A presidente Dilma Rousseff, que a cada pesquisa de opinião desce morro abaixo na avaliação dos eleitores, optou pelo descaramento explícito na tentativa de estancar a sangria. Autoridades públicas podem – no estrito cumprimento do papel que exercem – utilizar-se dos meios de comunicação para pronunciamentos à sociedade, sobre assuntos de interesse da população, como, por exemplo, comemorações de datas festivas.
O dia do trabalhador é uma dessas datas em que o presidente da República se dirige ao público, através das redes de tevê e radiodifusão, para saudar a todos aqueles que contribuem ou contribuíram para a riqueza do país. É em toda as medidas um pronunciamento oficial da presidente da República que de atingir os brasileiros, independentemente opção partidária, ideológica, gênero, cor, raça e credo religioso.
Dizendo melhor, a autoridade republicana não pode usar de um espaço oficial como palanque, para se oferecer como candidata de uma determinada facção à reeleição.
Na verdade, Dilma está sem discurso e o seu governo é um total desastre: inflação alta com os preços nas alturas, desempenho pífio no setor produtivo e juros escorchantes aliados a uma carga tributária obscena.
Dia sim, outro também, surge um novo foco de corrupção de políticos do seu próprio partido (PT) e de auxiliares próximos.
O deputado André Vargas, petista desde criancinha, atolado em bandalheiras com um doleiro de péssima reputação, encontra-se em lugar desconhecido e não sabido. Abandonou (ou foi abandonado) o PT, mas deixou um mau cheiro horrível nos gabinetes que frequentou, inclusive nos de ministros que posam de candidatos a governos estaduais.
Vargas colocou sob suspeição as candidaturas do PT em São Paulo e no Paraná, dois trunfos de Dilma para alavancar votos em redutos tucanos. Parece que Alexandre Padilha não faz outra coisa do que se defender de matérias publicadas em jornais e revistas, principalmente sobre a sua aproximação com o doleiro Alberto Yussef. Vargas é uma bomba ambulante que, se explodir, pode abalar a reputação de gente graúda.
Na cúpula petista o desconforto é visível, pois toda ela sabe dos bons serviços prestados por Vargas ao partido, que poderão vir à tona se o deputado abrir o bico. Todo esse imbróglio é mortal para a candidatura de Dilma. O caso Pasadena, envolvendo as falcatruas na Petrobras quando a presidente ocupava o conselho da estatal, mostra-se a cada volta mais indecoroso, e traz Dilma para o olho do furacão.
A tendência é de que Dilma continue caindo nas pesquisas. O que é ruim. Mas o pior de tudo está no fato de que Aécio Neves e Eduardo Campos começam a agregar os votos dos descontentes com os desvarios da administração petista.
A base alugada, um consórcio de partidos fisiológicos e desprovidos de interesse público, ameaçam abandonar o barco dilmista. No próprio partido da presidente, o movimento “volta, Lula” encontra-se a pleno vapor. Lula, o maior interessado nessa questão, se faz de desentendido, mas em privado está adorando essa movimentação a seu favor.
O espectro político é desfavorável à Dilma. Por isso o discurso panfletário da presidente, nesta quarta-feira, Dia do Trabalho, em horário nobre na tevê. A falta de compostura de uma autoridade republicana foi flagrante e ficou demonstrado que Dilma está a procura de um discurso. Aumentar em dez por cento o programa bolsa família e mexer na tabela do IR não colam mais. Deu, Dilma.
Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito
02 de maio de 2014
in aluizio amorim
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