A crise aguda ocasionada pelo coronavírus chegou trazendo para todos inúmeros problemas que vão muito além da saúde. Parece-me que os analistas econômicos não chegaram a prever que encerraríamos 2020 bastante preocupados com rugidos ameaçadores do despertar do dragão da inflação que andou hibernado por um bom período.
Inicialmente, o risco parecia ser justamente o contrário. Com o fechamento da economia e a queda violenta da atividade econômica, o Brasil chegou a flertar em determinado momento com a deflação, que também é perigosa. A injeção de recursos diretamente aplicados na veia da população e outros programas emergenciais elaborados pelo governo ajudaram a economia a ser mais rápida na sua recuperação, embora esta não tenha sido em “V” como imaginava a equipe econômica.
O problema é que o remédio aplicado trouxe efeitos colaterais, com um aumento significativo na procura por bens no momento em que a indústria produzia muito pouco. O resultado desse descasamento entre oferta e demanda foi sentido no bolso, com o aumento dos preços em uma série de produtos.
A grande incerteza que prevalece no mercado financeiro quanto a esse choque de inflação é se ele é temporário ou não. Parece-me quase certo que o BC (Banco Central) comece a aumentar a Selic (taxa básica da economia) em 2021; só não se sabe a partir de quando vai começar e de quanto, aproximadamente, será a alta.
O Copom (Comitê de Política Monetária) introduziu uma “forward guidance”, ferramenta de política monetária utilizada pelo BC, que visa sinalizar a taxa de juros de determinado período e guiar a economia de forma que a expectativa seja atendida. Com isso, havia uma indicação de que não haveria aumento da Selic a partir do nível atual por algum tempo, embora no último encontro do Copom, tenha sido insinuada uma possibilidade de recuo do dispositivo. Para alguns analistas econômicos, a depender dos últimos resultados a serem divulgados sobre o comportamento inflacionário, o fim dele já poderá ser decretado na próxima reunião do Copom, em janeiro de 2021.
Os investidores do mercado financeiro estão atentos, acompanhando de perto o RTI (Relatório Trimestral de Inflação), pois querem sentir melhor quais serão as reais intenções da autoridade monetária. Enquanto isso, o ambiente no exterior segue de certa forma positiva, o que pode contribuir para que a Bolsa de Valores brasileira prossiga no rali de alta, mesmo diante de algumas volatilidades momentâneas, buscando suas máximas históricas.
29 de dezembro de 2020
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
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