"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 31 de março de 2015

A LONGA NOITE COMUNISTA

 


 
Muito se tem dito e escrito nos últimos meses sobre o Movimento de 31 de março 1964 que culminou com a deposição do Presidente João Goulart e a instauração de um novo ciclo na política brasileira que durou 21 anos. Em parte, devido ao número crescente de pessoas que tem clamado por uma nova intervenção militar, tão escandalizados estão com a atual crise moral por que passam as instituições brasileiras e seus mandatários e signatários.
 
Lado outro, aqueles que hoje ocupam o Palácio do Planalto e seus correligionários esforçam-se em passar a idéia de que durante os 21 anos dos governos militares o Brasil viveu momentos de repressão absoluta, com censura, tortura de presos políticos e falta de liberdade generalizada. Entre um lado e outro, uma grande parte da população, senão a maioria, fica sem saber como se posicionar. Às vésperas do 51º aniversário do Movimento de 31/03/1964, mais uma vez, os quartéis optaram pela discrição e não celebrarão o 31 de março, atendendo a recomendação formulada pelo Palácio do Planalto (fonte: http://sociedademilitar.com.br). Tal recomendação é justificável? Sob qual perspectiva essa recomendação deve ser analisada?
 
Em primeiro lugar é preciso entender que a esquerda brasileira nos anos 1960 estava embalada pela revolução liderada por Fidel Castro, que, desembarcou em Cuba com um punhado de seguidores (contando com o apoio ostensivo da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e alguns anos depois derrubou o regime de Fulgêncio Batista. 
 
A luta armada era o modelo a ser copiado e Che Guevara o herói romantizado das esquerdas latino americanas. O mundo vivia assombrado pela hecatombe nuclear e a URSS atrás da sua Cortina de Ferro, esmagava implacavelmente a liberdade de pensamento de seus cidadãos. “Nós estamos diante de uma ideologia hostil, global na extensão, atéia no caráter, implacável no propósito e traiçoeira no método” disse certa vez o Presidente Dwight Eisenhower, quando a Guerra Fria ainda não havia atingido seu auge. A história ensina que ele estava certo.
Nesse contexto, a esquerda brasileira preparava-se para iniciar a tomada do poder. A despeito do Presidente do Brasil ser João Goulart, cunhado de Leonel Brizola, e publicamente simpático e alinhado à causa comunista, as esquerdas já se preparavam para a luta armada, muito antes de 31/03/1964. Quer um exemplo? Já ouviu falar do Grupo dos Onze (G-11), liderado pelo então governador gaúcho Leonel Brizola? “Os G-11 seriam a “vanguarda avançada do Movimento Revolucionário”, a exemplo da “Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética”. 
 
Os integrantes dos G-11 deveriam considerar-se em “Revolução Permanente e Ostensiva” e seus ensinamentos deveriam ser colhidos nas “Revoluções Populares”, nas “Frentes de Libertação Nacional” e no “folheto cubano” sobre a técnica de guerrilha” (fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupos_dos_Onze). Só para explicar: a Guarda Vermelha era uma milícia armada que foi a precursora do Exército Vermelho, e foi a responsável pela sangrenta derrubada do Czar na Revolução Russa de 1917.
 
Várias fontes citam a compra de propriedades rurais que serviriam para campos de treinamento de guerrilheiros em diversos estados da federação, como Bahia, Pernambuco, Acre, Minas Gerais e Goiás. Tudo isso aconteceu antes de 1964. Segundo a autora Denise Rollemberg, foram encontradas pelo Serviço de Repressão ao Contrabando em 1962 “armas e muitas, muitas bandeiras cubanas, retratos e textos de discursos de Fidel Castro e do deputado pernambucano Francisco Julião, manuais de instrução de combate, além dos planos de implantação de outros futuros focos de sabotagem e uma minuciosa descrição dos fundos financeiros enviados por Cuba para montar o acampamento e todo o esquema de sublevação armada das Ligas Camponesas noutros pontos do país” (fonte: ROLLEMBERG, Denise. “O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro”. MAUAD: Rio de Janeiro, 2001. p. 25.).
 
Em tal estado de coisas, boa parte da população brasileira estava, com razão, bastante alarmada com o futuro do Brasil. As célebres “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” reuniram milhares de pessoas nas grandes cidades brasileiras. Estima-se que somente em São Paulo, no dia 19/03/1964, a Marcha tenha reunido aproximadamente 500 mil pessoas. Isso em uma época em que televisão era coisa de rico, e rede social não existia nem na ficção científica.
 
Um ponto fundamental para a compreensão daquele período é que a derrubada de João Goulart não foi motivada pela ambição política de nem um único militar de alta patente. Todos os militares envolvidos na ação de 31/03/1964, bem como nos anos subseqüentes foram motivados única e exclusivamente pelo desejo de não verem o comunismo dominar o Brasil. Não há um único documento que conteste tal afirmação. 
 
Ao contrário dos dias atuais, em que o importante para boa parte da atual classe política é alcançar e/ou perpetuar-se no poder, o movimento de 31/03 visou única e exclusivamente livrar o Brasil do perigo de tornar-se um satélite da União Soviética. É sempre bom lembrar que os militares tomaram o poder a pedido de significativa parcela da população, e o devolveram aos civis, 21 anos depois, pelo mesmo motivo.
 
Entretanto, o que se vê nos dias atuais é uma tentativa – bem sucedida, até o momento – de reescrever a história recente do país. Os anos do regime militar são retratados como repletos de tortura, censura, e outras mazelas. Não contentes, e tendo em vista os escândalos diários de corrupção que assolam os jornais de todo o país, e que já nos fazem ser motivo de chacotas pelo mundo inteiro, querem aqueles que reescrevem a história daquele período convencer os menos informados de que também havia corrupção nos anos dos regimes militares, dando a entender que crimes de corrupção teriam sido perpetrados até mesmo pelos cinco presidentes militares. 
 
Fiz uma pesquisa em diversas fontes, obviamente ligadas às esquerdas brasileiras. Muito se tenta dizer sobre corrupção naqueles anos. Mas, nem uma única prova é apresentada. Nada sobre datas, valores, nomes de envolvidos. Apenas insinuações e sugestões. O ônus probatório é de quem alega. Tão grande é a necessidade de fomentar-se tais (des)informações, que, em um mesmo artigo de um único site a frase “o problema mais grave do Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar” é primeiro atribuída ao Presidente Castelo Branco. Algumas linhas depois, a mesma frase é atribuída ao Ministro Armando Falcão. 
 
Para o autor do artigo a veracidade da informação lançada parecia não ter a menor importância. O importante mesmo era lançar tal frase de efeito, que, tentava incutir o pensamento de que a corrupção dos dias atuais também existia naqueles tempos. Afinal, quem teria dito tal frase? Castelo ou Falcão? Ou nenhum dos dois? Duvida? Confira você mesmo :https://falandoverdadesbr.wordpress.com/…/a-corrupcao-na-d…/
 
Uma das críticas mais recorrentes sobre os anos dos governos militares é relativa à tortura praticada contra os guerrilheiros comunistas. Já escrevi e reafirmo: excessos ocorreram. Porém, pergunto ao amigo leitor: você sabe o que aconteceu no Aeroporto de Guararapes, no Recife, no dia 25/07/1966? Sabe quem foram Edson Régis de Carvalho e Nelson Gomes Fernandes? Provavelmente sua resposta foi não e não. Nesse dia, o então candidato à Presidência da República Artur da Costa e Silva (isso mesmo, candidato, pois naqueles tempos o Presidente era eleito através de votação no Congresso Nacional, composto por Senadores e Deputados eleitos pelo voto direto) iria desembarcar naquele aeroporto. Uma pane no avião, entretanto, obrigou-o a ir de automóvel para o Recife. Essa foi a sorte de centenas de pessoas que se aglomeravam no local, aguardando a comitiva do candidato. 
 
Uma bomba fora colocada no saguão do aeroporto. Por sorte, como o saguão se esvaziou após o sistema de som anunciar que o candidato não desembarcaria ali, o Guarda Civil Sebastião Tomáz de Aquino viu a mala abandonada e resolveu retirá-la do local, removendo-a para a seção de “achados e perdidos”. Foi quando a bomba explodiu. Sebastião teve uma perna amputada. Teve sorte. Os dois citados logo acima, Edson Régis, jornalista, e Nelson Gomes, Almirante da Marinha morreram no local. Outras 13 pessoas ficaram feridas. Antes desse atentado, Recife e várias outras cidades brasileiras já haviam sido sacudidas por diversos outros, a bomba inclusive. 
 
Mas, sem dúvida, esse fora o mais sangrento até então. Quer saber mais? Leia o livro “Combate nas Trevas”, publicado pela primeira vez pela Editora Ática de autoria do ex-integrante do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro, Jacob Gorender, que atribuiu a execução do atentado dos Guararapes a Raimundo Gonçalves de Figueiredo, da AP – Ação Popular. E por favor, observem que a publicação do livro se deu anos depois do fim do regime militar. Por isso, não venham falar que o mesmo foi escrito sob coação.
 
Achou pouco? Vamos lá: faça uma pesquisa no Google com o título “vítimas da esquerda no Brasil”. Todas as listas que aparecerão tem cerca de 120 nomes de pessoas que foram mortas pelos “guerrilheiros da democracia e liberdade” como gostam de ser chamados aqueles que hoje ocupam os corredores do Poder. Nesse rol, podemos incluir a Presidente Dilma Roussef, que foi integrante do POLOP (Política Operária) e do COLINA (Comando de Libertação Nacional). Recentemente ela disse, entre lágrimas, que se orgulhava de ter lutado pela democracia e liberdade. 
 
Confesso que fiquei confuso com tal afirmação da Presidente. Afinal, qualquer um sabe, desde que não seja um completo alienado, que a presidente e companheiros lutavam para implantar uma ditadura comunista no país. A ela são atribuídos o planejamento do assassinato do Capitão Charles Chandler, do assalto a uma agência do Banespa e da residência do Governador Adhemar de Barros e outros atos mais. Sua ficha criminal da época só foi liberada após uma Ação Cautelar ser ajuizada pelo Jornal Folha de S. Paulo junto ao Supremo Tribunal Federal. Faça sua própria pesquisa e tire suas conclusões. Mas, voltando às vítimas da esquerda no Brasil… Seriam todas militares ou policiais mortos em confronto, certo? Errado! Muitos eram civis, bancários, estudantes, motoristas, pessoas comuns que foram alvo dos terroristas de então que assaltavam, explodiam bombas, aterrorizavam as ruas das cidades ou se entrincheiravam nos campos.
 
Nem um único desses terroristas queria derrubar o governo de então para substituí-lo por uma democracia. Queriam mesmo era implantar uma ditadura comunista. Isso é público. É notório. Mas, ao reescrever a história não assumem suas posições políticas. Aprenderam bem a lição com Antônio Gramsci. O que não conseguiram com o terror e com a luta armada, estão implantando agora às custas da apatia patriótica do povo brasileiro, e com o emprego da insidiosa propaganda que parece ser a solução para todas as mazelas do atual governo.

Mas, tristemente célebres também foram os “justiçamentos”, ou, julgamentos realizados por arremedo de “tribunais”, onde os “acusados” não tinham direito ao contraditório nem à ampla defesa e eram sumariamente executados. E sabe quem eram os “justiçados”? Muitos eram membros da própria esquerda, acusados de traição. Nem com seus próprios companheiros a esquerda demonstrava compaixão. Outros, militares e policiais, também foram executados friamente, às vezes na presença de esposas e filhos menores. O terrorismo de esquerda daqueles anos era implacável e cruel. Tudo de acordo com a cartilha de dominação comunista.
 
Tudo isso posto, a uma conclusão inevitável podemos chegar: o brasileiro desconhece a própria história. Os eventos ocorridos entre 1964 e 1985, quando se deu a reabertura do país foram traumáticos. Entretanto, a história daqueles anos tem sido reescrita de forma unilateral e tendenciosa. Um único objetivo norteou os militares que conduziram os eventos de março/1964 até a reabertura política em 1985: impedir que o país mergulhasse no caos comunista. 
 
A decisão foi acertada. A história nos ensina isso. Basta ver-se o esfacelamento da URSS, a caótica situação de Cuba (que necessita do dinheiro brasileiro para manter-se) e de outros países que agora integram as chamadas repúblicas bolivarianas. O modelo comunista fracassou. Quer seja sob o ponto de vista político, quer seja sob o ponto de vista econômico. Fracassou porque jamais quis dar liberdade ou independência a seus súditos. Permanece vivo ainda apenas naqueles que, movidos por um ideário político/ideológico, buscam se perpetuar no poder muitas vezes movidos pela própria ambição.
 
Sob tal ótica, compreende-se a recomendação oriunda do Palácio do Planalto para que os quartéis se mantenham em silêncio no próximo 31/03. Ainda mais em tempos de gigantescas manifestações populares como foi a de 15/03/2015 e como será, sem dúvida alguma, a de 12/04/2015. As ruas falam e os governantes tremem. Nesse contexto, não interessa que a data seja rememorada ou que a verdade seja conhecida. A verdade incomoda. A lição de Jesus, relatada por seu apóstolo João é emblemática (capítulo 8, versículo 32): “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
 
Na escura e longa noite comunista, a verdade não tem lugar.
 
31 de março de 2015
Robson Merola de Campos é Advogado.

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