Reportagens publicadas pelo Intercept mostram que ex-juiz combinou estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Lula em atos criminosos
São Paulo — A noite de domingo trouxe uma notícia com potencial explosivo para o futuro da Lava Jato e para o ambiente político. Pouco depois das 20h o Ministério Público Federal divulgou nota afirmando ter sido vítima de um ataque hacker. A notícia não faz referência direta, mas veio a público pouco depois de uma reportagem exclusiva colocar a Lava Jato contra a parede.
Segundo o site Intercept, do jornalista Glen Greenwald, quando era juiz federal, Sergio Moro combinou com Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal, estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atos criminosos.
Numa das conversas, de outubro de 2015, Dellagnol e Moro conversam sobre soltura de Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht próximo a Lula.
“Estamos com outra denúncia a ponto de sair”, escreve Dallagnol. “Seria possível apreciar hoje?”. Em outro trecho, o procurador elogia o juiz por manifestações populares pedindo o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em março de 2016.
O Intercept cita conversas mantidas por Moro e Dallagnol no aplicativo de mensagens Telegram. Novos detalhes ainda devem vir à tona, mas a reportagem tem repercutido entre os principais atores políticos do país e analistas.
Segundo Fernando Haddad, candidato do PT às eleições de 2018, é “o maior escândalo institucional da história da República”.
Fernando Haddad
✔@Haddad_Fernando
Podemos estar diante do maior escândalo institucional da história da República. Muitos seriam presos, processos teriam que ser anulados e uma grande farsa seria revelada ao mundo. Vamos acompanhar com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda a verdade!
Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME, afirma que as conversas desrespeitam a neutralidade do Judiciário e podem acabar levando à renúncia de Moro, atual ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.
Em nota, o Ministério Público afirma que “os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial”.
Às 20h49, Deltan Dallagnol foi ao Twitter. “A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do ‘hacker’ para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende a interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”, escreveu.
Deltan Dallagnol
✔@deltanmd
· 21h
“Os procuradores da Lava Jato não vão se dobrar à invasão imoral e ilegal, à extorsão ou à tentativa de expor e deturpar suas vidas pessoais e profissionais”. http://bit.ly/2WzFTio
Força-tarefa informa a ocorrência de ataque criminoso à Lava Jato
Procuradores mostram tranquilidade quanto à legitimidade da atuação, mas revelam preocupação com segurança pessoal e com falsificação e deturpação do significado de mensagensmpf.mp.br
Deltan Dallagnol
✔@deltanmd
“A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do “hacker” para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”.
A reportagem do Intercept, e seus desdobramentos, têm potencial de mexer com os mercados a partir desta segunda-feira. Segundo conteúdo divulgado pela XP, a Lava-Jato sofreu seu ataque mais importante até aqui. Porém, segundo a corretora, “há que se considerar para o debate jurídico que o material revelado é fruto de ação ilegal”.
10 de junho de 2019
Revista Exame
Moro (Rafael Marchante/Reuters) |
São Paulo — A noite de domingo trouxe uma notícia com potencial explosivo para o futuro da Lava Jato e para o ambiente político. Pouco depois das 20h o Ministério Público Federal divulgou nota afirmando ter sido vítima de um ataque hacker. A notícia não faz referência direta, mas veio a público pouco depois de uma reportagem exclusiva colocar a Lava Jato contra a parede.
Segundo o site Intercept, do jornalista Glen Greenwald, quando era juiz federal, Sergio Moro combinou com Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal, estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atos criminosos.
Numa das conversas, de outubro de 2015, Dellagnol e Moro conversam sobre soltura de Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht próximo a Lula.
“Estamos com outra denúncia a ponto de sair”, escreve Dallagnol. “Seria possível apreciar hoje?”. Em outro trecho, o procurador elogia o juiz por manifestações populares pedindo o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em março de 2016.
O Intercept cita conversas mantidas por Moro e Dallagnol no aplicativo de mensagens Telegram. Novos detalhes ainda devem vir à tona, mas a reportagem tem repercutido entre os principais atores políticos do país e analistas.
Segundo Fernando Haddad, candidato do PT às eleições de 2018, é “o maior escândalo institucional da história da República”.
Fernando Haddad
✔@Haddad_Fernando
Podemos estar diante do maior escândalo institucional da história da República. Muitos seriam presos, processos teriam que ser anulados e uma grande farsa seria revelada ao mundo. Vamos acompanhar com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda a verdade!
Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME, afirma que as conversas desrespeitam a neutralidade do Judiciário e podem acabar levando à renúncia de Moro, atual ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.
Em nota, o Ministério Público afirma que “os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial”.
Às 20h49, Deltan Dallagnol foi ao Twitter. “A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do ‘hacker’ para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende a interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”, escreveu.
Deltan Dallagnol
✔@deltanmd
· 21h
“Os procuradores da Lava Jato não vão se dobrar à invasão imoral e ilegal, à extorsão ou à tentativa de expor e deturpar suas vidas pessoais e profissionais”. http://bit.ly/2WzFTio
Força-tarefa informa a ocorrência de ataque criminoso à Lava Jato
Procuradores mostram tranquilidade quanto à legitimidade da atuação, mas revelam preocupação com segurança pessoal e com falsificação e deturpação do significado de mensagensmpf.mp.br
Deltan Dallagnol
✔@deltanmd
“A atuação sórdida daqueles que vierem a se aproveitar da ação do “hacker” para deturpar fatos, apresentar fatos retirados de contexto e falsificar integral ou parcialmente informações atende interesses inconfessáveis de criminosos atingidos pela Lava Jato”.
A reportagem do Intercept, e seus desdobramentos, têm potencial de mexer com os mercados a partir desta segunda-feira. Segundo conteúdo divulgado pela XP, a Lava-Jato sofreu seu ataque mais importante até aqui. Porém, segundo a corretora, “há que se considerar para o debate jurídico que o material revelado é fruto de ação ilegal”.
10 de junho de 2019
Revista Exame
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