"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

AS BRUMAS DE MONTE CASTELO


 
Véspera do ataque, um tenente comandante de pelotão de petrechos do Regimento Sampaio está agoniado. Seu estado físico desaconselhava arremeter com seus pracinhas o morro maldito. O comandante do batalhão já pensava em substituí-lo mas o jovem estava decidido: participaria da luta como soldado, se deslocado do comando de sua fração. Neste interim, outro tenente, este comandante de pelotão de canhões anticarro, armamento sem previsão pelo terreno impróprio para carros de combate, se oferece para juntar-se ao amigo esfalfado e galgar junto com ele a elevação.
E assim foi. São 6 horas da manhã. Infantaria brasileira em guarda! Calar baionetas!
O 1º RI-REGIMENTO SAMPAIO vai fazendo a escalada debaixo de metralha, pagando seu tributo de sangue. Eis que, 16:20H, a artilharia divisionária concentra fogos sobre o Monte Castelo. Começava o anoitecer, noite de inverno europeu chega num repente. A posição inimiga, sob um dilúvio de fogo, logo será assaltada por uma infantaria auriverde ensandecida.
 
Como tantos, o bravo Tenente Godofredo, completamente esgotado, se manteve na liderança de seus homens durante todo o ataque. Com ele, sempre, seu irmão em armas, o Tenente Paiva. Às 17:45H, com o assalto já em fase final, a artilharia alonga fogos permitindo aos infantes fazer a limpeza final do butim de guerra e o preparo para um eventual contra-ataque.
Quando da reorganização, os dois oficiais estão juntos num abrigo confraternizando. É quando um mensageiro vem avisar o Tenente Paiva. O comandante do batalhão queria ter com ele. Os amigos se despedem. Posteriormente, mais à retaguarda, este se depara com soldados observando uma mortalha ensanguentada. Curioso ele indaga sobre aquele corpo. A tristeza calou fundo, ali estava seu amigo. Um obus inimigo explodira no abrigo que ambos ocupavam, vitimando Godofredo. 21 de fevereiro de 1945!
Quantos brasileiros sabem desta data? Ah! Mas 12 de junho de 2014, desta ninguém esquecerá! Povo sabido este nosso!
 
23 de fevereiro de 2014
Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior, na reserva. 

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