Atenção eleitores: Não se deixem enganar pelas performances midiáticas dos candidatos nos debates e entrevistas.
Só significam o quanto cada um sabe lidar com as câmeras e os microfones, resultado de seus talentos naturais de oratória ou de suas experiências anteriores com o ambiente de comunicação.
Não se iludam também em demasia com as propostas de cada um.
No nosso enlouquecido sistema de representação - aguardando por uma ansiada reforma política - onde a continuidade hereditária e o toma lá da cá é que imperam, elas têm poucas chances de serem implementadas pois invariavelmente esbarrarão em interesses opostos e intransponíveis, dificilmente harmonizados por maiores que sejam as qualidades de liderança dos candidatos.
Em vez disso apelem para uma espécie de misticismo: procurem aproveitar as passagens fugazes dos holofotes pelos olhos dos candidatos e aprendam a ler neles o quanto o desempenho das respectivas falas e apresentações representa o que lhes vai no íntimo de suas almas.
Embora não exista receita para tal, tentem descobrir se o olhar traduz um mero objetivo de escalada de poder a qualquer custo ou se exprimem uma sensibilidade honesta em relação à necessidade de crescimento, à enorme porcentagem da população que não tem acesso a saneamento básico, à triste marca de analfabetismo e às condições melancólicas das emergências públicas, entre outras angústias.
Não é fácil interpretar os olhares mas vale a pena tentar o exercício na certeza que só com essa força interior os vencedores terão chance de mudar os paradigmas da política brasileira e realizar algo de realmente edificante em benefício desse sofrido povo, iniciando um processo de saudável realimentação positiva que deverá durar gerações.
Devaneio utópico?
É provável, mas talvez funcione onde todos os métodos convencionais até agora decepcionaram.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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