"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

RIQUEZA IMPERECÍVEL, NO TUDO SEM NADA



Gente suando por mais riqueza, títulos, poder e honras – sem tempo para olhar as estrelas, a natureza, as crianças, a vida que escorre e some pela via. Gente pisando na grama, atropelando a vida, sacrificando animais, arrancando flor pela raiz.
Riqueza fantasiada de felicidade. Riqueza acima do necessário, riqueza arrancada sem escrúpulo, disputada a qualquer preço. Riqueza que desconhece a importância de sua origem, dos métodos usados, dos sofrimentos gerados. Riqueza maldita. Para quê?
Ansiedade, provocação, afã, luta, suor e até sangue.
Ter mais, mais que o vizinho, mais do que tudo. Riqueza sem objetivo, sem rumo, sem fim, sentada sobre um monte de vítimas. Riqueza para pagar guarda-costas e advogados, para perder o sossego; escancarada, vulnerável, sequestrável. Riqueza para fazer a festa de malandros, exposta à queda da Bolsa, à desvalorização cambial, ao assaltante e ao gatuno.
Riqueza monumental guardada em palácios e moradas, que não cabe no caixão, que será gasta por outro fantoche. Um atrevido, um perdulário, um dissoluto, um bobo, um trapaceiro que a desintegrará, ou um santo, um místico que não saberá o que fazer e se livrará dela como de um peso.
Riqueza que aquieta a sede ou que aflige a alma, que enche de preocupação e tormento. Fome de vento que nunca sacia. Inútil para o espírito que dela um dia se libertará como de um empréstimo. E o que dizer ao homem que não tem pão, incapaz de conseguir saciar o seu estômago e o de seus filhos?
DUAS HUMANIDADES
Homens diferentes. Uns ricos querendo ser mais ricos, outros pobres querendo ser ricos. Duas humanidades aparentemente diversas. Um único Deus. Quem tem muito não tem tempo para aproveitar nem sossego para dormir profundo.
Riqueza, para o rei Salomão, é Sabedoria. Dessa diz ele com entusiasmo: “É mais que a saúde e a beleza. Gozei da sabedoria mais do que a claridade do sol, porque a claridade que dela emana jamais se apaga”. Deixa claro o caminho, doce o pensamento, livre o agir.
E mais: “Há na sabedoria um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, sem inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo… É ela uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus e uma imagem de Sua bondade”.
“Eu a amei e a procurei desde a juventude, me esforcei para tê-la por esposa… por meio dela obterei a imortalidade… e recolhido em minha casa, sem medo, descobridor da minha eternidade, repousarei junto dela…” Sem precisar de mais nada que não seja o essencial.
Sabedoria: riqueza imperecível, grandeza do humilde; justiça do misericordioso; doçura do homem, força, inteligência de quem aprendeu o que é amor. Tudo sem nada em contraposição a nada com tudo.
Sabedoria emprestada de Si por Deus, gerando o homem “à imagem e semelhança dEle”. Nada custa, é de graça, apenas de quem a ama e a quer.

25 de maio de 2015
Vittorio Medioli
O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário