Pesquisa do Datafolha publicada ontem pela Folha de São Paulo e O Globo revelou que a grande maioria da população brasileira, na qual se inclui o eleitorado que volta as urnas no próximo domingo, rejeita todas essas formas que atentam contra a liberdade e a dignidade humana. O levantamento assim iluminou o pensamento brasileiro de forma bastante clara, mas ao mesmo tempo acentuou que uma parcela considerável da opinião pública teme a hipótese de implantação de novo regime totalitário do país. A imensa maioria, vale frisar, é contra qualquer ditadura, porém, ao mesmo tempo, teme pela hipótese de se configurar a sombra do passado recente.
As ditaduras incluem automaticamente a censura à imprensa e a tortura nos porões das masmorras. No passado recente pode se dividir em duas partes de nossa história: a de Vargas de 37 a 45 e a que foi instalada em 1964 e só terminou 21 anos depois.
TUDO IGUAL – Nas duas ditaduras houve censura à imprensa, torturas, suspensão de habeas corpus e de mandados de segurança. Na ditadura de Vargas, para se ter uma ideia, basta lembrar que o lendário advogado Sobral Pinto invocou a Lei de Proteção aos Animais para fazer cessar as torturas praticadas contra o comunista alemão Harry Berger. Uma versão que predominou através de décadas foi a de que Sobral se baseou na Lei de Proteção aos Animais para defender Luis Carlos Prestes.
O advogado na fase final de sua vida, em almoço com jornalistas políticos, ao responder a uma colocação de Vilasboas Correa, esclareceu que usou essa figura legal para que cessasse as torturas contra o comunista alemão encarcerado pela polícia de Filinto Muller. Fica aí, portanto, uma informação que talvez seja útil para que o ponto verdadeiro da questão seja esclarecido.
Prestes, preso em 35, não foi vítima de torturas físicas. Anistiado por Vargas em 45, o líder comunista elegeu-se senador pelo então Distrito Federal, hoje cidade do Rio de Janeiro.
SOMBRAS DO PASSADO – São episódios dos quais a história do Brasil e a própria história universal flutuam como sombras de processos indignos à consciência humana e também a idéia de liberdade. Não precisamos citar o nazismo, que é o ponto máximo do que de hediondo pode produzir a mente de seres incompatíveis com a existência dos seres humanos. Podemos citar também o ditador Stalin que comandou a antiga União Soviética de 1924 a 1953.
Passemos ao futuro. O repúdio a ditadura está também sintetizado no temor que tal hipótese desperta. O povo brasileiro quer viver em liberdade, o bem maior que se pode desejar para o país.
21 de outubro de 2018
Pedro do Coutto
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