"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

BRASIL, UM SISTEMA DE ERROS



Olavo de Carvalho·9 de Junho de 2020


Em artigo para o BSM, o professor Olavo de Carvalho aponta os motivos da longa omissão dos militares diante da destruição do país


Convivi muito com os militares brasileiros nos anos 90 e no começo da década seguinte, fazendo conferências e trabalhando na produção do livro da Biblioteca do Exército, “O Exército na História do Brasil”, e sabia mais ou menos o que eles pensavam. Mas, perdido todo o contato com eles uma década e meia atrás, não me aventurei mais a examinar o “pensamento militar”. No entanto, agora, um professor da Universidade Federal de São Carlos, Piero de Camargo Leirner, numa entrevista interessantíssima, fornece alguns dados que permitem especular um pouco sobre o que os homens de farda enxergam, pensam e planejam. Segundo esse arguto observador, a alta oficialidade militar pensa usar o presidente Bolsonaro como estopim para que, uma vez eclodida a crise geral, as Forças Armadas possam entrar em ação e empreender uma reforma total do “sistema brasileiro”.

Basta um pouquinho só de memória histórica para lembrar que isso foi o exatamente o que fizeram em 1964. 
Chamados pelo povo a derrubar um presidente corrupto e promover novas eleições, acharam que seu dever não era resolver um problema pontual e voltar aos quartéis, mas “tomar o poder” e, dominando desde cima toda a situação, reformar o Brasil de alto a baixo segundo os valores e esperanças do seu grupo. 
Fizeram muita coisa, especialmente no campo da economia e das obras públicas, mas, decorridos vinte anos desse governo tecnocrático e centralizador, tiveram de entregar o poder aos comunistas e seus parceiros, que voltavam do exílio na condição de única força política que havia sobrevivido à total ocupação do espaço pelos militares e pelos técnicos a serviço deles.

Agora, segundo o professor Leirner, o plano é mais ou menos o mesmo. 
A longa omissão dos generais diante da destruição do país pelos comunistas encobria a discreta elaboração de um novo plano de reforma tecnocrática da nação. 
É óbvio que, quando essa tomada do poder pelos militares acontecer, o povo respirará aliviado, talvez, ao ver-se livre do domínio comunolarápio, mas é claro que com esse plano, os militares mostram ainda ser estritamente fiéis à concepção positivista que é a sua desde último quarto do século XIX. Também é claro que a centralização tecnocrática não pode, EM HIPÓTESE ALGUMA, criar ou fortalecer uma democracia e muito menos educar o povo para a prática democrática.

O Brasil parece ser mesmo – para usar a expressão de Drummond – “um sistema de erros”.


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