"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 25 de abril de 2015

O QUE É ROUBAR UM PARTIDO PERTO DE FUNDAR UM PARTIDO



A política encontrou seu ambiente como na Ópera do Malandro.












No começo do século 18, o dramaturgo inglês John Gay lançou peça ambientada no submundo de prisão londrina. Batizou-a de “A ópera do mendigo” (1728). Era protagonizada por ladrões, prostitutas, policiais corruptos, magnatas do crime. A tragicomédia musical em três atos sobre corrupção, pobreza e injustiça social teve a mais longa temporada teatral da década de 20 daquele século.
Duzentos anos mais tarde, Bertolt Brecht e Kurt Weill inspiraram-se nela para criar “A ópera dos três vinténs” (1928). Os adaptadores alemães mantiveram a trama básica e os nomes das personagens – Macheath, apelidado “Mackie Messer” (“Mac Navalha”), Polly, sr. e sra. Peachum, Jenny. Chico Buarque fez uma adaptação da adaptação com sua excelente “Ópera do Malandro” (1978), na qual Jenny vira Geni, a travesti que todos jogam pedra e bosta.
O criminoso Mac Navalha, em uma das falas da peça de Brecht/Weill, reflete sobre mudar para um ramo de negócios mais fácil e lucrativo: “O que é uma chave-mestra comparada a uma ação da bolsa? O que é o assalto a um banco comparado à fundação de um banco? O que é o assassinato de um homem comparado à contratação de um homem?”.
ÓPERA DO MALANDRO
A política brasileira encontrou na Ópera do Malandro seu ambiente natural. A polêmica questão do aumento do fundo partidário estimula que se jogue bosta para todo o lado, com Genis travestidas de excelências parlamentares. As reportagens a respeito salientam que a presidente Dilma não vetou a proposta de aumento de gasto, que deve atingir agora quase R$ 900 milhões por ano. Poucos foram as menções ao propositor: o senador Romero Jucá (ex-vice-líder do governo tucano, ex-líder do governo petista), que continua onde sempre esteve, no velho PMDB de Roraima.
De janeiro a março de 2015, o PT recebeu R$ 7,8 milhões do fundo partidário. O PSDB levantou R$ 6,4 milhões. O PMDB ganhou R$ 6,2 milhões. O PP, R$ 3,8 milhões; o PSB, R$ 3,7 milhões, o DEM, R$ 2,4 milhões. Outros 26 partidos receberam verbas cujo valor mínimo foram os R$ 100 mil destinados ao PCO. No total, em três meses os partidos receberam R$ 58, 3 milhões para sua manutenção.
Como funciona a distribuição do Dinheiro do Fundo Partidário? 95% dos recursos são distribuídos entre os partidos políticos, proporcionalmente a quantidade de votos obtidos na última eleição a Câmara dos Deputados; 5% são divididos em partes iguais entre todos os partidos políticos que tenham seus estatutos registrados no TSE.
O velho Mac Navalha poderia completar: o que é roubar um partido comparado a fundar um partido?

25 de abril de 2015
Plínio Fraga
Yahoo

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