou famoso como o informante Deep Throat do Watergate, para os repórteres do "Washington Post" Bob Woodward e Carl Bernstein. Foi inventada pelo diretor do filme, Alan J. Pakula, mas entrou para a história.

Assim como em Watergate, a orientação de seguir a trilha do dinheiro é o caminho que o Ministério Público tem para validar a delação premiada do chefe do "Clube das Empreiteiras", Ricardo Pessoa da UTC.

Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu minuciosamente como financiou campanhas com o dinheiro desviado da Petrobras, confirmando a prática de lavar dinheiro fruto da corrupção em doações registradas legalmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive para as campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014.

A denúncia de Ricardo Pessoa confirma outra delação premiada, a do vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo Leite, que acusou o tesoureiro do PT João Vaccari de tê-lo coagido a fazer o pagamento de propinas como doações legais.

Assim como o ex-gerente Pedro Barusco, subordinado de Duque na Petrobras, Ricardo Pessoa também forneceu detalhes que possibilitam verificar suas acusações, como as planilhas de distribuição de propinas com as datas. Cabe ao Ministério Público comparar os dias de desembolso de verbas para as obras da Petrobras e a chegada de dinheiro na conta do PT.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, já havia prorrogado por mais um ano o prazo para que as contas eleitorais da presidente Dilma permaneçam disponíveis na internet. A decisão foi motivada por suspeitas de outras irregularidades, que ele considera "gravíssimas", como o pagamento de R$ 20 milhões a uma gráfica fantasma ou a uma firma, a Focal, para montar palanques presidenciais, no valor de R$ 25 milhões.

Há além disso outros dois processos no Tribunal Superior Eleitoral contra a campanha do PT e 2014, a partir de denúncias do PSDB, um com a ministra Maria Teresa, e outro com o ministro João Noronha, ambos do STJ. Paulo Roberto Costa e o doleiro Youssef já foram ouvidos sobre outras denúncias de uso de dinheiro desviado da Petrobras na campanha de 2014.

A impugnação da chapa por "abuso de poder político e econômico" pode ser uma das consequências da denúncia, o que provocaria uma nova eleição se o caso for resolvido na Justiça Eleitoral nos dois primeiros anos de mandato, isto é, até o final de 2016.

Caso ocorra uma decisão a partir do terceiro ano, haveria uma eleição indireta pelo Congresso, para o término do mandato. A gravidade de usar o TSE para "lavar" o dinheiro da corrupção pode gerar uma reação mais dura da Justiça Eleitoral, pois fere a credibilidade do tribunal, como já escrevi aqui.

O processo no TSE pode gerar também o de impeachment, por crime de responsabilidade, além do questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os crimes contra o Orçamento cometidos no último ano do primeiro mandato da presidente Dilma.

Aos poucos vai se formando um cenário difícil de ser ignorado, tantas são as irregularidades cometidas durante o primeiro mandato, culminando com a eleição presidencial em 2014. Como as denúncias se referem a fatos ocorridos quando Dilma já era presidente da República, cabe o processo, ao contrário das denúncias rejeitadas pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, que se referiam à eleição de 2010, quando Dilma era ministra e candidata a presidente. As "pedaladas" fiscais e demais crimes contra o Orçamento pegam apenas a presidente Dilma, o que permitiria ao vice Michel Temer assumir o cargo em caso de impeachment. O financiamento eleitoral com o uso de dinheiro desviado do petrolão leva à impugnação da chapa.


30 de junho de 2015
Merval Pereira, O Globo

O PT E SUAS FALÁCIAS

Após a homologação pelo STF da delação premiada de Ricardo Pessoa, dono das construtoras UTC e Constran e apontado como articulador do cartel de empreiteiras acusado de atuar no escândalo da Petrobrás, o PT tenta se defender com todos os recursos disponíveis das suspeitas que recaem mais pesadamente do que nunca sobre a rapaziada. Mobiliza uma ampla rede de militantes na internet, desmente tudo com hipócrita indignação e, no último fim de semana, escalou para falar ministros acusados de se beneficiarem da roubalheira. O repertório petista, quase sempre baseado no princípio de que a melhor defesa é o ataque, torna-se mais falacioso à medida que a pressão sobre o partido aumenta.

Um recurso recorrente da contraofensiva petista é a tentativa de desqualificar o instituto da delação premiada, colocando os denunciados na posição de vítimas de malvados fora da lei que pretendem apenas aliviar a própria culpa. Quem concorda em fazer um acordo de delação tem a intenção de, em troca, ver reduzida a pena a que vier a ser condenado. É o caso do próprio Ricardo Pessoa, que já se beneficia da prisão preventiva domiciliar monitorada por tornozeleira eletrônica. O que os petistas não contam é que uma delação premiada só é homologada pela Justiça – como o fez o ministro Teori Zavascki com o depoimento de Pessoa – após a comprovação de uma base factual que dê credibilidade às denúncias. Se o juiz entender que as denúncias são improcedentes, o acordo é anulado. Quer dizer: delator mentiroso não ganha nada com isso.

Outra esperteza petista, incorporada a seu discurso desde que o PT chegou ao poder e passou de estilingue a vidraça, é tentar se eximir de culpas com o argumento descarado de que seus adversários cometem exatamente os mesmos malfeitos que lhe estão sendo atribuídos. É a isonomia às avessas, segundo a qual todos são iguais não perante a lei, mas perante o crime: se meu adversário pode roubar, eu também posso.

Foi partindo exatamente desse raciocínio – de que roubar não faz mal porque todo mundo rouba – que o presidente Lula impôs, em nome da governabilidade, o peculiar “presidencialismo de coalização”, que justificou o PT ter renegado toda sua pregação histórica pela probidade na vida pública para se aliar aos mais notórios corruptos da política brasileira. De outra maneira, argumentam até os petistas bem-intencionados, “é impossível governar”. Deu no que está aí.

Outro truque a que os petistas – como, de resto, os políticos em geral – recorrem na maior caradura é garantir, invariavelmente, que todo o dinheiro recebido de empresas privadas constitui “doação legal” e “devidamente registrada” na Justiça eleitoral. Ora, o fato de uma doação estar registrada na contabilidade oficial do partido nada prova em relação a sua origem. É sabido, por óbvio, que nas relações com o poder público os empresários não fazem doação, mas um investimento que esperam recuperar com boa margem de lucro. E esse investimento pode ser o produto de chantagem ou das “regras do jogo”, como alegam os cínicos. Investigações como as que estão sendo realizadas com rigor e empenho pela Operação Lava Jato estão servindo para esclarecer de onde vieram as “doações legais” que alimentam os cofres partidários.

É óbvio também, quando se trata de receber “doações”, que quem está no governo leva enorme vantagem sobre quem não está e, portanto, pouco ou nada tem a oferecer em troca. Não é por outra razão que, na mamata da Petrobrás, o propinoduto estava montado para jorrar “doações” e “recursos não contabilizados” – para usar a expressão consagrada pelo primeiro tesoureiro petista a ir para a cadeia – nos cofres do PT e de seus dois principais aliados no governo, o PMDB e o PP.

Acusado por Ricardo Pessoa, o ministro Edinho Silva, chefe da Comunicação Social da Presidência, fez um bom resumo de todos os argumentos falaciosos do PT, ao protestar contra as “mentiras divulgadas pela imprensa”: “Causa-me indignação a tese de criminalização seletiva das doações da nossa campanha (de Dilma, em 2014). E acho estranho suspeitas colocadas apenas sobre as doações legais da campanha da presidente Dilma, enquanto outros partidos também receberam”. Se a defesa da elite do PT ficar nisso, as cadeias vão lotar.

30 de junho de 2015
Editorial O Estadão

UMA MENTE CONFUSA

Tentar pôr pecha de traidor em Pessoa piora as coisas para Dilma. A presidente Dilma, infelizmente para nós brasileiros e para o país, não tem o dom de organizar seu pensamento. Se fosse apenas uma dificuldade de se expressar, como quando resolveu louvar a mandioca e chamou-a de "grande conquista brasileira", já seria difícil para uma autoridade que tem obrigação de explicar seus atos a cada instante de seu governo.

Mas, quando o pensamento equivocado é também embaralhado, aí já se torna um problema político-institucional. Se ela diz que não respeita delatores, está partindo do princípio de que o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e outros executivos que fizeram suas delações premiadas estão revelando fatos verdadeiros que deveriam ser escondidos.

Sim, porque só pessoas que estão por dentro das conspirações ou bandidagens podem delatar companheiros em troca de algum benefício da Justiça. Foi para evitar que revelações sobre crimes fossem desqualificadas pelos interessados que o que chamamos de "delação premiada" tem o nome oficial de "colaboração premiada".

Mas, de qualquer maneira, Dilma jogou sobre Pessoa a pecha de traidor, comparando-o a Joaquim Silvério dos Reis, o que a deixa mal e a todos os denunciados pelo empreiteiro. E ela não percebe essa incongruência, o que faz com que prossiga em linha reta para o abismo sem que ninguém possa ajudá-la, já que, sabe-se, ela não admite contestações.

"Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que resistir, porque se não você entrega seus presos."

Nessa frase, temos de tudo: confusão entre seu papel como guerrilheira e o dos petistas no mensalão e no petrolão; ignorância assombrosa da diferença entre democracia e ditadura e, sobretudo, a insensatez de comparar os inconfidentes mineiros com mensaleiros e petroleiros, que podem ser tudo menos patriotas heroicos em luta contra opressão estrangeira.

Não há Tiradentes nessa história que Dilma tenta recontar, e nem ela foi uma lutadora pela democracia, como pretende hoje. A tortura de que ela e muitos outros foram vítimas é uma página terrível de nossa história, mas não pode servir de desculpa para justificar roubos de uma quadrilha que tomou de assalto o país nos últimos 12 anos, nem para isentar os eventuais desvios cometidos pela presidente.

Ao contrário, aliás, muitos fazem hoje a comparação da sanha arrecadatória do governo federal com os "quintos do inferno", que a colônia portuguesa tirava do Brasil. Quanto à insinuação de que os presos pela Lava-Jato sofrem torturas como no tempo da ditadura, só mesmo a politização da roubalheira justifica tamanho despautério.

A propósito, o jurista Fábio Medina Osório, especialista em questões de combate à corrupção e improbidade administrativa, "olhando o direito comparado e o que ocorre hoje no mundo em termos de combate à corrupção", discorda dos que consideram abusivas as prisões decretadas pelo juiz Sérgio Moro.

"Não apenas nos EUA, mas na Europa, prisões cautelares têm sido utilizadas no início de processos ou quando investigações assinalam elementos robustos de provas", diz, lembrando os casos do ex-premier de Portugal José Sócrates e dos dirigentes da FIFA, presos cautelarmente por corrupção - alguns em avançada idade -, que seguem encarcerados. "A ideia não é humilhar, mas, diante do poder econômico ou político das pessoas atingidas, estancar o curso de ações delitivas de alto impacto nos direitos humanos, tal como ocorre no combate à corrupção".

Medina Osório lembra que, "nos termos da Lei Anticorrupção, as empresas deveriam ter aberto robustas investigações para punir culpados e cooperar com autoridades, talvez até mesmo afastando os executivos citados nas operações, se constatadas provas concretas ou indiciárias de suas participações em atos ilícitos".

Ao não cooperar nem apurar os atos ilícitos noticiados, "as empresas sinalizam que estão ainda instrumentalizadas por personagens apontados pela Operação Lava-Jato como os possíveis responsáveis".

Para Medina Osório, vale indagar: o que é realmente novo aqui no Brasil? "Prisões democráticas, onde cabem ricos e pobres, convenhamos".

30 junho de 2015
Merval Pereira, O Globo