"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A VERDADE É A VERDADE

MARINA SILVA É MAIS UMA EMBUSTEIRA. SUA SUPOSTA "NOVA POLÍTICA" É UM ATENTADO À DEMOCRACIA E À LIBERDADE E EM TUDO IGUAL AO PT!
Na maioria das vezes discordo de Elio Gaspari. Todavia, como já afirmei aqui em outras ocasiões, Gaspari possui um dos melhores textos da imprensa brasileira. E quando acerta em sua análise, como é o caso de sua coluna na Folha de S. Paulo deste domingo, o faz com maestria, justificando a transcrição aqui no blog.

O artigo de Gaspari desnuda Marina Silva. Calma! Refiro-me ao fato de que na verdade faz um exegese do palavreado que se conhece por "marinês", ou seja, uma versão de um "dilmês" rebuscado e com, digamos assim, pitadas de um certo viés exotérico ou seja lá o que for.

Passando tudo isso numa peneira fina, e é o que faz Elio Gaspari com competência, as promessas eleitoreiras de Marina Silva combinam-se perfeitamente com as intenções do PT, ou seja, detonar a democracia representativa. Aliás, revelei com exclusividade aqui no blog, já que os jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto não viram nada, ou seja, o extraordinário aparato técnico e tecnológico erguido pelo PT para golpear as instituições democráticas. E, como se vê, os planos de Marina encaixam-se perfeitamente nos "participatórios" criados pelo Gilberto Carvalho, preparados para dar sequência prática ao Decreto 8.243, o já denominado "decreto bolivariano".

Em outras palavras, tanto os projetos do PT como os planos formulados pela Rede de Marina Silva, são como peças de um puzzle que se encaixam perfeitamente materializando um golpe de Estado comunista, igualzinho ao que aconteceu na Venezuela, no Equador e na Bolívia.

O texto de Elio Gaspari não diz isto como todas as letras como estou a fazer aqui, mas o seu artigo deve ser lido com atenção pois vai diretamente ao ponto expondo as falácias marinóides, na verdade um cipoal de contradições escamoteadas ardilosamente. Marina Silva é mais do mesmo, ou seja, uma embusteira! Por isso mesmo que numa eventualidade de um segundo turno entre Dilma e Marina Silva, anulo o meu voto sem maiores delongas.

Quem vota em Marina Silva, ou é um idiota ou um oportunista que, de alguma forma, supõe levar algum tipo de vantagem com a destruição da democracia e, consequentemente, da liberdade. Claro, em regimes bolivarianos é muito mais fácil se locupletar com negócios escusos. O título original do artigo de Gaspari não poderia ser mais perfeito: "As bolsas Plebiscito de Dilma e Marina". Leiam:

Unha e carne do PT: Marina Silva veste o boné vermelho do MST e agora tentar enganar os trouxas com seu discurso enigmático.
Marina Silva merece todos os aplausos. Anunciou em seu programa o que pretende fazer se for eleita. Ela quer criar uma "democracia de alta intensidade". O que é isso, não se sabe. Lendo-a vê-se que, sob o guarda chuva de uma expressão bonita –"democracia direta"–, deseja uma nova ordem constitucional.
 
Apontando mazelas do sistema eleitoral vigente, propõe outro, plebiscitário, com coisas assim: "Os instrumentos de participação –mecanismos de participação da democracia representativa, como plebiscitos e consultas populares, conselhos sociais ou de gestão de políticas públicas, orçamento democrático, conferências temáticas e de segmentos específicos– se destinam a melhorar a qualidade da democracia."
 
Marina parte da premissa de que "o atual modelo de democracia (está) em evidente crise". Falta provar que esteja em crise evidente uma democracia na qual elegeu-se senadora, foi ministra e, em poucas semanas, tornou-se virtual favorita numa eleição presidencial. Ela diz que nesse país em crise "a representação não se dá de forma equilibrada, excluindo grupos inteiros de cidadãos, como índigenas, negros, quilombolas e mulheres".

Isso numa eleição que, hoje, as duas favoritas são mulheres, uma delas autodefinida como negra.
Marina quer "democratizar a democracia". O jogo de palavras é belo, mas é sempre bom lembrar que na noite de 13 de dezembro de 1968, quando os ministros do marechal Costa e Silva aprovaram a edição do Ato Institucional nº 5, a democracia foi a exaltada dezenove vezes. Deu numa ditadura de dez anos e dezoito dias. A candidata, com sua biografia, é produto da ordem democrática. Ela nunca a ofendeu, mas seu programa vê no Congresso um estorvo. Se o PT apresentasse um programa desses, a doutora Dilma seria crucificada de cabeça para baixo.
 
Marina não está sozinha com seu projeto de reestruturação plebiscitária. Durante o debate da Band, Aécio Neves criticou a proposta de Dilma de realizar uma reforma política por meio de um plebiscito, rotulando-a de "bolivariana", numa alusão às mudanças de Hugo Chávez na Venezuela. Ela respondeu o seguinte:

 "Se plebiscitos forem instrumentos bolivarianos, então a Califórnia pratica o bolivarianismo".

 
Que todos os santos de Roma e D'África protejam a doutora. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Desde janeiro de 2010, a Califórnia fez 338 plebiscitos e aprovou 112 iniciativas. O mais famoso deles ocorreu em 1978 e tratava do congelamento do imposto sobre propriedades, associado à exigência de dois terços das assembleias estaduais para aprovar aumento de impostos. Tratava-se de responder "sim" ou "não". Deu 65% a 35% e atribui-se a esse episódio um dos maiores sinais do renascimento do conservadorismo americano (em 1980, Ronald Reagan foi eleito presidente dos Estados Unidos).
 
No Brasil já se realizaram três grandes plebiscitos. Em 1963 e 1993 o povo escolheu entre parlamentarismo e presidencialismo. Ganhou o presidencialismo. Em 2005, a urna perguntava: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?" O "não" teve 64% dos votos.
 
A sério, um plebiscito é simples: "Sim" ou Não"? "Parlamentarismo" ou "Presidencialismo"? Essa é uma prática da democracia direta porque é simples.
A proposta de encaminhamento plebiscitário de uma reforma política só não é bolivariana porque vem a ser um truque muito mais velho que a bagunça venezuelana. Em 1934, Benito Mussolini fez a reforma política dos sonhos dos comissariados. Os eleitores recebiam uma lista de nomes com a composição do Parlamento e podiam votar "sim" ou "não". Il Duce levou por 99,84% a 0,15%.

A República brasileira não está em crise, pelo contrário. Seus poderes Executivo e Legislativo serão renovados numa eleição em que Marina vê vícios profundos, ainda que não os veja na possibilidade de ser eleita. Sua proposta de reordenamento do Estado pode encarnar a vontade do eleitorado mas, na melhor das hipóteses, dá em nada. Na pior, em cesarismo plebiscitário.

Da Folha de S. Paulo deste domingo
 
01 de setembro de 2014
in aluizio amorim

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