"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de novembro de 2018

IMPORTAR ETANOL É UMA VERGONHA PARA O BRASIL, QUE JÁ FOI O MAIOR PRODUTOR


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Importação de etanol demonstra falta de planejamento
Temos em nosso país uma gigantesca área fértil, com pessoas de muito conhecimento e capazes de impulsionar nossa indústria álcool-açucareira, que poderia nos levar a um grande patamar na produção de etanol, capaz de frear a importação de etanol americano, até porque não é admissível que precisemos importar um produto em que temos plena condição de sermos autossuficientes.
Claro que em toda negociação entre países, existe aquela famosa troca, tipo “você compra isso meu e eu compro isso seu”. Sugiro que essa troca seja de fato por produtos necessários ao país, sem causar prejuízos ao produtor brasileiro, como está ocorrendo no setor sucro-alcooleiro.
EXCELENTE SAFRA – Como exemplo, neste ano de 2018 tivemos uma excelente safra de cana de açúcar no Estado do Rio de Janeiro, em particular em Campos dos Goytacazes e São Francisco de Itabapoana (grandes produtores de cana), fornecendo para as usinas da região, como a Usina de Paineiras (Itapemirim-ES), Usina da Coagro (Campos dos Goytacazes-RJ) e Usina de Cana Brava (São Francisco de Itabapoana-RJ), onde na safra (normalmente entre maio e outubro) aquece a economia dessas regiões, devido ao grande fluxo de colheita e transporte deste produto, para a produção de álcool, etanol e açúcar.
Torço para que o novo governo possa olhar com bons olhos para esses produtores, usinas e transportadores (caminhoneiros), pois são pessoas sérias e que buscam o desenvolvimento da nação, oferecendo produtos de excelente qualidade, enfrentando todas as dificuldades impostas por um governo que prefere favorecer a importação (com redução/isenção de impostos), do que motivar o produtor nacional, que necessita de incentivos fiscais e de facilidade de crédito para impulsionar a produção deste negócio que tanto gera riquezas e empregos, com efeito multiplicador.
NO VERMELHO – Em 2017, praticamente todas as usinas citadas acima trabalharam no vermelho até o final da safra, sem conseguirem honrar os compromissos de pagamento imediato a fornecedores, transporte e agricultores que entregam a cana de açúcar para que as usinas façam o processamento.
O governo precisa estudar incentivos fiscais para essa cadeia produtiva, pois o pequeno lucro dos caminhoneiros, diante dessa oscilação de preço do diesel, faz com que parem de escoar a safra, tamanho o seu prejuízo com combustível e manutenção dos veículos, porque todos sabem que peças para caminhão são de valor elevadíssimo. Apenas como exemplo, o pneu mais barato custa R$ 1.380,00 (à vista), e o frete de determinadas localidades para as usinas é de apenas R$ 18,00 a tonelada para o caminhão, que normalmente transporta 25 toneladas (se andar com menos que isso, é prejuízo certo).
PEQUENO LUCRO – E aí, tirando combustível (e pedindo a Deus para que nada quebre no caminhão), o transportador recebe em média R$ 250,00 pelo frete. Se o dono do caminhão for pagar motorista, seu lucro vai para aproximadamente R$ 120,00 (e tem que torcer para nada quebrar), pois só uma simples manutenção de caixa de marcha custa em média R$ 350,00 (geralmente é preciso fazer manutenção na caixa pelo menos umas duas vezes na safra, já levando R$ 700,00 do lucro do transportador).
Seria interessante que o novo governo conhecesse mais de perto essa realidade, pois se oferecer melhor infraestrutura (estradas adequadas ao escoamento da safra), incentivos fiscais aos usineiros e produtores, com certeza teríamos uma produção de excelente qualidade, com capacidade de motivar a toda cadeia produtiva e regiões que vivem desse negócio.
NA ENTRESSAFRA – É comum, quando se acaba a safra de uma determinada região, os caminhoneiros se deslocarem para outras regiões, com custo elevado de combustível.
Claro que seria superinteressante ter um aumento de produção em sua região, para que o produtor possa ter um ganho suficiente para cobrir seus custos e obter lucros dentro do esperado. E os caminhoneiros, tendo mais trabalho em sua região, não precisariam se deslocar para longas distâncias em busca do sustento de sua família.
Para se ter ideia disso, dando um exemplo dos caminhoneiros de São Francisco de Itabapoana-RJ, ao final da safra em outubro eles se deslocam para usinas no sul da Bahia (Usina da Dasa) ou para Pernambuco. Imaginem o gasto de combustível para esse deslocamento? E o esse custo é exclusivamente do caminhoneiro, ou seja, ao final da safra desses locais, se o caminhão não tiver tanta quebra, sobra para a empresa transportadora algo em torno de R$ 2.500,00 (nada mais além disso), pois se por acaso, no período de safra tiver muita chuva, os caminhões são impedidos de realizar o escoamento, até que a chuva pare e o solo seque, para retomada do transporte.
Rogo aos novos Ministros de “Infraestrutura” e “Agricultura”, para que olhem com carinho por essa classe que sofre tanto para oferecer produtos ao mercado nacional e evitar onerosas importações que não têm a menor justificativa continuar comprando etanol de milho, vindo dos Estados Unidos, onde recebem incentivos fiscais, tornando-se uma competição desleal com nossos produtores.

11 de novembro de 2018
Vanderson Tavares

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