"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PIOR A EMENDA DO QUE O SONETO

 

 
Falta alguém na presidência da República para conter Dilma Rousseff em suas entrevistas à imprensa, que começou a produzir em cascata, todos os dias, depois de três anos e meio de silêncio. Algum ministro menos tímido deveria orientá-la, tanto faz se Gilberto Carvalho, Thomas Traumann, Aloízio Mercadante ou, em especial, o marqueteiro João Santana.
Porque quanto mais a presidente fala, mais se enrola, na tentativa hoje desesperada de evitar a derrota para Marina Silva, em outubro. No governo, ninguém surge com coragem para alertá-la sobre suas contradições. O Lula parece ter perdido a esperança de enquadrá-la, tanto que vem cada vez menos a Brasília, e quando sai em sua companhia, em campanha pelo país, é apenas para pedir votos.
 
Nas mais recentes conversas com os jornalistas, geralmente nos corredores de algum palácio ou mesmo alguma esquina, Dilma saiu-se com duas afirmações desastrosas. Falava sobre os escândalos na Petrobras, que admite mas não reconhece, já a primeira contradição. Disse que estancou a sangria na empresa quando mudou quase toda a sua direção, um ano depois de chegar ao poder, mas acrescentou que “se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, não há mais”.
E em seguida: “Tirando essa questão que tem aparecido na campanha, a Petrobras é uma empresa primorosa”.
Ora, essa “coisa” que houve terá sido abafada com a simples substituição de alguns diretores? Sem falar da impossibilidade de a empresa continuar primorosa depois do que aconteceu. Dilma jogou barro no ventilador admitindo terem vindo de antes os malfeitos, quer dizer, do governo Lula.
No entanto, nenhum dos diretores afastados foi responsabilizado ou punido, mesmo diante da evidência da distribuição de 3% dos contratos superfaturados da Petrobras com fornecedoras terem sido dados a partidos da base oficial e a líderes políticos mais do que conhecidos.
 
AGRESSÕES
As agressões da presidente a seus adversários, fruto também das entrevistas, só fazem prejudicá-la, como quando comparou Marina a Jânio Quadros e a Fernando Collor. O que fica dessa temporada de declarações dadas a esmo é que, de um lado, Dilma admite ter havido corrupção em atividades da Petrobras, mas, de outro, nega-se a agir alegando a inexistência de provas. Fica pior a emenda do que o soneto.
 
MAIS NOMES NO SÁBADO?
 
A semana vem sendo cercada por rumores de que a revista Veja, no sábado, completará a lista de políticos envolvidos no escândalo da Petrobras, divulgada dias atrás. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar como vazaram dos depoimentos de Paulo Roberto Costa os nomes já conhecidos, mas se nova leva de supostos implicados vier a público, a tarefa ficará mais difícil. No caso, lembra-se a história daquele imperador na Antiga Pérsia que quando recebia más notícia, mandava matar o mensageiro. Não é a publicação paulista que precisa ser investigada, senão suas denúncias.

12 de setembro de 2014
Carlos Chagas

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