"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PALMAS PRA ELA

 

«(…) Vocês podem tentar criar qualquer conflito ou qualquer barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula, que vocês não vão conseguir.»
Dilma Rousseff, por ocasião da entrevista coletiva concedida em Bruxelas dia 24 fev° 2014.
 
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Entre mim e ele? Concordo que soa muito estranho, mas assim é.
 
Bandeira Brasil UEQuanto ao mais, com sua habitual falta de tacto, Dona Dilma misturou estações. Confundiu Cúpula UE-Brasil ― reunião de elevado nível ― com debate na OMC, onde não costumam discursar chefes de Estado. Soltou os cachorros no lugar inadequado e na hora indevida. Chorou pitangas para auditório que esperava outra coisa.
 
Chegado o momento da coletiva, a plateia de repórteres já temia o pior. Todos já se perguntavam se a presidente usaria martelo, marreta ou britadeira para acariciar a língua portuguesa.
 
Para surpresa geral, ela encaçapou a bola sete. Ninguém esperava, sejamos honestos. É raríssimo ouvir seja quem for dizer «entre mim e ele». Pois está corretíssimo, acreditem. É uma questão de coerência gramatical.
 
As preposições pedem pronome na forma oblíqua. Vejam só:
 
Dirigiu-se a mim.
Chegou antes de mim.
Veio até mim.
Testemunhou contra mim,
Não espere nada de mim.
Causou forte impressão em mim.
Para mim, não vale nada.
Manteve o respeito perante mim.
Por mim, está tudo bem.
sem mim, que fico por aqui.
Discutiam sobre mim.
 
Por que, diabos, somente a preposição «entre» escaparia à regra geral? Pois não escapa, ensina a norma culta. Entre mim e ele, sim, senhor. Quer mais inusitado ainda? Veja só: entre ele e mim. Gramaticalmente correto, sim, senhora.
 
Voltando à fala da presidente, há um ditado francês que diz que une fois n’est pas coutume ― um raro acerto aqui ou ali não significa que ela acerte sempre.
 
Desta vez, acertou. Pela singularidade do ato, sugiro uma salva de palmas pra ela. Clap, clap.
Razão dá-se a quem tem. Mas… que ninguém se engane. O malho não se aposentou. Está apenas de férias e pode voltar a qualquer momento.
 
Se você ainda duvidar da redenção presidencial, comprove aqui:
O Globo
Jornal do Brasil
Valor Econômico
Folha de São Paulo
 
25 de fevereiro de 2014
José Horta Manzano

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