"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

AO ESCOLHER BEBIANO, BOLSONARO COMEÇA A MONTAR O NÚCLEO DURO DO PLANALTO

Bebianno se apresentou a Bolsonaro como um fã
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, escolheu o advogado e ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Bebianno é um dos principais aliados de Bolsonaro e foi o responsável por negociar a filiação do eleito ao PSL. Ele é também o primeiro nome da legenda indicado para ocupar um ministério.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira, dia 21, em Brasília, após reunião de Bolsonaro com toda a equipe do governo de transição. Ficarão a cargo de Bebianno, a exemplo do modo como é hoje, a Secom (Secretaria de Comunicação), o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e a EPL (Empresa de Planejamento e Logística). “Ter participado de toda a campanha já foi um privilégio para mim e agora é uma honra receber mais essa responsabilidade, olhando e trabalhando para o Brasil”, disse o futuro chefe da Secretaria-Geral.
ANÚNCIO – Segundo ele, uma de suas principais atribuições será acompanhar o trabalho de todo o governo por meio da modernização do Estado. “Então o nosso interesse é que o contribuinte, pagador de impostos, e a população brasileira sejam bem atendidos em tudo aquilo que o governo tem a oferecer em termos de serviços e até produtos”, disse. A escolha de Bebianno foi anunciada pelo futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reunião no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde funciona o gabinete de transição.
“Foi um dos coordenadores da campanha presidencial. Um homem que está extremamente preparado e é de absoluta confiança do presidente da República para administrar essa importante pasta”, disse Onyx. Bebianno, cujo ministério abriga a Secom, disse que o futuro governo ainda não tem um nome definido para a secretaria.  “Não. Alguns nomes estão sendo estudados. O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, é uma pessoa que sempre esteve à frente dessa comunicação. Desenvolveu um trabalho brilhante”, disse, em referência a um dos filhos do eleito, responsável pela estratégia das redes sociais durante a campanha.
“E talvez, sem ele, a campanha não tivesse se desenvolvido tão bem. Aliás, é um trabalho que já se desenvolve há muitos anos, até bastante antes da pré-campanha. Então isso será discutido ainda com ele, com o presidente, e esse nome será encontrado”, disse.
Apesar dos elogios, ao longo da corrida presidencial, Bebianno foi criticado pelos filhos de Bolsonaro indiretamente pelas redes sociais.
NEGOCIAÇÃO –  O futuro ministro disse que não há uma definição sobre se Carlos permanecerá em Brasília auxiliando o pai. Ele é vereador no Rio de Janeiro, mas está licenciado desde agosto do cargo. Bebianno se aproximou de Bolsonaro em 2017 e, em janeiro deste ano, assumiu a presidência do PSL. Ele foi um dos responsáveis por negociar a filiação do eleito à legenda, que antes negociava migrar para o PEN, hoje rebatizado de Patriota.
O advogado atuou como uma espécie de “faz-tudo” durante a campanha: controlou a arrecadação e os gastos, a definição de estratégias jurídicas, a agenda e até o contato com a imprensa.
Ele se apresentou a Bolsonaro como um fã, dizendo que sua motivação em apoiá-lo era seu nacionalismo. O advogado chegou a prometer que deixaria o Brasil caso Bolsonaro não fosse eleito.
Antes de se aproximar do presidenciável, Bebianno trabalhou em um dos maiores escritórios de advocacia do país, o de Sergio Bermudes, com sede no Rio de Janeiro. Bebianno é fluminense e morou a vida toda no bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio, dedicando-se à advocacia e às lutas de jiu-jítsu.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bebianno levou praticamente dois anos para ganhar a confiança de Bolsonaro, a quem chama até hoje de “capitão”. Além dos filhos do presidente eleito, Bebianno foi um dos poucos a ser autorizado a permanecer na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, durante a recuperação de Bolsonaro. Na época, chegou a se mudar provisoriamente do Leblon para um hotel em São Paulo. A primeira tentativa de aproximação com Bolsonaro foi em 2015, quando Bebianno enviou um inbox pelo Facebook para Carlos Bolsonaro, o “02”, pedindo providências contra um decreto assinado, na época, por Dilma. Não teve retorno. Depois, em 2017, Bebianno se apresentou a Jair e se ofereceu como advogado voluntário para sua pré-campanha. A oferta não foi aceita de início. Bebianno, não desistiu. Cercou Bolsonaro em eventos e começou a “encantá-lo” enumerando problemas em sua defesa em casos no STF, sobretudo em relação ao caso envolvendo a deputada Maria do Rosário. Ganhou confiança e passou a participar das reuniões na casa da Barra da Tijuca. Daí pra frente, cresceu no conceito do ex-capitão, virou uma espécie de pau pra toda obra e fiel escudeiro. A “perseverança” rendeu frutos. Nomeado, provavelmente não dormirá pelos próximos dias tamanha a satisfação. (M.C.)

22 de novembro de 2018
Talita Fernandes e
Gabriela Sá Pessoa

Folha

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