A turbulência que a economia mundial vem atravessando, provocada pelo novo
coronavírus, poderá levá-la uma recessão aguda, pelo menos no curto prazo.
Vários economistas estão comparando os efeitos causados pela pandemia à essência teórica do “Cisne Negro” de autoria do financista libanês Prof. Nassim Nicholas Taleb – “um fenómeno imprevisível, raro e de consequências incertas e, por vezes, severas”.
Na realidade, muitos empregos serão perdidos, a riqueza será seriamente abalada e a confiança amplamente reduzida. Acredito que no momento ainda é difícil projetar a sua real intensidade, mas já se admite que a recuperação poderá ser lenta e prolongada.
Infelizmente, tudo nos leva a crer que o estrago será bem maior do que a recessão de 2008/09, decorrente de uma crise financeira global e, possivelmente, desde a Segunda Guerra Mundial.
O choque provocado pelo coronavírus é classificado como exógeno (vindo de fora, da China), atingindo simultaneamente a demanda e a oferta e, posteriormente, os mercados financeiros, o que faz desse evento algo único na história recente, pois seu impacto é sequencial e devastador como um tsunami.
Acontece que o choque da última crise global (subprime-2008), protagonizada pelos EUA, por ter outra característica, foi justamente no sentido inverso, atingindo logo os mercados financeiros e daí propagando-se pela economia real.
Certos economistas utilizam algumas letras do alfabeto para associar, através do seu formato, a contração e o grau de uma crise, assim como para oferecer uma noção de como será a retomada da atividade econômica no âmbito global, que também pode ser aplicada aos países. Talvez se não houvesse as crises econômicas, elas conseguiriam até passar despercebidas, continuando a ser apenas letras de um alfabeto.
Quando a recuperação é representada pela letra ‘V’ significa uma rápida queda da atividade econômica com uma ascensão na mesma velocidade.
Alguns analistas econômicos se referem também a um ‘V’ mais aberto, dando a entender que a recuperação será mais lenta do que se espera. ‘U’: seria um cenário no qual, depois de uma queda da atividade, teríamos um período de prostração econômica para só depois ter uma recuperação mais robusta.
É difícil estimar qual seria o tempo antes da ascensão ou a retomada do ritmo. Isso iria depender de cada país e da situação pré-crise. ‘W’: neste caso, a economia alternaria fases de crescimento com contração até atingir taxas de crescimento similares às taxas antes da crise.
A primeira perna do ‘W’ representa recessão; a segunda, recuperação; a terceira, queda muito acentuada da atividade econômica para só então ocorrer um crescimento mais expressivo, representado pela quarta perna do ‘W’.
‘L’: Sem dúvida esse seria o pior cenário.
A recuperação é tão incerta que não é possível sequer prever quando ocorrerá. Podemos dizer que essas letras utilizadas como metáforas servem para sinalizar como se comportaria a atividade econômica e não se refere aos mercados financeiros.
Aliás, não se deve descartar que a recuperação da economia seja muito diferente de qualquer outra forma aqui apresentada.
Pessoalmente, a retomada econômica é uma das maiores incertezas, pois nunca passamos por desligar o planeta como fizemos dessa vez. Certamente, alguns países e setores poderão ser reativados mais rapidamente que outros.
Por outro lado, alguns setores não têm demanda reprimida e, consequentemente, o máximo que poderá acontecer é chegarem em determinado tempo para atingir a sua antiga capacidade de produção.
07 de abril de 2020
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Vários economistas estão comparando os efeitos causados pela pandemia à essência teórica do “Cisne Negro” de autoria do financista libanês Prof. Nassim Nicholas Taleb – “um fenómeno imprevisível, raro e de consequências incertas e, por vezes, severas”.
Na realidade, muitos empregos serão perdidos, a riqueza será seriamente abalada e a confiança amplamente reduzida. Acredito que no momento ainda é difícil projetar a sua real intensidade, mas já se admite que a recuperação poderá ser lenta e prolongada.
Infelizmente, tudo nos leva a crer que o estrago será bem maior do que a recessão de 2008/09, decorrente de uma crise financeira global e, possivelmente, desde a Segunda Guerra Mundial.
O choque provocado pelo coronavírus é classificado como exógeno (vindo de fora, da China), atingindo simultaneamente a demanda e a oferta e, posteriormente, os mercados financeiros, o que faz desse evento algo único na história recente, pois seu impacto é sequencial e devastador como um tsunami.
Acontece que o choque da última crise global (subprime-2008), protagonizada pelos EUA, por ter outra característica, foi justamente no sentido inverso, atingindo logo os mercados financeiros e daí propagando-se pela economia real.
Certos economistas utilizam algumas letras do alfabeto para associar, através do seu formato, a contração e o grau de uma crise, assim como para oferecer uma noção de como será a retomada da atividade econômica no âmbito global, que também pode ser aplicada aos países. Talvez se não houvesse as crises econômicas, elas conseguiriam até passar despercebidas, continuando a ser apenas letras de um alfabeto.
Quando a recuperação é representada pela letra ‘V’ significa uma rápida queda da atividade econômica com uma ascensão na mesma velocidade.
Alguns analistas econômicos se referem também a um ‘V’ mais aberto, dando a entender que a recuperação será mais lenta do que se espera. ‘U’: seria um cenário no qual, depois de uma queda da atividade, teríamos um período de prostração econômica para só depois ter uma recuperação mais robusta.
É difícil estimar qual seria o tempo antes da ascensão ou a retomada do ritmo. Isso iria depender de cada país e da situação pré-crise. ‘W’: neste caso, a economia alternaria fases de crescimento com contração até atingir taxas de crescimento similares às taxas antes da crise.
A primeira perna do ‘W’ representa recessão; a segunda, recuperação; a terceira, queda muito acentuada da atividade econômica para só então ocorrer um crescimento mais expressivo, representado pela quarta perna do ‘W’.
‘L’: Sem dúvida esse seria o pior cenário.
A recuperação é tão incerta que não é possível sequer prever quando ocorrerá. Podemos dizer que essas letras utilizadas como metáforas servem para sinalizar como se comportaria a atividade econômica e não se refere aos mercados financeiros.
Aliás, não se deve descartar que a recuperação da economia seja muito diferente de qualquer outra forma aqui apresentada.
Pessoalmente, a retomada econômica é uma das maiores incertezas, pois nunca passamos por desligar o planeta como fizemos dessa vez. Certamente, alguns países e setores poderão ser reativados mais rapidamente que outros.
Por outro lado, alguns setores não têm demanda reprimida e, consequentemente, o máximo que poderá acontecer é chegarem em determinado tempo para atingir a sua antiga capacidade de produção.
07 de abril de 2020
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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