Foi exatamente isso a causa verdadeira do incêndio de grandes proporções que queimou um passado de mais de 200 anos, chocou o presente e vai abalar o futuro porque reduz o campo de pesquisa, na qual pesquisadores e estudantes encontrem as informações do passado, buscando a origem dos fenômenos humanos que marcam os tempos de outrora. A tragédia impede que estudantes e pesquisadores busquem informações que, como se sabe, são indispensáveis ao trabalho de procura constante de informações e complementações de ideias, das quais o passado oferece a solidez desejada.
Incrível o descaso absoluto para com o monumento da história dos tempos, por parte dos responsáveis pela conservação e manutenção do Museu Histórico e Nacional do Rio de Janeiro. Um monumento de cultura como o da Quinta da Boa Vista exigiria uma atenção toda especial. Sobretudo porque os objetos que o incêndio transformou em pó são impossíveis de ser reconstruídos.
DESCASO – O governo brasileiro é o responsável pelo não enfrentamento das chamas no prazo curtíssimo que os perigos da falta de manutenção colocam na esteira do tempo.
O governo brasileiro não adotou o exemplo dos grandes museus do mundo para com as peças que guardam as obras de arte que preservam para a eternidade. As gerações se sucedem, mas os acervos profundamente históricos acompanham a evolução da humanidade. Se a história, como definiu Toybee, é também o presente, é porque está alicerçada no passado, seja ele remoto ou de algumas décadas.
Os principais jornais do mundo destacaram a calamidade que não foi prevista como deveria ter sido. A tragédia brasileira foi publicada com grande destaque na imprensa universal.
PREVENÇÃO – Museus como o Louvre, Metropolitan, Prado de Madri mantêm equipes ao longo das 24 horas de todos os dias exatamente para poder evitar qualquer risco capaz de destruir seus tesouros. O Museu Nacional guardava muitos desses tesouros, inclusive tanto peças científicas quanto manifestações de arte que enfrentaram o tempo tornando-se demonstrações extraordinárias da cultura humana.
As verbas para manutenção do museu eram ínfimas, quantias que não davam para administrar um edifício quanto mais para preservar a integridade do Palácio que tinha sido residência da família real. Um patrimônio como o da Quinta da Boa Vista exigiria uma vigilância constante que não foi realizada por omissão dos que por ela deveriam zelar.
CULTURA? – O incêndio reflete absoluta distância do governo para com a cultura. Cultura? O Palácio do Planalto não está nem aí, como se costuma dizer.
Para ele, governo, a cultura é algo sofisticado e distante de preocupações. Estabelecendo distância das preocupações o poder público do Brasil deixou indiretamente desmoronar uma riqueza de nível internacional.
No adeus ao Museu da Quinta, fica a revolta com as ações governamentais.
04 de setembro de 2018
Pedro do Coutto
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