A história da república brasileira está pontilhada de crises. Por maiores que fossem, porém, sempre permeou pela sociedade a sensação de que, mais cedo ou mais tarde, seriam superadas e "quando tudo voltasse ao normal", o país continuaria sua marcha inexorável para "ordem e progresso".
A atual, no entanto, ao envolver escândalos relacionados a atos de corrupção em empresa pública que já foi o orgulho do povo, expondo montantes desviados em ordens de grandeza inimagináveis, com ramificações e tentáculos que abrangem políticos, empresários, funcionários e até gente do governo, este dominado há doze anos pelo mesmo partido, a partir do que se constituiu na maior armadilha eleitoral que se tem notícia, além da imundície do parlamento ao permitir que leis sejam anuladas e outras criadas para se adaptarem aos desígnios do executivo, em troca de propinas sob forma de emendas, tudo isso, acrescido ao impasse na economia que está a resultar em crescimento medíocre, dá a impressão que, para a presente crise não existe o "quando tudo voltar ao normal" .
Tudo indica que dessa vez não há como vislumbrar solução de relativa estabilidade, tais os interesses paroquiais de poder que estão em jogo e a absoluta falta de transparência, no sentido de que o governo não diz o que realmente pensa e como pretende agir. E imaginar que tal panorama foi escolha do povo na última eleição.
Nunca o futuro foi tão incerto e desprovido de esperança.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado
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