por Raymond Ibrahim
28 de Outubro de 2021
Original em inglês: The Jihadist Genocide of Christians in Nigeria Intensifies
Tradução: Joseph Skilnik
O que inúmeros observadores internacionais têm há anos retratado como "puro genocídio" de cristãos na Nigéria atingiu novos patamares.
"Nunca vimos um governo tão monstruoso quanto este neste país. O governo apoia incondicionalmente o banho de sangue na Nigéria. Estamos sendo assassinados só porque não somos muçulmanos. Esses mefistofélicos jihadistas fulani contam com o apoio do governo para saírem por aí matando pessoas a esmo, destruírem seus lares e fazendas e quando tentamos nos defender, o governo prende o nosso povo. Que tipo de justiça é essa?" — Pastor Jacob Kwashi, bispo anglicano, no funeral de 17 cristãos assassinados, Morning Star News, 30 de agosto de 2021.
"Há um genocídio em andamento no sul de Kaduna dirigido à população cristã... Todas as igrejas ou escolas foram arrasadas. Nem um único pastor fulani foi preso em todos esses anos. É uma pena que... a mídia ocidental, não acredita que nossas vidas valham alguma notícia.", — Jonathan Asake, ex-membro da Câmara dos Representantes da Nigéria, The Epoch Times, 4 de agosto de 2021.
"Já que o governo e seus defensores afirmam que os assassinatos não têm conotações religiosas, por que então os terroristas e pastores têm como alvo as comunidades predominantemente cristãs e também os líderes cristãos?" — Associação Cristã da Nigéria, International Centre for Investigative Reporting, 21 de janeiro de 2020.
"É complicado dizer aos cristãos nigerianos que não se trata de um conflito religioso, pois o que eles veem são quadrilheiros fulani vestidos de preto da cabeça aos pés, entoando palavras de ordem 'Allahu Akbar!' e gritando 'Morte aos Cristãos'." — Irmã Monica Chikwe, Crux, 4 de agosto de 2019.
A partir do momento em que começou o agravamento impiedoso da insurgência islâmica em julho de 2009, mais de 60 mil cristãos foram assassinados ou sequestrados em seus ataques. Os cristãos sequestrados nunca mais voltaram aos seus lares e seus entes queridos acreditam que estejam mortos. Além disso, naquele mesmo período, cerca de 20 mil igrejas e escolas cristãs foram incendiadas e destruídas. Foto: O que restou da igreja First African Church Mission em Jos, Nigéria em 6 de julho de 2015. (Foto by AFP via Getty Images)
O que inúmeros observadores internacionais têm há anos retratado como "puro genocídio" de cristãos na Nigéria atingiu novos patamares.
A partir do momento em que começou o agravamento impiedoso da insurgência islâmica em julho de 2009, primeiro nas mãos do Boko Haram, uma organização terrorista islâmica e na sequência pelos fulani, lavradores muçulmanos também radicalizados e motivados pela ideologia jihadista, mais de 60 mil cristãos foram assassinados ou sequestrados em seus ataques. Os cristãos sequestrados nunca mais voltaram aos seus lares e seus entes queridos acreditam que estejam mortos. Além disso, naquele mesmo período, cerca de 20 mil igrejas e escolas cristãs foram incendiadas e destruídas.
Algumas dessas descobertas estão documentadas em um relatório de 4 de agosto de 2021 realizado pela Sociedade Internacional das Liberdades Civis e do Estado de Direito, também conhecido como "Intersociety", uma organização de direitos humanos sem fins lucrativos com sede na Nigéria. Embora valha a pena ler o relatório na íntegra, seguem alguns trechos dignos de nota:
"O número total de mortes 'diretas' de cristãos... ocorridas entre julho de 2009 e julho de 2021... avaliado de forma independente, chega a nada menos que 43 mil pessoas... As mortes são resultado da disseminação do islamismo radical na Nigéria..."
"Os jihadistas islâmicos e seu 'esprit de jihad' nas forças de segurança nigerianas foram responsáveis por pelo menos outras 18.500 mortes de cristãos decorrentes da prática de sumiços ou de sequestros que muito provavelmente jamais serão devolvidos com vida... Muito embora a maioria dos muçulmanos sequestrados por jihadistas na Nigéria sejam depois incondicionalmente libertados para as suas famílias, a maioria dos seus homólogos cristãos são mortos no cativeiro ou convertidos à força ao Islã..."
"Entre as atrocidades cometidas pelos jihadistas dirigidas acima de tudo contra os cristãos... se encontram: massacres, assassinatos, mutilações, cortes de gargantas e de úteros, decapitações, tortura, amputações, sequestros, tomada de reféns, estupro, violação de menininhas, casamentos forçados, sumiços, extorsões, conversões forçadas e destruição ou incêndio de casas e locais de culto e centros de aprendizagem, bem como invasão e tomada de terras cultivadas, destruição e colheita forçada de safras agrícolas e outros atos proibidos internacionalmente..."
"Nos últimos doze anos... pelo menos 17.500 igrejas e 2.000 escolas cristãs e outros centros de aprendizagem foram atacados pelos jihadistas e destruídos parcial ou totalmente ou incendiados ou devastados. Nos últimos sete meses de 2021, por exemplo, o número de igrejas ameaçadas ou atacadas e destruídas ou incendiadas saltou para mais de 300..."
"Nos mesmos últimos doze anos, também foi descoberto, de forma independente, que nada menos de 30 milhões de cristãos, principalmente no norte da Nigéria de maioria muçulmana e suas religiões étnicas foram ameaçados e dez milhões deles foram desalojados, seis milhões forçados a fugir de suas casas ou localizações geopolíticas para evitar serem mortos a machadadas e mais de quatro milhões de desabrigados viraram IDPs (deslocados internos)..."
Embora o último mês a ser incluído no período de relatório da Intersociety tenha sido julho de 2021, os massacres e atrocidades continuam de forma implacável desde então. A seguir alguns exemplos de agosto de 2021:
Em uma região do Plateau, terroristas fulani "assassinaram 70 cristãos, desabrigaram outros 30 mil e queimaram 500 lares além de mil fazendas" isto só nas três primeiras semanas do mês de agosto, segundo um relatório divulgado em 25 de agosto. Davidson Malison, um líder cristão de uma das áreas afetadas, lamentou:
"lágrimas compulsivas continuaram enchendo nossos olhos como nação e como povo. O terror desencadeado pelos lavradores fulani contra os cristãos de Irigwe continuou a todo vapor sem nenhum indício de remorso e nem de arrependimento."
Pastor Ronku Aka, outro líder da comunidade cristã de Irigwe, observou:
"enquanto os lavradores fulani atacavam minhas comunidades, os soldados e outros agentes de segurança se encontravam por perto. Conforme os invasores fulani desfechavam os ataques, tínhamos a esperança de que eles enfrentassem os invasores e dessem um basta à destruição, mas nada disso aconteceu."
Quando Aka interpelou os soldados com respeito ao seu descaso, eles responderam que "não receberam ordens para resistir aos atacantes".
Elishi Datiri, outro líder cristão da região, cujo rebanho foi massacrado nesta rodada da jihad, explicou a situação com mais detalhes:
"lamentavelmente, a carnificina, o genocídio e a destruição desenfreada de propriedades estão sendo cometidos nas barbas do pessoal de segurança com quem o governo gasta bilhões dos contribuintes em operações para proteger as vidas e propriedades de todos os nigerianos. Em muitos casos, os militares colaboram com os fulanis para que cometam ataques covardes. A participação direta dos militares na destruição de terras cultivadas e propriedades de cristãos motivou inúmeras petições, entrevistas coletivas à imprensa, comunicados e, em alguns casos, manifestações por parte das comunidades cristãs exigindo a retirada dos militares... Há incessantes ataques sangrentos contra os cristãos capitaneados pelos fulanis com a ajuda das agências de segurança sobrecarregadas com a responsabilidade de proteger vidas e propriedades... Quero frisar a profunda preocupação inaceitável à pilhagem de nossas terras sob a direta supervisão das autoridades constituídas encarregadas de defender todos os direitos das pessoas, consolidados na Constituição da Nigéria."
Segundo outro relatório de 30 de agosto, os lavradores islâmicos assassinaram outros 36 cristãos, muitas vezes sob gritos islâmicos de "Allahu Akbar", durante vários ataques que corriam soltos no estado nigeriano de Kadu no mês de agosto.
No funeral de 17 desses cristãos, o reverendo Jacob Kwashi, bispo anglicano que presidiu outros tantos funerais de cristãos assassinados nas últimas semanas e meses, soltou o verbo:
"nunca vimos um governo tão monstruoso quanto este neste país. O governo apoia incondicionalmente o banho de sangue na Nigéria. Estamos sendo assassinados só porque não somos muçulmanos. Esses mefistofélicos jihadistas fulani contam com o apoio do governo para saírem por aí matando pessoas a esmo, destruírem seus lares e fazendas e quando tentamos nos defender, o governo prende o nosso povo. Que tipo de justiça é essa?"
Na noite de 24 de agosto em Jos North, no Plateau, "lavradores jihadistas fulani" invadiram outra aldeia cristã onde, de acordo com outro relatório, "foram de casa em casa assassinando os moradores". No final, mais 37 assassinatos de cristãos.
Na madrugada de 3 de agosto, terroristas fulani invadiram outras quatro aldeias de maioria cristã, onde assassinaram entre 22 e 27 pessoas, incendiaram centenas de casas e destruíram sistematicamente colheitas e grãos das aldeias agrícolas. Comentando o ataque, Jonathan Asake, ex-membro da Câmara dos Representantes da Nigéria, salientou:
"há um genocídio em andamento no sul de Kaduna dirigido à população cristã autóctone cujo objetivo é nos forçar ou intimidar a abandonar nossa fé ou deixar as terras de nossos ancestrais de mão beijada para os pastores armados. Algumas das aldeias atacadas... foram atacadas pelo menos três vezes nos últimos seis anos contendo valas comuns onde dezenas foram enterradas em pé servindo de testemunho do que estamos dizendo.Todas as igrejas ou escolas foram arrasadas. Nem um único pastor fulani foi preso em todos esses anos. é uma pena que, embora o governo do estado de Kaduna e o governo federal estejam fazendo vista grossa, o mundo como um todo, em especial a mídia ocidental, não acredita que nossas vidas valham alguma notícia."
Em 5 de agosto, autoridades governamentais demoliram uma igreja em Maiduguri, capital do estado de Borno, no norte da Nigéria, de maioria muçulmana. O filho do pastor, Ezekiel Bitrus Tumba, 29, foi baleado e morto por tentar intervir e impedir a demolição de sua igreja. No domingo, 8 de agosto, os cristãos se reuniram em torno das ruínas de sua igreja e realizaram um culto. Um cristão escreveu no Facebook: "eles demoliram a construção, pensando que era a Igreja. Mas não é possível conter e destruir a Igreja."
Provavelmente, em resposta, mais quatro igrejas locais foram demolidos, tudo sob o pretexto de que não tinham alvarás adequados, que são praticamente impossíveis de obter no estado de Borno, de maioria muçulmana. Conforme um líder cristão local observou:
"se você quiser construir uma igreja, eles não lhe darão o alvará, porque o governo irá demitir qualquer um que proponha/assine um documento para a construção de uma igreja".
Segundo outro relatório de 10 de agosto:
"pastores muçulmanos sunitas fulani invadiram o orfanato cristão em Miango, na Nigéria, e incendiaram todas as construções. As 147 crianças e funcionários foram evacuados poucas horas antes do ataque de 2 de agosto de 2021. As crianças ficaram órfãs em ataques anteriores perpetrados por terroristas muçulmanos sunitas, como o Boko Haram."
"À medida que os pastores fulani foram avançando nas regiões de Miago e Jos, eles destruíram 500 casas, 5 igrejas e assassinaram 68 cristãos. Muitos ficaram feridos. A lei nigeriana proíbe a posse de armas de fogo na Nigéria, mas curiosamente os fulani tinham armas exatamente iguais às do exército."
O governo do presidente Muhammadu Buhari obviamente nega qualquer irregularidade. Ele também insiste há muito tempo que nenhum desses assassinatos tem algo a ver com a religião, nem com a fé muçulmana dos perpetradores fulani, nem com a fé cristã das vítimas assassinadas. Invertendo as bolas, segundo o governo nigeriano, a violência e o derramamento de sangue se deve às disputas por terras, pobreza e desigualdade.
Embora a grande mídia ocidental e um contingente considerável de políticos ocidentais, estejam felizes da vida em repetir a mesma ladainha e apresentar o que é, de fato, um genocídio de cristãos alimentado por jihadistas como se fosse um problema econômico, poucos cristãos nigerianos caem nesta conversa fiada.
"Uma vez que o governo e seus defensores afirmam que os assassinatos não têm conotações religiosas, a Associação Cristã da Nigéria perguntou: por que então os terroristas e pastores têm como alvo as comunidades predominantemente cristãs e também os líderes cristãos?"
A Associação Cristã da Nigéria também perguntou:
"como é possível se tratar de um conflito secular ou econômico quando um grupo (muçulmanos) persistentemente ataca, mata, mutila, destrói e o outro (cristãos) é continuamente morto, mutilado e seus locais de culto destruídos?"
Nas palavras da Irmã Monica Chikwe, freira das Irmãs Hospitaleiras da Misericórdia:
"é complicado dizer aos cristãos nigerianos que não se trata de um conflito religioso, pois o que eles veem são quadrilheiros fulani vestidos da cabeça aos pés, entoando palavras de ordem 'Allahu Akbar!' e gritando 'Morte aos Cristãos'."
Raymond Ibrahim, autor do livro recentemente publicado Sword and Scimitar, é Ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute, Shillman Fellow do David Horowitz Freedom Center e Judith Rosen Friedman Fellow do Middle East Forum.
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