Governo adia a divulgação de números negativos sobre a gestão Dilma com receio das urnas
Na semana passada, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão subordinado à SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) decidiu adiar para depois do segundo turno a sua avaliação dos microdados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013.
A justificativa é que a publicação feriria a Lei Eleitoral. Talvez seja a maior mentira jamais contada por ali. Para que serve essa avaliação?
Para demonstrar se o número de pobres e miseráveis caiu, cresceu ou ficou na mesma. Pesquisadores independentes que trabalharam com os dados do IBGE constataram que a miséria parou de cair no país em 2013 e até aumentou um pouco. O governo Dilma, então, decidiu esconder os números.
Reportagem da Folha desta quinta mostra que o governo federal decidiu omitir dos brasileiros também as informações sobre o desempenho dos alunos em português e matemática e sobre a arrecadação de tributos.
Os números das duas áreas foram considerados negativos para a campanha da candidata Dilma Rousseff à reeleição. É espantoso! Políticas públicas, de estado, como a gente vê, estão subordinadas ao calendário eleitoral. Dados sobre o crescimento do desmatamento também foram amoitados.
Como informa o jornal, “no caso da educação, tradicionalmente até agosto, são apresentados os resultados de um exame nacional aplicado, a cada dois anos, a mais de 7 milhões de alunos. Em setembro, o Ministério da Educação divulgou indicador que usa como base a prova de 2013 e a taxa de aprovação dos alunos — o Ideb —, sem mostrar qual foi o resultado em cada âmbito. Assim, não é possível saber como está o nível atual dos estudantes brasileiros em português e matemática.”
O país chegará às eleições do dia 26 de outubro sem conhecer os dados da arrecadação de setembro, que deve ter caído em razão do fraco desempenho da economia.
As pessoas prestam, assim, tanta atenção a esses números? Normalmente, não. Ocorre que a eleição está, quando menos, empatada contra Dilma — digo que é “contra” porque é ela que tem a máquina na mão. Qualquer notícia considerada negativa pode pesar nesse equilíbrio delicado.
Em democracias mais respeitosas e respeitadas, a divulgação de números que expressam a eficiência ou ineficiência de políticas públicas não ficaria sujeita à vontade do governante de turno. Assim são eles até que assim formos nós, se é que me entendem.
23 de outubro de 2014
Reinaldo Azevedo
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