"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ENXUGANDO GELO E ENSACANDO FUMAÇA

 


Durou de segunda-feira depois da eleição até ontem, quarta-feira, a ilusão da presidente Dilma de que poderá pautar a reforma política conforme suas concepções e através de um plebiscito junto ao eleitorado.
O Congresso reagiu pelos seus líderes, da situação e da oposição, não admitindo ser ultrapassado pela visão do Executivo.
Mais firme será a resistência quando se iniciar a nova Legislatura, ano que vem, tendo em vista o aumento das bancadas oposicionistas.

A inusitada intervenção da presidente, em sua primeira fala ao país depois de eleita, demonstrou que ela não aprendeu nada, com a vitória apertada. Continua a mesma, absoluta, intransigente e arrogante, imbuída das mesmas distorções sobre só ela ser a dona da verdade.

Por duas vezes, uma no governo Lula, outra na administração Dilma, o Congresso interceptou o sonho da reforma política. Só falta mesmo a presidente reeleita desencavar a proposta da Constituinte Exclusiva, outro absurdo nascido dos devaneios autoritários do PT.

Pelo jeito, união nacional, para Dilma, é a reunião de todos em torno das ideias dela. Mudanças, só as que fluírem do palácio do Planalto. Em matéria de reformas, a postura do novo governo parece aquela do lusitano cidadão que apregoava ser a sua filha livre para casar com quem quisesse, “desde que fosse com o Manoel”.

Sem pretender bater de frente com Dilma, o desgastado Congresso em final de mandato procura compor com panos quentes as afirmações da vencedora, posteriores à eleição. Rejeita o plebiscito mas sugere o referendo, como afirmaram os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Alves.
Depois de fevereiro, o tom das recusas será mais forte. Estará submetida a um moedor de carne cada proposta de reforma vinda do Planalto a respeito das modificações na legislação política e eleitoral.

Até hoje pouca coisa foi admitida por deputados e senadores. Divididos em seus interesses partidários, eles não aceitaram a cláusula de barreira, o voto distrital, a votação em listas partidárias ou sequer a proibição de doações das empresas para as campanhas eleitorais.
Muito menos o fim da reeleição, apesar do carnaval feito em torno da sugestão. De forma alguma admitirão o plebiscito, forma de manifestação popular anterior às decisões parlamentares.
E quanto ao referendo, a posteriori, nem ele subsistirá no caso de uma eventual recusa ao que já tiver sido aprovado na Câmara e no Senado. Estará caracterizado um impasse institucional.
Em suma, fazendo da reforma política o carro-chefe do segundo mandato, Dilma começou enxugando gelo e ensacando fumaça.

A PEDRA DE TOQUE

Na construção de um muro, os mestres de obras dedicam-se a definir a localização da pedra de toque ou do tijolo de sustentação, aquele ponto crucial que fará o trabalho duradouro ou eventual, conforme as instruções dadas aos pedreiros.
Às vésperas do segundo mandato, as informações são de que a presidente Dilma antecipará para dezembro a indicação do novo ministro da Fazenda, precisamente o tijolo de sustentação ou a pedra de toque de seu novo governo.
Fala-se em alguém recrutado nos meios financeiros, mas também se admite um luminar do PT. Henrique Meirelles, Aloysio Mercadante e Antônio Palocci são cogitações, mas é possível que a presidente surpreenda. No fim, o novo ministro terá de . rezar pela cartilha dela.

29 de outubro de 2014
Carlos Chagas

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